Benefícios às Plantas

Conteúdo migrado na íntegra em: 22/12/2021

Autor

Luis Carlos Hernani - Embrapa Solos

 

Comparado ao preparo convencional de manejo do solo, o Sistema Plantio Direto (SPD) proporciona uma série de efeitos que resultam em melhores condições ambientais para as plantas, tais como:

  • maior disponibilidade de nutrientes;
  • maior teor de matéria orgânica;
  • maior disponibilidade de água;
  • melhor qualidade de produtos (algodão, feijão etc);
  • maior biodiversidade (plantas e animais);
  • melhor qualidade fitossanitária (menos pragas e doenças);
  • maior produtividade.

A diversidade biológica, princípio do SPD, deve ser buscada mediante o uso de culturas consorciadas e em rotação, sistemas de produção integrada (agrosilvipastoris), práticas vegetativas de conservação do solo, incluindo a recuperação e a conservação de APP e reserva legal. Com isso pode-se observar melhorias nas condições de vida tanto aos seres que vivem no solo como os que se desenvolvem sobre sua superfície. As plantas cultivadas refletem as mudanças ambientais proporcionadas pelo manejo adequado do solo (Figura 1).

Fotos: Luís Carlos Hernani

a

b

c

Figura 1. Soja conduzida após Brachiaria decumbens (a) e, após milho (b e c).

 

Para as mesmas condições de manejo cultural, ou seja, sucessão aveia preta – soja (SU), o plantio direto (PD) foi mais eficiente do que o sistema com gradagens pesada + niveladoras (PC), mas quando se fez o SPD ou seja, plantio direto + rotação de culturas (nabo – milho/aveia preta – soja/trigo – soja) a produtividade foi significativamente maior (Figura 2).

 

Figura 2. Produtividade de soja em sistemas de manejo (PD: plantio direto; PC: preparo com grades pesada + niveladora; RC: rotação – nabo-milho/aveia preta-soja/trigo-soja; SU: sem rotação ou sucessão aveia preta-soja), no sexto ano após o início dos sistemas (2001/02), em Latossolo Vermelho.
Fonte: Hernani et al (2009)

 

Com o SPD a produtividade se eleva e fica mais estável sofrendo menores efeitos de estiagens ou veranicos (Figura 3). O plantio direto sem rotação de culturas (SR) além de apresentar menor rentabilidade, reflete de forma mais intensa as mudanças climáticas que ocorrem ao longo do tempo. Por outro lado, quando se associa o plantio direto à rotação de culturas (CR), ou seja, conduz o SPD, a produção tende a crescer e se mantém mais estável. 

 

Figura 3. Produtividade de soja em plantio direto, sem rotação (SR) ou com a sucessão trigo/soja e, com rotação (CR) com a seqüência nabo/milho-aveia preta/soja-trigo/soja, nas safras 1995/96 e 1996/97. 
Fonte: Hernani et al. (2009)

 

Quando as técnicas recomendadas ao SPD são aplicadas, pragas e doenças de plantas são menos intensas em face do equilíbrio biológico promovido pela rotação e a consorciação de culturas. Muitos artrópodos considerados pragas passam a ser auxiliares na manutenção da qualidade do ambiente.

Cupins e corós são exemplos disso. Cupins-de-montículo concentram e acumulam em seu cupinzeiro teores de fósforo, potássio e matéria orgânica muitas vezes superiores aos do solo adjacente. Além disso, abrem galerias que facilitam o movimento de ar, de água e de nutrientes no perfil do solo. Os corós também são úteis, na medida em que abrem galerias e levam matéria orgânica e nutrientes para nichos a diferentes profundidades do solo. Entretanto, na falta de material orgânico em quantidade suficiente, certas espécies desses insetos podem se tonar pragas.