O avanço mundial dos transgênicos
O avanço mundial dos transgênicos
As lavouras com plantas transgênicas ocuparam, em 2016, a área de 185,1 milhões de hectares, cultivadas por 18 milhões de produtores rurais em 26 países. Dado que as lavouras, em todo o mundo, somam 1,5 bilhão de hectares, significa que 12,3% dos cultivos são transgênicos. Desde 1996, quando foram plantados os primeiros 1,7 milhão de hectares, a área cultivada com plantas modificadas, com genes de outras espécies, multiplicou por cerca de 110 vezes.
As informações estão no último relatório anual publicado pelo Serviço Internacional para Acesso às Aplicações Agrobiotecnológicas (ISAAA), a ONG baseada na Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, que se dedica a estimular e a facilitar a adoção de cultivos transgênicos e biotecnológicos por produtores rurais pobres, como forma de melhorar suas rendas.
Segundo o relatório de 2016, os cultivos transgênicos avançaram mais rapidamente nos países em desenvolvimento, que somam 19 dos países produtores e respondem por 99,6 milhões de ha, e, particularmente, na América Latina. Os países industrializados respondem por 85,5 milhões de hectares.
Os Estados Unidos têm a maior (72,9 milhões de ha) e mais diversificada área de transgênicos, com milho, soja, algodão, canola, beterraba açucareira, alfafa, mamão papaya, abóbora e batata. O Brasil tem a segunda maior área de transgênicos, com 49,1milhões de hectares, usados no plantio de soja, milho e algodão.
O terceiro é a Argentina (23,8 M de ha), seguido pelo Canadá (11,6 M de ha) e pela Índia (10,8 M de ha), Paraguai (3,6M), Paquistão (2,9M), China (2,8M), África do Sul (2,7M), Uruguai (1,3M) e Bolívia (1,2M). México, Costa Rica, Honduras, Colômbia e Chile, que cultivam 100 mil hectares ou menos, os quais, reunidos com os outros países latino-americanos citados, somam aproximadamente 80 milhões de ha com cultivos transgênicos.
A soja é a cultura mais plantada, ocupando 50% da área total de lavouras transgênicas. A seguir, pela ordem, vem o milho (33%), algodão (12%) e canola (5%). No restante 1% da área plantada cultivam-se outros produtos, que compõem uma longa lista: maçã, feijão (ainda não cultivado), flores como cravo, rosa e petúnia, chicória, forrageiras, beringela, eucalipto, mamão papaya, ameixa, álamo (madeira), batata, arroz, cana de açúcar, pimenta doce, tomate e trigo.
O relatório do ISAAA defende que o uso de transgênicos trouxe vários e relevantes benefícios. Segundo ele, o aumento da produtividade das lavouras, no período de 1996 a 2015, trouxe ganhos na renda bruta rural da ordem de 167,8 bilhões de dólares, ao mesmo tempo em que teria evitado o uso agrícola, com aração e plantio, de 174 milhões de hectares, conservando a biodiversidade.
Haveria expressivos ganhos ambientais, segundo o relatório. Estimam que os transgênicos ajudaram a reduzir em 19% o impacto do uso de herbicidas e inseticidas. Além disso, teria reduzido a emissão de CO2 e o efeito estufa, ajudando a mitigar as mudanças climáticas. Calcula-se que, em 2015, teriam evitado que 26,7 bilhões de kg de CO2 fosse lançado ao espaço. Por fim, estimam que o uso de transgênicos também beneficiou 18 milhões de famílias rurais pobres, num total de 65 milhões pessoas, na medida em que ajudou a reduzir a fome e a pobreza.
ISAAA é, basicamente, uma rede internacional de cientistas, organizada por pesquisadores canadenses e norte-americanos, a partir da convicção de que os transgênicos poderiam ser extremamente valiosos em ajudar os pequenos produtores, desde que dificuldades como pagamento de royalties fossem superadas.
A rede é financiada por doadores públicos e privados. Entre seus patrocinadores estão o Departamento de Agricultura e o Departamento de Estado dos EUA, a Agência dos EUA para Desenvolvimento (USAID), universidades como Cornell, fundações, institutos internacionais como o IFPRI, governos africanos e asiáticos além de empresas como a Monsanto.
O ISAAA mantém três centros internacionais: em Ithaca, nos EUA, em Nairóbi, no Quênia, e em Laguna, nas Filipinas. Suas informações sobre o assunto tem a reputação de extremo rigor e precisão, já que fornecidas por governos, instituições científicas e empresas de insumos. Veja mais informações no site http://www.isaaa.org.
Renato Cruz Silva (MTb 610/04/97v/DF)
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