Cana-de-Açúcar

Conteúdo migrado na íntegra em: 09/12/2021

Autores

Romualdo Camelo de Sena - Consultor autônomo

Djalma Euzébio Simões Neto - Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE

 

A cana-de-açúcar é o principal cultivo e atividade econômica da Mata Sul Pernambucana. Nessa região, geralmente, em áreas de renovação, utiliza-se o cultivo mínimo com aplicações de herbicidas para eliminar as socarias. Também se pode efetuar o roço, encoivaramento e queima dos restos de cultura, seguido de um revolvimento com arado de aiveca reversível, tracionado por animais. Havendo uma indicação de calagem no local, definida pela análise de solo, esta deverá ser realizada com antecedência de pelo menos 30 dias do plantio.
 
A escolha da variedade para plantio se dá em função da topografia local e da região. Neste caso, a Tabela 1 revela as principais variedades utilizadas:


Tabela 1. Principais variedades de cana-de-açúcar e locais indicados para cultivo na Mata Sul Pernambucana

VARIEDADE

ENCOSTA MANUAL

ENCOSTA MECANIZÁVEL

CHÃ

VÁRZEA

A

B

A

B

A

B

A

B

RB 72454

 

 

 

X

 

X

 

X

RB 867515

X

 

X

X

X

X

X

 

RB 92579

X

X

X

X

 

X

X

 

RB 813804

 

 

 

X

 

X

 

X

SP 791011

 

X

 

X

 

X

 

 

Legenda: A= Litoral Sul; B= Mata Sul


Normalmente, o plantio começa no período do inverno, iniciando-se em maio e indo até meados de setembro. Após essa operação, inicia-se a moagem da cana-de-açúcar plantada no ano anterior, bem como o plantio de verão de forma irrigada, utilizando-se em média 11 a 12 t/ha de sementes. Esses procedimentos dependem evidentemente das condições pluviométricas predominante na ocasião.

Via de regra, as adubações de fundação e de cobertura são realizadas manualmente ou com uso de trator, dependendo da topografia. A quantidade e formulação a ser usada são definidas pela análise de solo.

Com relação às ocorrências fitossanitárias, para as condições da Mata Sul Pernambucana, as pragas importantes são a cigarrinha-da-folha e o cupim-dos-rebolos. No caso da primeira, o controle é realizado pela aplicação de inseticida químico ou pelo uso de controle biológico (fungo entomopatogênico produzido pelo Instituto Agronômico de Pernambuco - IPA). Para o cupim-dos-rebolos, seu controle é realizado pelo uso de cupinicidas registrados para a cultura.

Normalmente, a maioria das doenças da cana-de-açúcar na Mata Sul é de caráter secundário, excetuando-se o raquitismo das soqueiras (causado por bactéria), que é tratado pela ação térmica ou pelo uso de mudas sadias provenientes de cultura de tecidos.

Dentre os tratos culturais normalmente utilizados no plantio da cana-de-açúcar, o controle do mato é de suma importância, pois concorre diretamente com a cultura na absorção de nutrientes e água. Para correção deste problema, utilizam-se dois tipos de controle:

1.    Mecânico – por meio do uso de enxada e cultivador.

2.    Químico – por meio da aplicação de herbicidas, que podem ser de pré e pós-emergência das plantas daninhas.

A época de colheita se dá após a queima da palhada, que facilita bastante a operação, ocorre normalmente no período de verão, ou seja, de setembro a março do ano seguinte ao plantio. A mesma é realizada de forma manual com o corte rente ao solo. Antes desse procedimento, é muito importante levar em consideração a capacidade de corte e o escoamento da produção, a fim de reduzir perdas de rendimento, como deixar a cana-de-açúcar cortada no campo.

A produtividade varia de acordo com diversos fatores, tais como: variedade, topografia, tratos culturais, controle de pragas e doenças, entre outros. Com um bom manejo cultural a colheita da cana-planta em cultivo irrigado e de várzea poderá chegar até 150 t/ha, e para plantio em áreas de encosta e sob regime de sequeiro na Mata Sul, poderá atingir até 70 t/ha.

Finalmente, fechando a cadeia produtiva da cultura da cana-de-açúcar, no caso de fornecedores, a comercialização é realizada diretamente com as usinas produtoras de açúcar e/ou álcool, e nas destilarias autônomas. Lembrando ainda, que em menor escala, alguns pequenos produtores comercializam a matéria-prima em engenhos para produção de rapadura e cachaça.