Gongocompostagem
A gongocompostagem é mais uma possibilidade de compostagem de resíduos orgânicos de origem vegetal. Ela é realizada pelos gongolos - também conhecidos como piolhos-de-cobra, maria-café ou embuás -, pequenos invertebrados que fazem parte da fauna do solo e que possuem uma excepcional capacidade trituradora, sendo capazes de se alimentar de materiais fibrosos como bagaço de cana-de-açúcar, sabugo de milho, aparas de grama e até papelão. Na verdade, toda matéria orgânica de origem vegetal seca pode ser fonte de alimentação dos gongolos. A recomendação, no entanto, é de que de 30% a 40% do volume total de resíduos a serem compostados sejam constituídos de leguminosas, para o fornecimento de nitrogênio, visando ao equilíbrio de nutrientes para o composto final.
Esses organismos são facilmente encontrados nas propriedades rurais e seu manejo é muito semelhante ao das minhocas. Eles vivem escondidos embaixo de folhas, pedras ou troncos de árvores, sendo às vezes confundidos com pragas. Há inúmeras espécies de gongolos, sem restrições para uso na gongocompostagem - o ideal é que seja empregada a espécie com mais ocorrência na propriedade.
Tempo de produção do composto
O composto gerado dá origem, em cerca de 90 dias, a um substrato para produção de mudas muito leve, o que facilita o transporte no campo. A partir de três meses após o início do processo já haverá uma quantidade considerável de resíduos, os quais podem ser peneirados em malha de dois milímetros para serem utilizados como substrato para plantas. Porém, para obter mudas mais vigorosas recomenda-se aguardar até quatro meses após o início do processo.
Testado na produção de mudas de hortaliças, o gongocomposto não perde em nada para os melhores substratos comerciais. A produção do composto não requer muita mão de obra e pode ser uma boa alternativa para o produtor aproveitar resíduos orgânicos existentes na propriedade e ainda reduzir custos com o uso do substrato obtido. A construção de um gongolário é simples e sua instalação deve ser preferencialmente em locais sombreados e protegidos da chuva, em terrenos elevados e planos, facilitando o sistema de drenagem e manejo. O gongolário pode ser construído de diversas maneiras, sempre visando à retenção dos animais, que podem escalar as paredes e escapar. A quantidade de gongolos indicada para começar a gongocompostagem é de 1 litro - cerca de 1,8 mil indivíduos. Para um bom desenvolvimento, a umidade dos resíduos deve estar entre 50% e 85%.
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Outras tecnologias:
Produção de mudas de hortaliças
Moirão vivo
As cercas fazem parte da paisagem rural brasileira. Tradicionalmente, os moirões utilizados para sua construção são retirados do meio ambiente a partir do corte de árvores e, após tratamento para aumentar sua durabilidade, são fixados no solo. Em seguida, é esticado por eles o arame para cercar a área. O conceito do moirão vivo baseia-se na lógica da não derrubada de árvores para a construção de cercas, mas de seu plantio na linha divisória da área que se quer isolar para, a partir daí, esticar-se o arame. Algumas espécies, como o mulungu (Erytrina spp) e a gliricídia (Gliricidia sepium), podem ser utilizadas para esse fim. Ambas possuem boa porcentagem de brotação a partir de estacas, sem a necessidade de adição de hormônios de crescimento, sendo que, cerca de dois anos após o plantio, já podem receber o arame para fazer o isolamento da área. Essa tecnologia exige planejamento por parte do agricultor, mas possui vantagens como baixo custo e maior durabilidade, além de um efeito paisagístico belíssimo. Leia mais.
Minhocultura ou vermicompostagem
A minhocultura ou vermicompostagem é o processo de reciclagem de resíduos orgânicos por meio da criação de minhocas, sendo uma importante alternativa para resolver os problemas dos dejetos orgânicos. O húmus de minhoca é um excelente fertilizante e pode ser utilizado como matéria-prima para a obtenção de substratos. Esta é uma linha de pesquisa estudada na Fazendinha Agroecológica, resultando no desenvolvimento de diversas técnicas e estruturas para o sucesso da criação das minhocas, como cercados de alvenaria ou bambu e manilhas de poço. Leia mais.
Sistemas agroflorestais
Sistemas agroflorestais - ou SAFs - são modelos de produção que associam árvores com culturas agrícolas e, às vezes, também com animais, de maneira simultânea ou sequencial. Na Fazendinha, alguns modelos têm sido testados, desde os mais simples, como o cultivo em aleias, até os mais complexos, como o sistema agroflorestal regenerativo e análogo (Safra), no qual são plantadas mais de 50 espécies por hectare. No cultivo em aleias são plantadas árvores em fileiras, com espaçamento entre as linhas de cinco a seis metros, onde são cultivadas diferentes espécies agrícolas. Já o Safra é utilizado na Fazendinha para fazer a interligação de fragmentos florestais, amortizando os custos do reflorestamento com espécies nativas da Mata Atlântica a partir do cultivo concomitante de aipim, feijão, abacaxi, banana, espécies frutíferas e madeireiras. O Safra apresenta grande potencial na recomposição de áreas ciliares em propriedades rurais, onde o agricultor poderá associar rendimento econômico com conservação ambiental. Leia mais.