Física do Solo em SPD Consolidado

Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021

Autores

Luis Carlos Hernani - Embrapa Solos

Carlos Hissao Kurihara - Embrapa Agropecuária Oeste

Josiléia Accordi Zanatta - Consultora autônoma

 

No solo em Sistema Plantio Direto (SPD) consolidado haverá melhoria da estabilidade de agregados, aumento no tamanho de agregados, maior resistência à compactação, menor amplitude térmica e adequado espaço poroso, permitindo maior infiltração de água no solo e a difusão de oxigênio às raízes das plantas.

Ocorrências de compactação têm sido relatadas em situações de áreas conduzidas em plantio direto após alguns anos. Salienta-se, porém, que aqui se trata de situações de manejo incorreto gerando este e outros problemas ambientais. Haja vista que solo manejado seguindo os princípios preconizados para o SPD não deve apresentar restrições ao desenvolvimento radicular por compactação, embora essa possa vir a ser observada, inclusive visualmente, a produção não é prejudicada. Em algumas situações inadequadas de condução do sistema, pode ocorrer que à compactação subsuperficial herdada do preparo do solo convencional e inadequadamente corrigida, se some a compactação superficial do solo ocasionada pelo tráfego excessivo de máquinas agrícolas, manejadas muitas vezes em condições de umidade do solo fora do ideal e pelo uso de grade niveladora indiscriminadamente. Verifica-se que tais atitudes não devem ser esperadas em condições de SPD pois este sistema de manejo não preconiza nenhuma dessas ações.

O manejo adequado de condições físicas do solo em SPD consolidado visando minimizar adensamentos e perda de qualidade física do solo, deve ser baseado em:

    1. Rotação de culturas - mudando-se local e tipo de cultura e associando-se diferentes formas e nível de agressividade de sistemas radiculares das culturas. Há que se considerar que em SPD consolidado o solo apresenta grande variabilidade e heterogeneidade, com isso, os sistemas radiculares podem desenvolver-se adequadamente embora em condições de densidade e compactação mais elevadas do que as consideradas impeditivas no sistema convencional de manejo. A morte de raízes que conseguiram explorar locais de maior densidade, pode abrir galerias que seriam exploradas por raízes de outras culturas as quais, também, serviriam como canais para a infiltração de água e movimentação vertical de nutrientes. Além disso, a rotação de culturas aumenta a estabilidade dos agregados do solo, o que é imprescindível para a resistência do solo à compactação. Por outro lado, a cobertura do solo (plantas vivas e/ou mortas) é importante para evitar a dispersão e compactação do solo, uma vez que a energia da chuva que chega à superfície do terreno é dissipada pela camada de resíduos vegetais, que formam um amortecedor natural (ver item sobre este tema).
    2. Umidade do solo – além da adequada cobertura morta sobre o solo, o movimento de máquinas sobre o terreno deve ser o mínimo possível e, quando necessário (semeadura, aplicação de defensivos e colheita), deve ser realizado com a umidade do solo pouco abaixo da capacidade de campo, impedindo, assim, a geração de adensamentos superficiais no solo.
    3. Monitoramento do trânsito de máquinas – o trânsito de máquinas, especialmente de pulverizadores deve ser monitorado. Para isso, o caminhamento das máquinas, ao longo do terreno em cada gleba, deve ser planejado e marcado. Assim, ao se realizar as ações de pulverização, as máquinas passarão e gerarão adensamentos, invariavelmente, no mesmo lugar. A marcação e, ao mesmo tempo, a escarificação (rompimento dos primeiros 20 cm do solo usando-se implementos de hastes equidistantes em 20 cm entre si) da faixa de movimentação ou do rasto dos pneus das máquinas é feita por meio da passagem de escarificador, uma vez ao ano, no final das chuvas ou pouco antes do período chuvoso do ano. Com isso, além do controle no uso de insumos fitossanitários, possíveis situações de adensamentos superficiais do solo poderão ser evitadas e ou minimizadas.