Território Mata Sul Pernambucana
Características do Território
Autores
Josué Francisco Silva Júnior - Embrapa Tabuleiros Costeiros
Yara Caldas Machado - Consultora autônoma
Waldemar Borges Rodrigues Filho - Consultor autônomo
Maviael Fonseca de Castro - Instituto Agronômico de Pernambuco - IPA
Luiz Fernando Mesquira Cavalcanti Filho - Consultor autônomo
José Gouveia de Figueiroa - Consultor autônomo
A microrregião da Mata Sul Pernambucana (Figura 1), também chamada de Mata Meridional ou Mata Úmida Pernambucana, que compreende 24 municípios (Figura 2), possui uma área de 4.524,1 km² e uma população de 605.448 habitantes. Os municípios abrangidos pela microrregião são: Água Preta, Amaraji, Barreiros, Belém de Maria, Catende, Chã Grande, Cortês, Escada, Gameleira, Jaqueira, Joaquim Nabuco, Maraial, Palmares, Pombos, Primavera, Quipapá, Ribeirão, Rio Formoso, São Benedito do Sul, São José da Coroa Grande, Sirinhaém, Tamandaré, Vitória de Santo Antão e Xexéu. A principal atividade agropecuária e agroindustrial é a cana-de-açúcar e seus derivados, mas outras também merecem destaque, como os cultivos de banana, mandioca, hortaliças, inhame e coco; a bovinocultura; a pesca artesanal; o extrativismo de mariscos e crustáceos; e o cultivo de outras fruteiras tropicais. O turismo é uma atividade bastante significativa, uma vez que o território é favorecido por recursos naturais que já vêm sendo explorados (praias, Mata Atlântica, estuários, rios etc.), pela cultura (gastronomia, artesanato, danças, folguedos etc.) e pela história (usinas, engenhos, igrejas, batalhas etc.).
Figura 2. Paisagem da Mata Sul Pernambucana: rio Ipojuca no Município de Primavera.
Considerando a divisão adotada pelo Instituto de Planejamento do Estado de Pernambuco (Condepe), o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável da Zona da Mata de Pernambuco (Promata) subdivide a Zona da Mata em dez territórios de desenvolvimento, que contemplam os 43 municípios da mesorregião. Os territórios de desenvolvimento são ambientes onde se abrangem espaços comuns (município/comunidade), e existem potencialidades inter-relacionadas que possibilitam a implementação de ações políticas, econômicas, sociais e culturais de forma sistêmica e integrada, objetivando o seu desenvolvimento sustentável. Nesta divisão também considerada pelo Promata, a Mata Sul Pernambucana é composta pelos territórios 05, 06, 07, 08 e 09 mostrados na Figura 2, onde um ou mais centros urbanos de influência determina a dinâmica em cada território.
Desse modo, o Promata tem atuado em todos os municípios da microrregião, embora a divisão do território da Secretaria de Desenvolvimento Territorial do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) contemple apenas 18 municípios da Zona da Mata Sul (Água Preta, Amaraji, Barreiros, Belém de Maria, Catende, Cortês, Gameleira, Jaqueira, Joaquim Nabuco, Maraial, Palmares, Primavera, Ribeirão, Rio Formoso, São Benedito do Sul, São José da Coroa Grande, Tamandaré e Xexéu), e um do Agreste (Bonito) (Figura 3).
A Mata Sul Pernambucana desempenha um papel estratégico na economia do estado, tendo em sua história um desenvolvimento com raízes culturais ligadas à agroindústria canavieira, mas também às histórias de resistências e de lutas para a sobrevivência, até porque é onde se concentra a força de trabalho dos menos privilegiados e onde está a maior concentração de assentamentos da reforma agrária do Estado de Pernambuco. O território possui 4.951 agricultores familiares, 10.053 famílias assentadas e uma comunidade quilombola (Engenho Siqueira, em Rio Formoso). A principal cidade é Palmares, embora Barreiros seja um importante centro de confluência no litoral.
Se por um lado existem fatores que indicam uma potencialidade extraordinária da região, tais como:
1. Solos aptos para as mais diversas atividades agropecuárias;
2. Água abundante em toda região;
3. Alta pluviosidade;
4. Boas vias de comunicação, com tendência a melhorar (BR 101 duplicada), e proximidade com o Complexo Portuário de Suape;
5. Região toda eletrificada;
6. Proximidade a grandes centros de consumo, a exemplo da Região Metropolitana do Recife, Maceió e Caruaru;
7. Condições naturais e históricas favoráveis a programas de turismo;
8. Exuberância natural da região.
Por outro lado, vis a vis a essa potencialidade, os indicadores socioeconômicos da região são preocupantes, apresentando-se fortemente negativos:
1. IDH = 0,616;
2. População pobre – 63% dos chefes de família ganham até um salário mínimo, que muitas vezes se confunde com a renda familiar;
3. Inúmeros domicílios com inadequado abastecimento de água;
4. 61,5% dos domicílios com inadequado esgotamento sanitário;
5. Inadequado tratamento de lixo, com consequências na saúde da população, afetando inclusive sua capacidade produtiva e minando sua capacidade mental;
6. Alta taxa de mortalidade infantil (35 mortes por 1.000 nascidos);
7. Alta incidência de tuberculose, dengue, leishmaniose;
8. 35% de analfabetos na faixa de 15 anos ou mais;
9. Alta migração de jovens em busca de oportunidades de crescimento em outros centros;
10. O cultivo quase exclusivo da cana de açúcar que compromete a segurança alimentar da maior parte da população e em consequência sua eficiência profissional;
11. Também em consequência dessa predominância da cana de açúcar, as feiras comercializam, em quase sua totalidade, mercadorias produzidas fora da região.