Agregação do Solo

Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021

Autor

Luis Carlos Hernani - Embrapa Solos

 

A agregação resulta das forças de aproximação e cimentação de partículas orgânicas e minerais no solo. A união de agregados menores formam os macroagregados (> 0,25 mm) do solo. Nos solos tropicais a cimentação é resultante principalmente da matéria orgânica e da ação e do metabolismo de organismos vivos sobre essa matéria orgânica gerando substâncias agregantes. Também tem papel relevante a secreção de compostos orgânicos pelas raízes e a presença de elementos químicos minerais como cálcio, magnésio, entre outros.

A agregação indica a condição do solo ou sua habilidade em relação a:

  • a aeração (entrada e saída do ar);
  • a infiltração da água;
  • a retenção de água e de nutrientes;
  • o desenvolvimento de raízes.

Alguns autores sustentam inclusive que a agregação não é uma reação apenas física, química ou biológica mas, sim, o reflexo de todas essas forças que interagem entre si e sobre o solo. Neste sentido, a agregação pode ser considerada um indicador fiel do estado global da saúde e da qualidade do solo. A estabilidade de agregados é um indicador da resistência do solo à erosão e à pressão mecânica do tráfego de máquinas e de implementos.

Em Sistema Plantio Direto (SPD)), ao longo do tempo, aumentam a estabilidade de agregados em água e a agregação das camadas superficiais do solo. Após 10 anos sem revolvimento de solo para cultivo de soja-aveia, implantou-se a sequência de culturas: nabo forrageiro - milho/aveia preta – soja/trigo – soja, e, depois do cultivo da última safra de soja, comparou-se os agregados estáveis da camada 0-10 cm do Latossolo Vermelho sob o SPD com amostras das glebas que foram sempre cultivadas com soja-trigo e preparadas com gradagens pesadas e niveladoras (Figura 1).

Figura 1. Estabilidade em água de agregados da camada 0 – 10 cm de Latossolo Vermelho em SPD (com a rotação nabo forrageiro/milho - aveia preta/soja - trigo/soja) e com gradagens (GP) para preparo de solo nas culturas soja-trigo. 
Fonte: Hernani e Guimarães (1997)

 

Verifica-se que a percentagem de grandes agregados (>7,93 mm) foi maior no SPD do que no sistema com preparo de solo com grades de discos e ausência de rotação de culturas (GP) e que o contrário ocorreu com a percentagem dos agregados menores (<1,00 mm). Dessa forma, deduz-se que o SPD propicia condições mais equilibradas ao sistema solo-planta, as quais proporcionam ao solo, maior tolerância à erosão pela água e pelo vento e, maior resistência aos efeitos da pressão de pneus, máquinas e implementos.

Os sistemas anteriormente descritos foram comparados quanto a sua agregação usando o índice diâmetro médio ponderado (DMP) e os resultados podem ser visualizados na Figura  2.

Figura 2. Diâmetro Médio Ponderado de amostras da camada 0-10 cm do Latossolo Vermelho, sob dois sistemas de manejo, após dez anos de cultivo. 
Fonte: Hernani e Guimarães (1997).

 

Verifica-se que o índice DMP foi cerca de 2,5 vezes maior em SPD quando comparado com o preparo de solo com gradagens e cultivo de soja/trigo continuamente. Assim, os agregados do solo em SPD tornam-se mais resistentes à desagregação pela ação da água da chuva e, portanto, mais tolerantes à erosão.