Território Mata Sul Pernambucana
Doenças
Autor
Almir Dias Alves da Silva - Consultor autônomo
Na cultura da mandioca já foram identificadas mais de 20 patógenos, sendo que alguns são mais frequentes e causam danos mais severos e outros só ocorrem em condições eventuais.
Doenças causadas por fungos
Antracnose
A antracnose é causada pelo fungo Colletrotrichum gloeosporioides. Na cultura da mandioca ocorrem dois tipos de antracnose: a branda e a severa. A forma branda é causada por isolados fracos de C. gloeosporioides. Os sintomas são lesões nas hastes e folhas causadas por outros patógenos e pragas de seca de ramos terminais no final da estação de crescimento, sem causar danos a produtividade da cultura.
A antracnose severa é causa por isolados do fungo mais específicos da mandioca, provocando sérios danos em variedades suscetíveis. As condições favoráveis ao desenvolvimento da doença são alta umidade relativa e temperatura entre 18 e 23ºC. Os sintomas da doença aparecem em folhas, pecíolos e caule. Na base das folhas, são manchas de aproximadamente 1,0cm de diâmetro que as fazem cair. Na haste, o fungo provoca cancros profundos, desfolha intensa e morte dos ponteiros. O controle é feito através da poda parcial das hastes afetadas e da queima das ramas contaminadas. Outro cuidado é o uso de variedades resistentes à doença.
Podridões de Raízes
Vários fungos podem causar podridões nas raízes, no campo ou pós-colheita. Dentre eles são citados:
Phytophthora spp., Puthium spp., Fusarium spp., Diplodia manihotis, Rosellinia necatrix, Armillaria nellea, Rigiporus lgnosus, Dematophora mecatrise, Rhizoctonia sp., Aspergillus sp., Sclerotium rolfsii. Os sintomas da podridão nas raízes são: amarelecimento, murcha e queda de folhas. Num segundo momento, ocorre morte descendente de ramos. A raiz apresenta sintoma de podridão mole com exsudação de líquido de odor característico, e os tecidos afetados ficam escuros. A podridão das raízes normalmente aparece durante a estação chuvosa.
A podridão radicular está associada a solos argilosos mal drenados ou sujeitos a encharcamento ou em solos mistos. Como os patógenos sobrevivem no solo por longos períodos, a doença reaparece nas mesmas áreas em anos consecutivos.
Para o controle dessa doença, recomenda-se o plantio em solos bem drenados, seleção de manivas para o plantio, queima ou incorporação dos restos de colheita, rotação de culturas e adubação adequação.
Cercosporioses
Espécies dos gêneros Cercospora e Cercosporidium causam manchas nas folhas de mandioca. Esses fungos podem levar a perdas de 10 a 30% na produção de raízes e redução no teor de amido.
As condições que favorecem o desenvolvimento da cercosporiose são alta umidade relativa, períodos chuvosos prolongados e temperatura elevada.
O uso de variedades resistentes é uma forma eficiente de controle das cercosporioses.
Outras doenças fúngicas
Ferrugem: causada por diversas espécies do gênero Uromyces. Geralmente aparece no final do período chuvoso e permanece na planta durante o período de seca. Os sintomas são pústulas marrom-alaranjadas na face inferior das folhas, nos pecíolos e nas hastes. O controle é feito com o plantio de cultivares resistententes.
Oídio: causada por Oidium manihotis, caracteriza-se pelo aparecimento de manchas branco-acinzentadas na superfície das folhas, resultando em lesões amarelas, que tornam marrons. Ataques severos são raros e só ocorrem em condições de temperatura amena, próxima de 20ºC, alta umidade relativa e baixa luminosidade. Geralmente não há necessidade de controle da doença.
Doenças causadas por bactérias e organismos tipo micoplasma
Bacteriose ou crestamento bacteriano
A bacteriose causada por Xanthomonas campestris pv. manihotis é considerada a doença mais importante da mandioca.
Nas folhas, os sintomas são lesões locais inicialmente angulares, de aspecto encharcado, cor de palha na face superior e azulada na face inferior, atingindo o sistema vascular, a bacteriose caracteriza-se pela morte dos brotos novos, de cima para baixo, escurecimento vascular, murcha e exsudação de goma na haste e em alguns casos morte das plantas. Quando as manivas estão contaminadas, podem causar a morte de plântulas recém-emergidas.
As condições que favorecem o desenvolvimento da doença são temperatura médias diurnas de 30ºC e noturnos de 20°C e precipitações anuais de 1.200 mm. O desenvolvimento da doença diminui em períodos de seca.
A bactéria permanece viável nos tecidos infectados e tornam-se ativas com o início da estação chuvosa.
As manivas infectadas são responsáveis pela manutenção e disseminação da doença, conservando o patógeno de um ano para outro e o carregando de uma área para outra.
A rotação de culturas é uma prática recomendada para o controle, quando o novo plantio é feito com manivas sadias. Os restos de cultura devem ser incorporados ao solo ou removidos e queimados. As plantas daninhas devem ser eliminadas. Um intervalo de seis meses na ausência de hospedeiros é suficiente para evitar a sobrevivência do patógeno.
O uso de material propagativo sadio é a forma mais eficaz de controle. Este material pode ser obtido pelo enraizamento de estacas jovens sem sintomas em áreas isoladas. No preparo das estacas para plantio, é recomendado desinfestar as ferramentas com hipoclorito de sódio a 2%.