Sistema Plantio Direto
Controle da erosão
Autor
Luis Carlos Hernani - Embrapa Solos
Qualquer ação que diminua a capacidade da terra em proporcionar benefícios aos seres humanos leva à degradação da terra.
A degradação pode-se dar por:
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erosão hídrica (provocada pela chuva) e erosão eólica (provocada pelo vento) - geram perdas de horizontes superficiais; deformação do terreno; movimentos de massa; deposição de massa (Figuras 1 e 2);
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perdas químicas - proporcionam perdas de nutrientes e/ou matéria orgânica; desbalanço de nutrientes; salinização; acidificação; poluição;
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perdas físicas – caracterizadas por compactação; selamento, encrostamento; inundação; aeração deficiente, excesso, falta ou perda de qualidade da água;
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perdas biológicas resultantes de redução da biomassa ou de redução da biodiversidade.
Foto: Guilherme Lafourcade Asmus | |
Figura 1. Erosão hídrica – tudo começa quando a gota de água atinge o solo. | Figura 2. Erosão eólica – partículas pulverizadas pelos implementos são carreadas pelo vento. |
A principal causa da degradação do solo em ambientes tropicais e subtropicais é a erosão hídrica. A erosão é um processo natural que ao longo de milhares de anos molda as paisagens. Mas, a intensidade e a taxa dessa erosão são muito ampliadas pelo ser humano, especialmente, por meio do uso e manejo incorretos da terra (como o uso intensivo de grades de discos no preparo do solo, por exemplo) que expõem o solo ao sol, ao vento e à chuva levando à sua degradação (Figura 3). Por outro lado, o não revolvimento e a cobertura do solo com vegetação viva ou morta promovem a proteção do solo contra a erosão (Figura 4).
Foto: Luís Alberto Staut | Foto: Luís Carlos Hernani |
Figura 3. Com o preparo, o solo fica exposto à ação do vento, da chuva e do sol. | Figura 4. Solo não revolvido e coberto com vegetação viva ou morta está protegido contra a erosão. |
Os valores mostrados a seguir referem-se à avaliação, por um período de dez anos, de perdas de solo sob chuva natural, com diferentes sistemas de manejo de um Latossolo Vermelho cultivado com a sucessão soja-trigo (por isso chama-se Plantio Direto – PD e não Sistema Plantio Direto – SPD). As perdas de solo no plantio direto ou semeadura direta são cerca de 9 vezes menor do que no sistema com preparo de solo com grades pesada + niveladora - GP (Figura 5).
Figura 5. Perdas médias anuais (t/ha/ano) de solo nos sistemas GP: gradagem pesada+niveladora e PD: semeadura direta, cultivados com a sucessão soja-trigo em Latossolo Vermelho. |
No escoamento superficial (enxurrada) além das perdas em formas solúveis, as partículas carreadas levam retidas às suas superfícies nutrientes, como cálcio, magnésio, fósforo e potássio. Perdas médias anuais totais (em solução + suspensão) de cálcio são cerca de 5 vezes maior no sistemas de preparo com grades (GP) do que no plantio direto (Figura 6).
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Figura 6. Perdas médias anuais de cálcio em solução, em suspensão e total na enxurrada avaliadas em Latossolo Vermelho cultivado com a sucessão soja-trigo com preparo de solo GP: gradagem pesada+niveladora e PD: semeadura direta. |
As perdas médias anuais em suspensão na enxurrada de magnésio são quatro vezes maior, as de fósforo são três vezes maior e as do potássio são quatro vezes maior no sistemas de preparo com grades (GP) do que no plantio direto (Figura 7).
Figura 7. Perdas médias anuais em suspensão de magnésio, fósforo e potássio na enxurrada em Latossolo Vermelho cultivado com a sucessão soja-trigo com preparo de solo GP (gradagem pesada+niveladora) e PD (semeadura direta). |
A matéria orgânica é carreada na enxurrada, em suspensão e em solução. Na Figura 8 pode ser observado que as perdas médias de matéria orgânica em suspensão foram cerca de 160 kg/ha/ano no sistema de preparo do solo com gradagens (GP) e cerca de 22 kg/ha/ano no plantio (PD).
Figura 8. Perdas médias de matéria orgânica em suspensão na enxurrada avaliada em Latossolo Vermelho cultivado com a sucessão soja-trigo com preparo de solo GP (gradagem pesada+niveladora) e PD (semeadura direta). |
Verifica-se que pelo simples fato de não haver preparo do solo e de se manter o terreno sempre coberto com um mínimo de 4 t/ha de resíduos vegetais e, o que é mais importante, com índice de cobertura da superfície do solo de 80%, obtém-se elevado controle de perdas por erosão hídrica e melhorias na qualidade química do solo com reflexos na produtividade das culturas.