Propagação

Conteúdo migrado na íntegra em: 09/12/2021

Autores

José Severino de Lira Júnior - Instituto Agronômico de Pernambuco - IPA

João Emmanuel Fernandes Bezerra - Consultor autônomo

Ildo Eliezer Lederman - Consultor autônomo

 

A pitangueira pode ser propagada por semente, estaquia e/ou enxertia dos tipos garfagem e borbulhia.


1. Propagação por semente


A formação da maioria dos pomares de pitangueira é realizada a partir de mudas do tipo pé-franco, ou seja, resultantes da propagação por sementes. Nesse tipo de propagação, deve-se colher frutos maduros, despolpar as sementes, lavá-las em água corrente, colocá-las para secar à sombra e semeá-las o mais rápido possível, visando garantir o seu potencial germinativo. Semeiam-se duas sementes por saco plástico preto, de 12 x 16 cm, contendo substrato resultante da mistura de terra e esterco bovino ou de ave curtido, na proporção 6:1 e 3:1, respectivamente. O substrato deve ser irrigado e o saco plástico coberto com capim seco, objetivando conservar um teor adequado de umidade no substrato e garantir a germinação das sementes em, aproximadamente, 22 dias. Após a germinação, o capim seco deve ser retirado e as plântulas protegidas por uma cobertura de 1,0 m de altura na direção do nascente e 0,6 m de altura na direção do poente, visando evitar a exposição das plântulas ao sol nas horas mais quentes do dia. O desbaste deve ser realizado quando as plântulas atingirem cerca de 5 cm de altura, cortando-se a menos vigorosa rente à superfície do substrato. Quando as mudas atingem cerca de 25 cm de altura, normalmente 6 meses após a semeadura, realizam-se os transplantios para o local definitivo de cultivo.

As mudas do tipo pé-franco (Figura 1) não são recomendadas para formação de pomares comerciais de pitangueira, pois, além de retardar o início da produção de frutos, permitem o desenvolvimento de plantas de baixa produtividade, desuniformes quanto ao crescimento, floração e frutificação, dificultando as atividades de manejo da cultura. Porém, devem ser utilizadas na formação de porta-enxertos para propagação vegetativa de cultivares de alto rendimento agrícola e industrial, adaptadas às condições de solo e clima da região de cultivo.

 
2. Propagação por enxertia


Considerando-se a expansão e o elevado potencial de cultivo agroindustrial da pitangueira, recomenda-se a substituição de pés-francos por mudas enxertadas, visando à formação de pomares homogêneos em relação às características da planta matriz, além de antecipar o início da produção comercial de pitanga.

As enxertias dos tipos garfagem no topo em fenda cheia e à inglesa simples são os mais eficientes na propagação da pitangueira. Essas técnicas atingem até 77,5% de pegamento dos enxertos, aos 60 dias da enxertia, em porta-enxertos com nove meses de idade (Tabela 1). Tanto na enxertia do tipo garfagem no topo em fenda cheia, quanto na enxertia à inglesa simples, utilizam-se garfos de 10 cm de comprimento e diâmetro semelhante aos dos porta-enxertos a serem enxertados. Os garfos devem ser coletados na porção mediana de ramos anuais lignificados.


Tabela 1. Percentagem de pegamento de enxertos aos 60 dias, em relação ao tipo de enxertia e idade do porta-enxerto.

Tipo de Enxertia

Pegamento de Enxerto (%)

Garfagem no topo em fenda cheia

59,1

Garfagem no topo à inglesa simples

55,4

Idade do Porta-Enxerto

 

12 meses

77,5

9 meses

77,5

6 meses

16,9

Fonte: Bezerra et al. (1999).

 

Na técnica de garfagem no topo em fenda cheia, utiliza-se um canivete de enxertia afiado para cortar a parte apical do porta-enxerto aos 20 cm de altura. Em seguida, abre-se uma fenda longitudinal com 2,5 cm de profundidade, a partir da área central do corte apical, que permitirá o encaixe do garfo. Na extremidade inferior do garfo a ser enxertado, realiza-se um corte em forma de cunha, com dimensões que permitam o perfeito encaixe na fenda aberta do porta-enxerto. Após encaixar o garfo no porta-enxerto, deve-se amarrar uma fita plástica (fitilho) na região de união entre essas partes, visando promover maior contato entre os tecidos do câmbio vascular. Cobre-se o garfo com saco plástico transparente, amarrando-o abaixo do ponto da enxertia, evitando o ressecamento dos tecidos.
Na técnica de garfagem à inglesa simples, corta-se o topo do porta-enxerto em bisel, a uma altura de 20 cm. A extremidade inferior do garfo deve ser cortada, também em bisel, na mesma dimensão do porta-enxerto. Em seguida, realiza-se a união entre as superfícies cortadas do garfo e do porta-enxerto. No local da enxertia, amarra-se o fitilho, de baixo para cima, e cobre-se o garfo com saco plástico transparente, amarrando-o abaixo do ponto da enxertia para evitar o ressecamento dos tecidos.
A enxertia do tipo borbulhia de placa em janela aberta pode também ser utilizada na produção de mudas de pitangueira. Nesse procedimento devem ser utilizados porta-enxertos com 12 meses de idade. Em condições de viveiro, esse tipo de enxertia apresenta um razoável percentual de pegamento dos enxertos de 56,7%.

3. Propagação por estaquia

A pitangueira pode, ainda, ser propagada por estacas semi-lenhosas de ramos anuais de aproximadamente 15 cm de comprimento. No entanto, essa forma de propagação não é usual e exige cuidados especiais no manejo das estacas, tipo e composição do substrato, doses de fito-hormônio e uso de sistema de irrigação por nebulização intermitente.