Tecnologia de Alimentos
Processamento
Autores
Rosemar Antoniassi - Embrapa Agroindústria de Alimentos
Sidinea Cordeiro de Freitas - Embrapa Agroindústria de Alimentos
O processo de extração de óleos em escala industrial é realizado por:
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extração direta por solvente, como é exemplo da soja, que apresenta teor de óleo abaixo de 20%;
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extração com pré-prensagem seguida de extração por solvente, como é o caso típico da canola;
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extração por prensagem, utilizada para frutos úmidos, como a palma e amêndoas com alto teor de óleo.
A extração por solvente (hexano) é indicada para matérias-primas de baixa umidade, como sementes, e quando se deseja maior rendimento de extração de óleo e obtenção de um farelo desengordurado. Este processo é o mais indicado para a soja, que apresenta baixo teor de óleo, permitindo rendimento máximo de extração de óleo e produção de farelo rico em proteína e livre de óleo. Este fator é importante para produção de derivados proteicos de soja e também para produção de ração a partir do farelo de soja ou de outros farelos, considerando que o óleo promove rancificação do farelo, além do fato de que alguns animais não toleram grandes quantidades de óleo em sua ração.
A extração por pré-prensagem seguida de extração por solvente pode ser aplicada, em geral, para matérias-primas com elevado teor de óleo, como canola e girassol, mas pode ser inclusive utilizada para soja, como ocorre em algumas plantas de processamento no Canadá. A vantagem deste processo é que se pode obter um óleo da prensagem com qualidade distinta da extração por solvente, e o material que segue para extração por solvente apresenta menor teor de óleo.
Em geral, os óleos brutos obtidos da extração por solvente apresentam cor mais escura, maior presença de sedimentos e maior quantidade de lipídios polares e fosfolipídios, em relação aos óleos extraídos por prensagem.
Desta maneira, os óleos obtidos da extração por solvente são submetidos a processo de refino.
A tabela apresenta os teores de óleo de algumas matérias-primas utilizadas na extração de óleos ou gorduras.
Para a soja e o farelo de arroz, entre outros, o processo de extração por solvente é indicado, em virtude do baixo teor de óleo. As unidades industriais de extração de óleo de soja por solvente apresentam uma capacidade instalada que pode chegar a 3000 toneladas/dia. Ou seja, exige uma quantidade considerável de matéria-prima. Mesmo unidades com capacidade de 1000 toneladas/dia são utilizadas para matérias-primas que atendam a esta disponibilidade.
Em virtude da disponibilidade de matéria-prima, a extração por solvente tem sido utilizada para soja, girassol, canola, gérmen de milho e farelo de arroz.
Assim, as sementes de frutos, mesmo apresentando baixa umidade, não têm disponibilidade de matéria-prima compatível com as plantas industriais de extração por solvente, e, em geral, a extração de óleo é por prensagem.
A extração de óleos por prensagem é mais indicada para matérias-primas com elevado teor de óleo. Existem diversos equipamentos disponíveis para prensagem em diferentes escalas de processamento.
O processo de extração de óleo da polpa de palma, que é um fruto úmido, difere muito dos processos de prensagem de sementes e amêndoas de baixa umidade. No processamento de palma, existem unidades industriais com capacidade instalada de 200 toneladas de cacho por dia e até maiores. Nestas indústrias, os cachos são esterilizados e o óleo da polpa é extraído em grandes prensas contínuas compatíveis com as características do fruto, onde se obtém uma fase líquida de óleo, água e fibras, além do caroço, no qual se encontra a amêndoa. Para separação das fases utilizam-se centrífugas. Neste processo, o rendimento de óleo é muito elevado e as perdas dependem mais da etapa de separação nas centrífugas. O caroço é seco, separa-se a amêndoa que sofre extração de óleo por prensagem.
Da mesma maneira como ocorre na extração por solvente, o processo de extração de óleo de palma exige uma considerável disponibilidade de matéria-prima e, como se trata de fruto úmido, para conservação da qualidade do óleo e manutenção da acidez do óleo o mais baixo possível, as plantações de palma estão próximas das áreas de processamento.
A extração de azeite de oliva obtido da polpa úmida também é um processo de grande escala especialmente realizado para se obter um azeite com elevada qualidade.
Para sementes e amêndoas de baixa umidade e elevado teor de óleo a extração pode ser realizada em prensas contínuas (chamadas de expeler) de menor capacidade em comparação àquela utilizada na extração de palma. Neste processo, é possível obter-se um óleo claro que pode ser utilizado diretamente sem refino, além de uma torta, parcialmente desengordurada, que pode ser utilizada para ração animal, considerando-se os requisitos de nutrição de cada animal e evitando-se a rancificação da mesma, que ainda apresenta considerável quantidade de óleo.
Neste processo, o rendimento de extração de óleo é menor que na extração por solvente. Assim, quanto menos óleo tiver a matéria-prima, menor será o rendimento de extração por prensagem. Isto pode parecer uma desvantagem, mas por outro lado, o óleo obtido permite utilização direta sem refino.
Existem ainda processos tradicionais de extração de manteiga de cacau que utilizam prensas hidráulicas (descontínuas).
Tabela 1. Matérias-primas para extração de óleo.
Matéria-prima | Material utilizado para extração de óleo | Teor de óleo (%) | Umidade (%) |
Soja (Glycine max) | Semente inteira | 18 -20 | Abaixo de 10 |
Girassol (Helianthus annuus) | Semente inteira ou descascada | 30 – 50 | Abaixo de 10 |
Canola / colza de baixo erúcico (Brassica spp.) | Semente inteira | 40 - 50 | Abaixo de 10 |
Palma (Elaeis guineensis) | Polpa | 25 - 27 | 70 - 80 |
Palma (Elaeis guineensis) | Amêndoa | 40 - 50 | Abaixo de 10 |
Babaçu (Orbynia oleífera) | Amêndoa | 40 - 50 | Abaixo de 10 |
Arroz (Oryza sativa) | Farelo | 15 - 20 | Abaixo de 10 |
Milho (Zea mays) | Gérmen | 20 - 50 | Abaixo de 10 |
Abacate (Persea americana) | Polpa | 8 - 12 | 80 – 90 |
Mamona (Ricinus communis) | Semente inteira | 40 - 50 | Abaixo de 10 |
Pinhão manso (Jatropha curcas) | Semente inteira | 20 - 25 | Abaixo de 10 |
Pinhão manso (Jatropha curcas) | Amêndoa | 50 | Abaixo de 10 |
Macadâmia (Macadamia integrifolia) | Amêndoa | 50-60 | Abaixo de 10 |
Castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa) | Amêndoa | 50-60 | Abaixo de 10 |
Macaúba (Acrocomia aculeata) | Polpa | 20 - 27 | 70 - 80 |
Macaúba (Acrocomia aculeata) | Amêndoa | 40 - 50 | Abaixo de 10 |
Uva (Vitis vinifera) | Semente | 6 - 20 | Abaixo de 10 |
Maracujá (Passiflora edulis) | Semente | 20 – 25 | Abaixo de 10 |
Fonte: Embrapa Agroindústria de Alimentos.