Doenças e Pragas

Conteúdo migrado na íntegra em: 09/12/2021

Autores

Ildo Eliezer Lederman - Consultor autônomo

João Emmanuel Fernandes Bezerra - Consultor autônomo

José Severino de Lira Júnior - Instituto Agronômico de Pernambuco - IPA

 

 

 Doenças

Antracnose – É causada pelo fungo Glomerella cingulata (Ston.) Spauld. & Schrenk (Colletotrichum gloeosporioides Penz.) e encontra-se disseminada por todas as regiões. Nos períodos de maior ocorrência de chuvas esse fungo causa pequenas lesões arredondadas (1 mm de diâmetro) nos frutos e de coloração castanho. As lesões podem aumentar de tamanho (até 5 mm) ficando escuras, podendo afetar todo o fruto e causando sua queda prematura. Nas folhas e inflorescências formam-se manchas de coloração castanho-claras até escuras, não permitindo a passagem da seiva, causando secamento e queda. Esse fungo sobrevive por todo período seco sobre as lesões causadas, voltado a desenvolver-se em contato com a água. Não existem produtos químicos oficialmente registrados para cajazeira. As plantas adultas podem ser tratatdas com oxicloreto de cobre (2,5 g/litro de água).


Verrugose - É causada pelo fungo Sphaceloma spondiadis Bitancourt & Jenkins. Nas folhas causam pontuações salientes, arredondadas, de coloração creme no centro e com margens marrom-claras a marrom-escuras, atingindo até 10 mm de diâmetro. Pode rachaduras nas superfícies das lesões. Nos frutos ocorrem esses mesmos sintomas, penetrando e estragando a polpa. Em frutos quase maduros, geralmente, não se observada o apodrecimento da polpa, no entanto, a casca fica prejudicada. Esse fungo é disseminado pela chuva e pode sobreviver sobre restos de folhas e galhos. Adotar o mesmo controle químico descrito para a antracnose.


Resinose – É causada pelo fungo Botryosphaeria rhodina  (Berk. & M.A. Curtis) Arx que ataca lentamente e, caso não seja tratada inicialmente, pode matar as plantas adultas. Essa doença é facilmente reconhecida pelo escurecimento e da exsudação de goma sobre o caule e os ramos afetados. A planta pode sobreviver por um longo período produzindo frutos, porém, quando a lesão envolve e aprofunda-se por todo o caule e/ou ramos ocorre o amarelecimento, murcha e seca de parte ou de toda a planta, em função do bloqueio da passagem de água, nutrientes e seiva. Casualmente, em ramos infectados a planta poderá emitir novas ramificações. Essa doença pode surgir em qualquer época do ano, sendo comum o aparecimento de ferimentos com resina durante o período seco. O fungo pode ser transmitido para plantas sadias através de ferramentas contaminadas, insetos e aves.


Toda a casca com ferimentos e de coloração preta deve ser retirada (raspagem), utilizando uma faca ou facão bem amolado. Em seguida pincelar a área raspada com pasta bordaleza ou com oxicloreto de cobre, repetindo a aplicação em intervalos de 20 dias até a cicatrização da casca. Poderá ser necessário repetir a raspagem da casca nos casos de alta infecção. Recomenda-se que qualquer tipo de poda ou outro corte na casca seja tratada com essas pastas. Nos casos em que os ferimentos circundam mais de dois terços do diâmetro do caule ou de ramos, torna-se praticamente impossível salvar a planta, pois com a retirada da casca ocorre o impedimento da passagem da seiva elaborada, causando o amarelecimento, murcha e morte da planta. Portanto, ramos severamente afetados devem ser eliminados.


Cercosporiose - É uma das doenças mais comuns, podendo causar a desfolha quase total das plantas. O fungo [Pseudocercospora mombin (Petr. & Cif.)] encontra-se amplamente disseminado por todo Brasil. A doença ataca os folíolos com a formação de pequenas manchas arredondadas com cerca 1 mm de diâmetro e coloração marrom-clara. Posteriormente, essa mancha escurece e chega a medir 5 mm de diâmetro. As lesões chegam a cobrir quase todo a folha, provocando seu amarelecimento e queda. Na face superior das folhas surgem pontuações escuras, que são os esporos do fungo prontos para iniciar um novo ciclo de infecção. Sugerimos os fungicidas para o controle da antracnose.


Nematoides das galhas (Meloidogyne sp.) - Várias espécies atacam as mudas já no viveiro, podendo ser encontrado a formação de galhas logo acima do colo. As plantas jovens ficam.

 Pragas

Moscas-das-frutas (Ceratitis capitata Wied. e Anastrepha spp.) - são pragas comuns nos pomares de cajazeira. Suas larvas, de coloração branca, se desenvolvem no interior dos frutos, alimentando-se da polpa, tornando-os imprestáveis para o consumo. Os adultos da espécie C. capitata medem de 4 a 5 mm de comprimento, coloração branco-acinzentada com manchas pretas brilhantes, asas transparentes com faixas amarelas e castanhas. Já os adultos da espécie Anastrepha spp. são um pouco maiores do que a C. capitata, apresentando coloração amarelada e asas transparentes com manchas escuras no formato de letra S.


Para controlar as moscas-das-frutas recomendam-se os seguintes procedimentos: a) detectar sua presença no pomar através do uso de frascos caça-moscas usando o melaço a 7% como atrativo. Utilizar dois frascos por hectare; b) após a constatação da presença dos adultos no pomar, iniciar o tratamento com iscas envenenadas; as iscas são preparadas acrescentando-se em 100 L de água, 7 L de melaço ou 5 kg de açúcar e mais um inseticida. A aplicação deve ser feita em plantas alternadas, na periferia do pomar, pulverizando-se cerca de 150 mL da solução sobre a folhagem da planta. Repetir o tratamento a cada sete dias. Considerando que a maior atividade de vôo das moscas-das-frutas se verifica no período da tarde, recomenda-se fazer o tratamento pela manhã, aumentando assim a eficiência de controle. Como medida complementar, não deixar os frutos apodrecerem sobre a superfície do solo, os mesmos devem ser enterrados.


Tripes (Selenothrips rubrocinctus) - ataca as folhas que exibem cor verde-clara, com excrementos e indivíduos em vários estádios de desenvolvimento na face inferior. Danificam a epiderme foliar em função do ser aparelho bucal raspador. Nos frutos os prejuízos são mais relevantes, provocando rachaduras e oxidação da polpa, tornando-os imprestáveis para a comercialização.


Pulgão (Aphis gossypii) – Sugam a seiva nas brotações e nervuras de folhas jovens, provocando o seu encarquilhamento. São controlados por insetos predadores.
Mosca-branca (Aleurodicus cocois) – pode se constituir em sério problema para a cajazeira. O inseto forma numerosas colônias preferencialmente na parte inferior das folhas, sugando-as e tornando-as de coloração mais clara. Normalmente a mosca-branca está associada à presença de fumagina. Sobre as folhas atacadas por A. cocois foi observada a presença do bicho-lixeiro (Chrysoperla sp.), reconhecido como predador de ácaros, pulgões e da mosca-branca.


Formiga cortadeira (Atta spp.) – efetua a desfolha em mudas bem como em pomares jovens, retardando seu crescimento e em alguns casos pode até matar a planta. O controle químico deve ser realizado antes do plantio ou imediatamente após a identificação de formigueiros, tanto na área de cultivo, quanto nas proximidades. Existem vários formicidas disponíveis no mercado em pó, granulado, líquidos e em forma de gás.