Em Sistema Plantio Direto (SPD) pode ocorrer compactação nos primeiros centímetros do solo, mas, neste caso, a compactação tem significado e importância muito diferentes da encontrada em solo sob preparo convencional. Em primeiro lugar, esse adensamento, se ocorrer, deverá limitar-se aos primeiros centímetros do solo e não em camadas mais profundas (o que seria resultante de anterior preparo intensivo do solo). Em segundo lugar, o adensamento superficial somente levará algum prejuízo ao sistema de produção se este for conduzido com esquemas inadequados de rotação de culturas (ex.: soja-milho safrinha, ano após ano), à ausência de consorciação de culturas, à pequena quantidade de cobertura morta sobre a superfície do solo e à operações com máquinas (ex.: colheita) em condições de solo úmido.

Em condições normais, a cimentação dos agregados do solo em SPD tem participação direta da matéria orgânica que atua tanto agregando como "afofando" o solo. Em condições de pouca umidade, o solo pode apresentar densidade variando de 1,3 - 1,5 g dm^-3 (ou até mais), mas após as primeiras chuvas, a matéria orgânica umedecida se expande (absorvendo quantidade de água muitas vezes maior do que seu próprio peso) e, a densidade cai para valores próximos de 1,0 g dm^-3 e, portanto, a densidade inicialmente mais elevada, no fim, não chega a influenciar negativamente o desenvolvimento de plantas.

Em Latossolos argilosos esse problema pode ocorrer (Fig. 1). Nessa avaliação aos 21 anos após a implementação do SPD, a densidade nos primeiros 5,0 cm do solo foi mais elevada do que a observada aos 10 anos após o início do sistema e na mata original. Nas camadas inferiores, embora tenha havido incremento da densidade do solo em relação à mata, esse parâmetro apresentou valores menores no solo em SPD direto depois de 21 anos do que aos 10 anos. Tais dados sugerem que nem o teor de argila e nem o tempo de uso do solo sob o SPD são problemas em relação à compactação; além disso, pequenos adensamentos existentes nos primeiros 5,0 cm podem ser facilmente sanados por meio dos elementos rompedores da semeadora.

Considerando que o SPD exige diversificação de culturas e que, há espécies (nabo forrageiro, tremoço, guandu e braquiária, cultivada em consórcio com o milho safrinha) com maior habilidade em romper camadas adensadas do que outras (soja, por exemplo), se houver adequados modelos de consorciação e rotação de culturas, as espécies comerciais serão beneficiadas.

Por outro lado, em SPD, devido aos pequenos canais produzidos pela fauna (muito desenvolvida neste sistema) e deixados pelas raízes após sua decomposição, nunca há homogeneidade de situações de resistência à penetração e porosidade do solo. Mesmo nas situações mais restritivas (elevadas densidades do solo, baixa macroporosidade) pode ocorrer rendimentos satisfatórios de culturas como a do milho e da soja. Portanto, as plantas cultivadas não se ressentem dessa "compactação" e apresentam produções estáveis e às vezes mais elevadas do que em sistemas que contemplem preparo de solo com menor resistência à penetração de raízes.