Território Mata Sul Pernambucana
Propagação
Autores
Ildo Eliezer Lederman - Consultor autônomo
João Emmanuel Fernandes Bezerra - Consultor autônomo
José Severino de Lira Júnior - Instituto Agronômico de Pernambuco - IPA
A cajazeira pode ser propagada por semente, estaquia e enxertia. A propagação por semente não é recomendada para formação de pomares comerciais, pois, as plantas apresentam um longo período para iniciar a produção, baixas produtividades e são desuniformes quanto ao crescimento, floração e frutificação, dificultando as atividades de manejo da cultura, inclusive a própria colheita. Esse tipo de muda deve ser utilizado como porta-enxerto para propagação vegetativa de cajazeiras selecionadas com alto rendimento e qualidade de polpa, adaptadas às condições de solo e clima da região de cultivo.
As mudas propagadas pelos métodos de estaquia e enxertia possibilitam a produção de mudas com características idênticas da planta matriz, permitindo a formação de pomares homogêneos quanto à produtividade, qualidade do fruto, precocidade e tolerância às pragas e doenças, além da antecipação do início da produção comercial. Entretanto, a propagação por estaca, com 50 a 70 cm de comprimento e 7 a 10 cm de diâmetro, plantada diretamente no campo, apresenta limitações pela baixa percentagem de enraizamento, além de debilitar a planta matriz pela retirada excessiva de estacas da copa. Desta forma, a estaquia não é um método de propagação recomendado para produção comercial de mudas de cajazeira.
A enxertia, do tipo garfagem no topo em fenda cheia, é a mais recomendada para produção de mudas visando formar pomares comerciais.
Enxertia
Formação de porta-enxertos
Deve-se colher frutos maduros e sadios de plantas produtivas e vigorosas. Despolpar os caroços, lavá-los em água corrente, colocá-los para secar a sombra em local seco e ventilado, por 24 horas. Antes de semeá-los, deve-se efetuar um corte em bisel na parte distal, ou seja, oposta ao talo em que o fruto fica preso ao cacho. Realizar esse corte com uma tesoura de poda, tendo o cuidado de não danificar o embrião, que fica bem próximo da parte a ser cortada. Este procedimento visa reduzir o tempo total e aumentar a percentagem de germinação, pois facilita a entrada de umidade na semente.
O semeio deve ser realizado a lanço em canteiros com 20 cm de altura por 1,20 cm de largura e comprimento de acordo com a quantidade disponível de sementes. Cobrí-las com aproximadamente 2 cm de terra e rega-los diariamente. Entre 90 e 150 dias após o semeio, pode-se obter uma percentagem de germinação em torno de 55%. Contudo, o restante das sementes ainda pode germinar até com mais dias de 400 dias após o semeio. Quando as plantinhas atingirem em torno de 10 cm de altura, deve-se realizar a transferência para sacos de polietileno preto, medindo 35 cm de altura por 20 cm de diâmetro, contendo substrato resultante da mistura de terra e esterco bovino curtido na proporção de 6:1. Em seguida, arrumá-las em forma de canteiro com largura de três sacos e 5 m comprimento. Entre os canteiros deve-se reservar um espaço de 50 cm para facilitar os tratos como limpeza e rega. As mudas devem ser regadas diariamente. As mudas devem ser protegidas por uma cobertura de 1,5 m de altura na direção do nascente e 0,9 m de altura na direção do poente, visando evitar a exposição ao sol nas horas mais quentes do dia. Devem-se manter as mudas livres de plantas daninhas, eliminando-as do substrato pelo arranque manual.
Garfagem no topo em fenda cheia
Na fase final do repouso vegetativo de cajazeiras produtivas, com no mínimo de 15 anos de idade, devem ser coletados garfos do tipo ponteiro, com 20 cm de comprimento e diâmetro compatível ao do porta-enxerto, em ramos sem folhas e com gemas intumescidas.
Com o auxílio de um canivete de enxertia corta-se o porta-enxerto aos 20 cm de altura do colo. Em seguida, na ponta do porta-enxerto, abre-se uma fenda longitudinal com 2,5 cm de comprimento na região central, que permitirá o encaixe do garfo. Na extremidade inferior do garfo realiza-se um corte em forma de cunha, com dimensões que permitam o seu perfeito encaixe na fenda aberta no porta-enxerto. Após encaixar o garfo no porta-enxerto, deve-se amarrar uma fita plástica (fitilho) na região de união entre essas partes. Cobre-se o garfo com saco plástico transparente, amarrando-o logo abaixo do ponto de enxertia, evitando o ressecamento dos tecidos. Após o pegamento do enxerto, cerca de 50 dias depois da enxertia, devem ser retirados o fitilho e o saco plástico. A muda enxertada estará pronta para plantio definitivo em torno de 75 dias após a enxertia. A eficiência deste tipo de propagação pode atingir aproximadamente 70 % de pegamento em porta-enxertos com 6 meses de idade.