Nematóides

Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021

Autor

Guilherme Lafourcade Asmus - Embrapa Agropecuária Oeste

 

Nematóides são pequenos vermes que habitam diversos ambientes aquáticos, dentre os quais a água do solo. Alguns desses vermes têm a cavidade bucal transformada em estilete, que os capacitam a parasitar raízes de plantas, sendo, desta forma, denominados de fitonematóides (Figura 1). Dependendo do número de nematóides que estiver exercendo esse parasitismo, podem ocorrer reduções expressivas na quantidade e qualidade da produção.

Figura 1. Fitonematóides.
Fonte: Adaptado de Alexandre Moura Cintra Goulart (2008)

 

Os fitonematóides são parasitos obrigatórios, ou seja, necessitam da presença de plantas hospedeiras para reproduzirem-se e multiplicarem-se até atingirem níveis populacionais de danos às plantas. Por isso, uma das principais estratégias para controlar esses organismos é a redução da sua população no solo por meio de rotação de culturas com espécies não hospedeiras.

Uma das premissas fundamentais do Sistema Plantio Direto (SPD) consiste, justamente, na rotação de culturas. O uso de culturas resistentes a determinadas espécies de nematóides confere vantagem adicional à rotação de culturas em SPD, interrompendo o ciclo de vida e, em consequência, reduzindo a população desses fitoparasitos no solo.

Os fitonematóides têm baixa capacidade de deslocamento. Por isso a sua dispersão para áreas não infestadas ocorre, principalmente pela movimentação de solo, seja através de rodados de máquinas e implementos, principalmente os de disco, seja através de erosão hídrica ou eólica (Figuras 2 e 3).

Fotos: Guilherme Lafourcade Asmus

Figura 2. Preparo do solo aumenta a contaminação com nematóides.

Figura 3. A poeira, erosão eólica em ação, espalha e dispersa nematóides.

 

O trânsito organizado e controlado de máquinas e implementos bem como a cobertura permanente do solo – premissas do SPD – exercem eficiente combate à dispersão de fitonematóides.

Quando em condições de baixa umidade do solo, algumas espécies de fitonematóides diminuem substancialmente sua atividade metabólica ("anidrobiose"), sobrevivendo por longos períodos na ausência de plantas hospedeiras. No SPD, o uso de cobertura vegetal com plantas não hospedeiras faz com que o solo permaneça úmido por mais tempo e, nessas condições, formas parasitárias de fitonematóides permanecem ativas, mas por não encontrarem raízes de plantas suscetíveis para parasitar, acabam consumindo suas próprias reservas e morrem.

Dessa forma, se adequadamente conduzido ou seja com esquemas adequados de rotação de culturas, o SPD pode contribuir efetivamente para o bom manejo de fitonematóides.