Agroflorestas

Conteúdo migrado na íntegra em: 09/12/2021

Autor

Anália Carmem Silva de Almeida - Instituto Agronômico de Pernambuco - IPA

 

Na Zona da Mata de Pernambuco, o sistema agroflorestal é uma atividade em crescimento, principalmente nas áreas de agricultura familiar. Esse sistema é uma denominação coletiva para sistemas de uso da terra e práticas agrícolas, nos quais se integram espécies lenhosas perenes em forma deliberada com cultivos e/ou animais na mesma unidade de manejo da terra.

De acordo com a natureza de seus componentes, existem as seguintes modalidades de Sistemas de Produção Agroflorestais:

1.    Agrossilvipastoril: Sistema que utiliza o consórcio entre a produção agrícola, florestal e pastoril;

2.    Agropastoril: Sistema que usa o consórcio entre a produção agrícola e pastoril;

3.    Silvipastoril: Sistema que utiliza o consórcio entre a produção florestal e pastoril;

4.    Agroflorestal: Sistema que usa o consórcio entre a produção agrícola e florestal.

Os sistemas agroflorestais possuem diversos arranjos produtivos, espaciais, temporais, funcionais, diferentes distribuições ecológicas, aspectos sócio-econômicos e tipos de produtos finais que podem ser obtidos. Eles podem ser diagnosticados e sistematizados por metodologias tais como Diagnóstico e Desenho (D & D), que permite a análise e avaliação dos seus problemas de manejo do solo e de delineamento das soluções agroflorestais .

Dentre os principais sistemas agroflorestais recomendados para a Zona da Mata de Pernambuco, destacam-se os seguintes:


Sistema de Produção de Quintais Agroflorestais Familiares (Hortos ou Pomares Caseiros)


Um dos mais utilizados atualmente tem sido o Sistema Produção Agroecológica Integrada e Sustentavel (PAIS) (Figura 1). É uma das modalidades de produção agroflorestal (também considerado agropastoril) bastante difundida desde a Zona da Mata até o Sertão de Pernambuco. Este sistema atinge o seu clímax de implantação com o estabelecimento do quintal agroecológico (quintal agroflorestal) onde nessas áreas, os produtores podem fazer reflorestamento, cultivar fruteiras e espécies nativas comerciais .

 Foto: Manoel Batista de Oliveira Neto,2011

 
 Figura 1. Produção Agroecológica Integrada e Sustentavel (PAIS).


Os Quintais Agroflorestais, também chamados de Horto Caseiro ou Pomar Caseiro, consistem na associação de espécies florestais, agrícolas, medicinais, ornamentais e pequenos animais (aves e suínos, por exemplo) ao redor da residência, com o objetivo de fornecer várias formas de bens e serviços. São sistemas tradicionais resultantes de conhecimentos acumulados e transmitidos através de gerações. Nesses sistemas, os principais tratos culturais são: podas periódicas (de formação e limpeza) nos componentes arbóreos e arbustivos, incorporação da matéria orgânica no solo (de origem vegetal e animal) e roça (capina) para enriquecimento do quintal (plantios de frutíferas, hortas e medicinais).  


Sistema de Produção Taungya (Burna)


Este sistema consiste no cultivo em terras de encostas, sendo permitida a sua utilização como método de recuperação de área degradada de Reserva Legal e de área de Preservação Permanente (APP), como as matas ciliares. Os cultivos agrícolas usados são de ciclo curto existindo também o plantio uniforme de espécies florestais comerciais e nativas frutíferas. Os principais tratos culturais são roço para enriquecimento da área (plantios de cultivos agrícolas), podas periódicas (de formação e de limpeza) e cortes seletivos (das espécies madeireiras).


Sistema de Produção Silvibananeiro


Os sistemas silvipastoris consistem de uma combinação natural ou de uma associação deliberada de um ou de mais componentes lenhosos (arbustivos e/ou arbóreos) dentro de uma pastagem de espécie de gramíneas e de leguminosas herbáceas nativas ou cultivadas e sua utilização com ruminantes e herbívoros . O Sistema Silvibananeiro é um consórcio entre bananeiras, outras frutíferas e diversas espécies florestais com fins madeireiro e alimentício (palmitos e canela, por exemplo), consistindo numa importante forma de manejo que contribui significativamente no controle da sigatoka-amarela, sigatoka-negra e de algumas outras pragas.

Seus principais tratos culturais são o roço para enriquecimento da área (plantio de bananeiras), podas periódicas (de formação e de limpeza) e incorporação da matéria orgânica (de origem vegetal) no solo.

Existem sistemas agrossilvibananeiros na Zona da Mata de Pernambuco praticados por agricultores de base familiar, nos quais se usa o elemento animal, como a criação de peixes. Nesses casos, além do cultivo da bananeira e da criação de peixe, existe também a produção de fitoterápicos e outras frutíferas arbóreas (mangueira, coqueiro, gravioleira) para consumo da família e comercialização do excedente da produção.