Território Mata Sul Pernambucana
Polinização
Autor
Mairon Moura da Silva - Universidade Federal do Agreste de Pernambuco
As flores do maracujazeiro-amarelo iniciam a abertura por volta das 12:00 e fecham-se à noite. Se não forem fecundadas murcham e caem. Após a abertura os estiletes curvam-se até que a superfície do estigma esteja ao mesmo nível das anteras, facilitando a retenção do pólen depositado pelos insetos ou polinização artificial. As flores sem curvatura dos estigmas não frutificam, mesmo quando polinizadas artificialmente. Logo, deve-se evitar coletar frutos para retiradas de sementes de plantas que apresentem flores sem curvatura.
Em dias chuvosos e nublados a atividade dos insetos polinizadores é reduzida, além de ocorrer o rompimento do grão de pólen quando em contato com a alta umidade.
A flor do maracujazeiro embora perfeita é considerada auto-estéril, ou seja, auto-incompatível. Logo, há necessidade de polinização cruzada para frutificação - pólen vindo de outro maracujazeiro. A ação dos insetos polinizadores, dentre eles as mamangavas Xylocopa spp. (Hymenoptera: Anthophoridae), é de fundamental importância para o sucesso da cultura. As abelhas melíferas (Apis mellifera) proporcionam baixa frutificação devido ao seu pequeno porte o que impede de alcançar os estigmas e as anteras ao coletarem o néctar. Em áreas com alta incidência de abelhas melíferas observa-se a retirada de praticamente todo o grão de pólen dos botões florais semi-abertos antes da chegada das mamangavas. Devido ao seu peso e viscosidade os grãos de pólen não são transportados pelo vento.
Para avaliação da eficiência da polinização natural devem-se marcar 100 flores abertas (três flores por planta) por dois a três hectares. Três a quatro dias após a abertura conta-se o número de frutos e sendo observados 40 a 50 frutos nas flores marcadas tem-se um indicativo de um número adequado de mamangavas. Recomenda-se a realização da polinização artificial quando se observa queda excessiva de flores devido a baixa eficiência da polinização natural. O processo consiste em passar os dedos nas anteras num movimento rápido, encostando-os também nos estigmas, que possuem viscosidade necessária para manter os grãos de pólen aderidos. Em seguida toca-se outra flor da mesma forma e assim sucessivamente.
Na polinização artificial o caminhar demorado e a procura cuidadosa de flores corresponde a ter nos dedos predominância de pólen da planta que está recebendo tal polinização, reduzindo a frutificação. Sendo assim, recomenda-se o rápido caminhamento do operador e repetição da operação por diversas vezes na plantação.
Para manutenção da abelha mamangava recomenda-se que o pomar seja instalado próximo a matas devido à disponibilidade de substrato para construção dos seus ninhos. A colocação de pedaços de madeira seca e pouco apodrecida no pomar também é uma prática recomendada, como o plantio de ipê de jardim, Crotalaria e plantas do gênero Cássia e outras com flores atrativas, com o objetivo de fornecimento de alimento às abelhas mamangavas quando o maracujazeiro não estiver florindo. O importante é que a época de floração destas espécies não coincida com a do maracujazeiro para que não haja competição. O uso de agrotóxicos também deve ser racionalizado, observando a época de floração e seus efeitos na planta, e nos inimigos naturais. Outra medida para atrair as mamangavas é a colocação toras de madeira mole, troncos de árvores ou bambu nos quais os insetos irão construir seus ninhos.