Território Mata Sul Pernambucana
Fusama
Autor
Israel Agostinho Santiago - Consultor autônomo
O Fundo de Proteção à Saúde e Meio Ambiente (Fusama) é uma instituição com características de uma organização da sociedade civil de direito privado e interesse público, que desde 1992 trabalha prioritariamente na Zona da Mata Úmida Pernambucana, combatendo a pobreza e a exclusão social, através de estratégias de desenvolvimento sustentável, baseadas nos princípios da viabilidade econômica, justiça social e preservação do meio ambiente. Os programas da Fusama são destinados à educação, saúde, organização comunitária, agroecologia, promoção de justiça e ajuda humanitária. O público alvo são pessoas com baixa escolaridade, renda familiar inferior a três salários mínimos e pouca possibilidade de inserção no mercado tradicional.
Criada em um momento de crise do setor produtor de açúcar e álcool, predominante na Zona da Mata canavieira, com uma proposta de intervenção qualificada, voltada para os empreendimentos associativos, a instituição trabalha para promover inclusão socioeconômica como meio de ampliação do conhecimento e transformação. A partir de 2001, a Fusama, em parceria com Organizações Não Governamentais, empresas privadas, Governo e movimentos sociais, contribuiu para a criação do Pólo de Agricultura Orgânica de Pernambuco. Em 2010, a instituição criou a Rede Atlântico Sul, que articula diversos empreendimentos familiares na região. Atualmente os esforços da Fusama estão concentrados no operacional de cinco Bases de Serviços e Apoio à Comercialização (BSCs), localizadas em três territórios pernambucanos e na CECAF/CEASA-PE. Essas BSCs estão recebendo suporte financeiro para apoiar os empreendimentos articulados nos territórios e viabilizar acesso às políticas públicas de comercialização (PAA/PNAE). O trabalho já beneficiou mais de 1.000 agricultores-(as) em Pernambuco. Os bons resultados estão possibilitando ampliar o alcance das ações e estender as atividades para outras regiões do Brasil.
Para estimular a organização comunitária e o fortalecimento dos empreendimentos produtivos de base familiar, a Fusama, em parceria com o Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) e a União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), promove encontros locais, regionais e nacionais, como estratégia de fortalecimento organizacional dos empreendimentos cooperativos voltados para a estruturação produtiva e promoção de oportunidade de mercado com responsabilidade social.
Sempre focada em sua missão de apoiar a população carente, através de práticas que preservem a salubridade ambiental e a sustentabilidade dos empreendimentos associativos familiares, sempre atentos aos preceitos da moral cristã, a organização vem trabalhando para se tornar referência na gestão responsável, com sensibilidade, transparência e autonomia buscando valorizar as pessoas, oferecendo oportunidades de inclusão social para as comunidades em situação de risco.
Com sede em Amaraji, uma pequena cidade da Mata Sul de Pernambuco, localizada a 92 km do Recife, com potencial turístico e agrícola, a Fusama iniciou suas atividades distribuindo medicamentos às pessoas necessitadas, na intenção de combater a pobreza e as desigualdades sociais. Nesse sentido, a Fusama apóia várias organizações de pequenos produtores espalhadas pelo estado, realizando estudos de viabilidade econômica, planos de negócios, estudos de cadeias produtivas, difusão tecnológica, panos de manejo sustentável, acesso a crédito, acesso a mercados de forma justa entre outras iniciativas. Exemplo disso é a Associação de Mulheres Empreendedoras de Amaraji (AMEA), formada por mulheres com baixa renda, que se organizaram para produzir e vender pequenos animais, produtos da culinária local, artesanato e confecções. Com o apoio do Governo, essas mulheres adquiriram insumos para produzir e estão comercializando seus produtos. Outro exemplo é a Cooperativa de Produção e Desenvolvimento Rural e Urbano (Condrup) e a Associação dos Pequenos Agricultores de Prata Grande (Asprag), que tiveram os produtores orientados para a produção agroecológica e cadastrados no sistema OCS (Organismo de Controle Social) de qualidade da produção orgânica via Comissão de Produtos Orgânicos de Pernambuco (CPOrg) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Contando com um quadro técnico de profissionais contratados e colaboradores espontâneos, a instituição atravessou vários anos com atuação modesta voltada para cultura local e a preservação do meio ambiente. Os principais desafios identificados são a mudança da cultura individualista, o modelo produtivo dependente de insumos industrializados e a integração de políticas públicas para garantir a continuidade do desenvolvimento com sustentabilidade e responsabilidade.