Café arborizado
A arborização do cafezal é uma prática que diversifica a lavoura, aumenta a população de inimigos naturais e gera renda extra ao produtor, diminuindo os riscos provocados pela queda de preço do café no mercado. As duas espécies de café mais cultivadas no mundo, Coffea arabica e Coffea canephora são originadas de bosques africanos e, por isso, aceitam bem o sombreamento, podendo ser cultivados em sistemas agroflorestais com sombras de 20% a 40%.
Dentre os benefícios provenientes da associação do cafeeiro com árvores, destacam-se o aumento da longevidade da cultura e a melhoria das condições de solo, com o aumento do teor de matéria orgânica, da ciclagem de nutrientes e da infiltração de água e a redução da compactação do solo e da erosão. Ocorre também a melhoria das condições climáticas, bem como a diminuição da demanda nutricional, permitindo colheitas em solos de fertilidade mais baixa. Sistemas diversificados são mais protegidos contra pragas, doenças, ventos e geadas. Outras vantagens do cultivo arborizado são a redução da necessidade de capinas e o amadurecimento mais lento do fruto, resultando na produção de grãos maiores e mais uniformes, o que muitas vezes caracteriza produtos de melhor qualidade e valor de mercado. Espécies arbóreas que têm apresentado sucesso na arborização do café são a Erytrina spp e a Gliricidia sepium.
Cafeicultura orgânica
A cafeicultura orgânica é um sistema de produção que exclui o uso de agrotóxicos e de adubos minerais de alta concentração e solubilidade, fundamentando-se em princípios agroecológicos. Por isso, é importante que a escolha da cultivar leve em consideração que a ferrugem é a principal doença do cafeeiro e que ainda não há produto alternativo eficiente para seu combate. Portanto, a principal alternativa para reduzir a ocorrência de ferrugem é optar por cultivares resistentes a esta doença. Além disso, dependendo da região onde for implantada a cultura, é importante selecionar cultivares resistentes à seca. A adubação é baseada no uso de estercos animais, compostos orgânicos, adubos verdes, torta de mamona, farinha de ossos, termofosfatos, preparados tipo bokashi, entre outras fontes alternativas previstas na legislação vigente.
A adubação verde com espécies leguminosas é uma prática muito importante para os sistemas orgânicos, devendo ser utilizada sempre que possível por constituir uma alternativa para diversificar a lavoura, principalmente porque os adubos verdes são excelentes fontes de matéria orgânica, reciclam nutrientes, além de introduzirem nitrogênio no sistema via processo de fixação biológica de nitrogênio atmosférico.
A elaboração e o uso de compostos orgânicos também constitui outra prática importante para o manejo orgânico por ser uma boa opção de adubo. Podem ser feitos a partir de técnicas como minhocultura ou gongocompostagem, por exemplo. Também pode ser usado o composto 100% vegetal desenvolvido na Fazendinha. A fim de reduzir os custos do processo de compostagem, o produtor pode utilizar resíduos vegetais existentes na propriedade ou que sejam de fácil aquisição na região. As pilhas de compostos devem ser construídas próximo ao local onde o composto será utilizado, para não aumentar os custos com transporte.
A vegetação espontânea não deve ser totalmente eliminada, mas manejada por meio de roçadas com roçadeiras costais e capinas manuais realizadas de forma seletivas, eliminando as espécies mais agressivas e mantendo as espécies de porte baixo que possam servir de cobertura viva e as que possam trazer algum benefício à área cultivada, como as leguminosas, que fixam o nitrogênio atmosférico.
Controle biológico
Para o controle de pragas e doenças são utilizados produtos alternativos como medida preventiva, tais como as caldas sulfocálcica e bordalesa, que exercem função fungicida, acaricida e de repelência; a calda viçosa, que, além de fungicida, acaricida e repelente, funciona também como um adubo foliar, pois contém sais minerais na sua formulação. Outra fonte são os biofertilizantes, tanto os sólidos, que são aplicados como fertilizantes, como os líquidos, que são utilizados como adubos foliares, além de exercerem controle sobre insetos, ácaros, fungos, bactérias, nematóides e outros.
Os cuidados necessários na colheita para se obter um produto de qualidade devem ser os mesmos do sistema convencional, isto é, colher somente os grãos maduros, separar os verdes e iniciar a secagem o mais rapidamente possível. A fim de evitar a fermentação do produto colhido, a secagem deve ser feita em terreiro de cimento ou suspenso e os grãos devem ser revirados várias vezes por dia, entre outros cuidados.
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Gongocompostagem
A gongocompostagem é mais uma possibilidade de compostagem de resíduos orgânicos de origem vegetal. Ela é realizada pelos gongolos - também conhecidos como piolhos-de-cobra, maria-café ou embuás -, pequenos invertebrados que possuem uma excepcional capacidade trituradora, sendo capazes de se alimentar de materiais fibrosos como bagaço de cana-de-açúcar, sabugo de milho, aparas de grama e até papelão. O composto gerado dá origem, em cerca de 90 dias, a um substrato para produção de mudas muito leve, o que facilita o transporte no campo. Além disso, esses organismos são facilmente encontrados nas propriedades rurais e seu manejo é muito semelhante ao das minhocas. Eles vivem escondidos embaixo de folhas, pedras ou troncos de árvores, sendo às vezes confundidos com pragas. Leia mais.
Minhocultura ou vermicompostagem
A minhocultura ou vermicompostagem é o processo de reciclagem de resíduos orgânicos por meio da criação de minhocas, sendo uma importante alternativa para resolver os problemas dos dejetos orgânicos. O húmus de minhoca é um excelente fertilizante e pode ser utilizado como matéria-prima para a obtenção de substratos. Esta é uma linha de pesquisa estudada na Fazendinha Agroecológica, resultando no desenvolvimento de diversas técnicas e estruturas para o sucesso da criação das minhocas, como cercados de alvenaria ou bambu e manilhas de poço. Leia mais.
Uso de energia renovável na irrigação
A energia elétrica é um dos insumos básicos para a erradicação da miséria no campo - e sua falta é um grande entrave ao desenvolvimento rural. Para muitos agricultores, a irrigação é uma prática essencial, sem a qual não se produz, devido à falta de chuvas regulares. O uso sustentável da irrigação está ligado à racionalização do uso da água e, como a maioria dos sistemas pressurizados usa a energia elétrica, a utilização de energias renováveis (solar e eólica) tende a minimizar os custos de produção, além de viabilizar a irrigação em locais com fornecimento inadequado de energia. Esse trabalho é realizado na Fazendinha, e alternativas viáveis já existem para o melhor aproveitamento de energias limpas e com custos muito mais baixos do que os das fontes tradicionais.