Sistema Plantio Direto
Macrorganismos
Autores
Fábio Martins Mercante - Consultor autônomo
Rogério Ferreira da Silva - Consultor autônomo
A macrofauna do solo (Figura 1) é o conjunto dos animais que vivem no solo e que são visíveis a olho nu (têm mais do 0,05 mm de tamanho). São também chamados de detritívoros porque para se alimentarem quebram o material orgânico (folhas, caulículos, raízes) em partículas menores. Estas partículas são então usadas por organismos de menor tamanho.
Foto: Rogério Ferreira da Silva |
Figura 1. Exemplos da macrofauna do solo. |
A macrofauna do solo é composta por um grande número de animais com variados hábitos alimentares e ciclos de vida, os quais são rapidamente influenciados pelas alterações ambientais. Entre esses macrorganismos citam-se: minhocas, formigas, cupins, insetos, moluscos (Figura 2).
Fotos: Rogério Ferreira da Silva | ||||
Coleópteros | Minhoca | Formiga | Cupins | Larvas |
Figura 2. Exemplos de macrorganismos. |
Por meio de escavação, ingestão e transporte de material mineral e orgânico no solo esses organismos criam galerias, ninhos, câmaras e produzem coprólitos (resíduos fecais). Essas estruturas têm grande influência na agregação, na aeração, no movimento da água, nas mudanças no tempo na matéria orgânica e na composição, abundância e diversidade de outros organismos do solo (Figura 3).
Figura 3. Canais, galerias e câmaras produzidas por macrorganismos no solo em SPD. |
As galerias e câmaras tem sido encontradas a até 60 cm de profundidade no solo. O teor de nutrientes e matéria orgânica no fundo dessas estruturas são muitas vezes superiores aos encontrados nas áreas adjacentes do solo onde essas estruturas se encontram. Ou seja, esses organismos ajudam a melhorar e incorporar fertilidade a camadas mais profundas. Pode-se perguntar: porque usar grades e arados para a incorporar insumos, se podemos fazer este trabalho com a ajuda da natureza?
As ações da macrofauna no solo podem ser devido a:
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- decomposição, mineralização e humificação de resíduos orgânicos;
- imobilização e mobilização de macro e micronutrientes;
- fixação de nitrogênio;
- agregação e conservação do solo;
- impactos na regulação de pragas e doenças (auto-regulação).
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Tais efeitos são fundamentais para a sustentabilidade ambiental dos sistemas de produção agrícola.
Por serem muito sensíveis à alterações no manejo e na cobertura vegetal do solo, as espécies e o número de organismos da macrofauna invertebrada do solo podem ser usados como indicadores eficientes da qualidade do solo.
Em sistemas cultivados, comparados à mata original, a diversidade de espécies de organismos fica reduzida interferindo diretamente no funcionamento do solo.
Em Sistema Plantio Direto (SPD), por outro lado, aumenta o número e a riqueza de organismos se comparado a sistemas de produção tradicionais ou convencionais, indicando que diferentes sucessões e rotações de culturas favorecem a diversidade da macrofauna do solo elevando a qualidade do solo.
Estudos conduzidos na Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados-MS, mostraram que o SPD (rotação: nabo/milho-aveia/soja-trigo/soja), a integração lavoura-pecuária (rotação em plantio direto: pastagem/soja-aveia/soja-pastagem) e a pastagem contínua foram semelhantes entre si e, esses sistemas foram muito superiores ao sistema convencional (preparo de solo com grades de discos para cultivo da sequência soja-aveia), em termos de densidade total de macrofauna invertebrada de solo. Houve dominância de formigas em parcelas manejadas em SPD enquanto os cupins predominaram na integração lavoura-pecuária e na pastagem contínua.
Em Ponta Grossa, PR, observou-se que o número de minhocas em áreas com 15 anos em SPD foi 150 vezes maior do que em áreas com monoculturas sob preparo convencional do solo.
Tanto minhocas como cupins são altamente benéficos para o solo, pois apresentam relevante papel na decomposição e incorporação de material orgânico, criando galerias e formando húmus e coprólitos. Além disso, os corós, às vezes, considerados perniciosos, são detritívoros. Se houver grande disponibilidade de resíduos vegetais eles não atacarão as sementes ou as plântulas, mas se alimentarão dos resíduos, produzindo galerias e câmaras onde os depositam. Com isso, esses animais trazem muito mais benefícios do que malefícios.
Os macrorganismos são responsáveis por significativa movimentação do solo em ambientes naturais, sendo por isso denominados de arados biológicos.