Elementos Tóxicos

Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021

Autores

Carlos Hissao Kurihara - Embrapa Agropecuária Oeste

Luis Carlos Hernani - Embrapa Solos

 

Nos solos tropicais, o alumínio e o manganês podem ocorrer sob formas e teores tóxicos para muitas plantas cultivadas. Das diferentes espécies ou formas químicas desses elementos encontradas no solo, destacam-se o Al3+ e o Mn2+ que em concentrações elevadas são tóxicas às plantas. No entanto, quanto maior o teor de matéria orgânica e, mais próximo de sete for o pH do solo, formas menos disponíveis se formam e a fitotoxidez desses elementos é minimizada.

Em Sistema Plantio Direto (SPD), devido ao maior aporte de material orgânico (cobertura morta e biomassa radicular), à ausência de revolvimento de solo e a maiores estabilidade e atividade dos organismos do solo, tem-se incremento no teor de matéria orgânica, na formação de compostos orgânicos e ou quelatos estáveis e amplia-se a imobilização por organismos, fatores que determinam menor disponibilidade de alumínio e o manganês no solo.

Algumas espécies de plantas são mais tolerantes que outras e, também, podem gerar compostos orgânicos que formam quelatos ou complexos organo-minerais, reduzindo a atividade desses elementos na solução do solo. Resultados de pesquisa mostram que o nabo forrageiro apresenta maior potencial de redução da toxidez de alumínio do que a ervilhaca e a aveia preta. Portanto, deve-se considerar a intercalação de culturas tolerantes com as menos tolerantes para a composição de adequados esquemas de rotação de culturas e, com isso, minimizar ainda mais os efeitos de alumínio e manganês para as plantas em SPD.

As correções de solo em SPD refletem-se em aumentos de pH e de cátions trocáveis nos primeiros centímetros do solo. Após oito anos de experimento, o percentual de formas e a atividade de alumínio no Latossolo cultivado sob preparo convencional e em Plantio Direto foram comparadas (Figura 1). Verificaram-se aumento das formas complexadas do alumínio pela matéria orgânica, queda na disponibilidade da forma Al3+, além de significativa diminuição da atividade do alumínio em Plantio Direto em relação ao convencional. Esta queda na atividade do alumínio no solo foi atribuída, em parte, ao aumento da concentração de bases (Ca, Mg e K) e, em parte, pelas reações de complexação orgânica.

Figura 1. Valores percentuais para formas e atividade de alumínio do solo, nos sistemas de manejo: convencional e plantio direto. (% de Al3+ x 10-1; % de Al – MO x 106). 
Fonte: Adaptado de Salet et al. (1999).