Território Mata Sul Pernambucana
Pesca e Aquicultura
Autores
Gilvan Pais de Lira Junior - Consultor autônomo
Josué Francisco Silva Júnior - Embrapa Tabuleiros Costeiros
Maviael Fonseca de Castro - Instituto Agronômico de Pernambuco - IPA
Segundo o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), grande parte do pescado de boa qualidade que chega à mesa do brasileiro é fruto do trabalho dos pescadores profissionais artesanais. Eles são os responsáveis por 60% da pesca nacional, resultando em uma produção de mais de 500 mil toneladas por ano. A pesca artesanal é muito importante para a economia nacional, sendo responsável pela criação e manutenção de empregos nas comunidades do litoral e também naquelas localizadas à beira de rios e lagos.
O Território da Mata Sul Pernambucana tem grande tradição em pesca marítima, estuarina e de águas interiores, praticadas há séculos. Apesar desse extrativismo e do aumento da poluição ambiental, a região possui alguns ambientes de estuário ricos e preservados, como o complexo do Rio Formoso, formado pelos Rios Formoso, Ariquindá, Mariaçu e Porto da Pedra; os estuários dos Rios Sirinhaém, Maracaípe, Una e Carro Quebrado, este praticamente intocado, o que garantiu a manutenção e sobrevivência do camarão pitu de forma abundante, mesmo a espécie estando ameaçada de extinção devido à degradação dos rios e estuários da região.
No Território, existem quatro Colônias de Pescadores — Tamandaré, Barra de Sirinhaém, Rio Formoso e São José da Coroa Grande — que agregam mais de 2.000 pescadores artesanais associados. Estes pescadores têm na pesca estuarina e litorânea sua principal fonte de renda, explorando a coleta de crustáceos e moluscos nos manguezais, como caranguejo, ostra, sururu, guaiamum, siri, aratu e camarão, atividades desenvolvidas principalmente pelas mulheres; e a pesca de espécies de peixes, como tainha, beijupirá, camurim, xaréu, cioba, cavala, pescada, serra, entre muitas outras, que é feita principalmente por homens.
A região também possui grande potencial para a atividade de aquicultura, uma vez que é onde se encontram duas das bacias hidrográficas mais importantes do estado, as bacias dos Rios Una e Sirinhaém. A aquicultura tem crescido substancialmente na Mata Sul de Pernambuco, sobretudo em função das condições ambientais favoráveis para o desenvolvimento da atividade, como o solo apropriado, disponibilidade de água em qualidade e quantidade suficientes, luminosidade e temperatura adequadas durante todo o ano, além da disponibilidade de mão de obra e crescente demanda de mercado.
A piscicultura e a carcinocultura, apesar de ainda se apresentarem de forma discreta no território, têm garantido alimentação e renda para muitas famílias. Praticamente, em todo o território, podem-se encontrar pequenos viveiros com criação de espécies como tilápia e tambaqui, cuja finalidade principal é a produção para a alimentação da família, sendo comercializado apenas o excedente. O camarão marinho, Litopenaeus vannamei, é produzido em laboratórios e engordado em algumas fazendas de pequeno, médio e grande porte, atendendo o mercado interno e externo. Embora, a Mata Sul Pernambucana seja precursora, no Brasil, da produção de pós-larva de camarão gigante da malásia (Macrobrachium resenbergii), conduzida pelo Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), apenas recentemente foram obtidas experiências de campo exitosas com o policultivo de camarão e tilápia, realizadas em comunidades de pequenos produtores rurais.
O Governo do Estado de Pernambuco tem promovido o desenvolvimento da atividade aquícola e o ordenamento da pesca através de programas voltados para o setor, a exemplo das ações coordenadas pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável da Zona da Mata de Pernambuco (Promata).