Embrapa Hortaliças
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Sistema de produção de mandioquinha-salsa
Embrapa Hortaliças
Sistemas de Produção, 1
ISSN 2763-6801
mai/2021
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Doenças
Tabela 6. Principais doenças da mandioquinha-salsa, sintomas e aspectos epidemiológicos.
Doença | Sintomas | Aspectos epidemiológicos |
Murcha de Esclerotínia | A planta começa por amarelecer, seguindo-se sua murcha e apodrecimento. Ocorre a formação de micélio branco cotonoso sobre as partes atacadas, daí o outro nome dado à doença - mofo branco (Figura 21). Verifica-se também a formação de estruturas propagativas chamadas escleródios, semelhantes a fezes de rato.
| A doença é favorecida por alta umidade relativa do ar (> 85%) associada a temperaturas amenas (em torno dos 15 °C). A disseminação ocorre principalmente pela dispersão dos escleródios aderidos a plantas matrizes retiradas de campos infectados, assim como pelo trânsito de máquinas e ferramentas de campos contaminados para áreas sadias. Os escleródios permanecem viáveis no solo por, pelo menos, 10 anos, servindo de inóculo em plantios posteriores, em mandioquinha-salsa ou outras espécies sensíveis ao fungo como feijão, alho, alface, tomate, repolho e girassol, entre outras. Por isso, é fundamental a eliminação dos restos culturais após a colheita. |
Podridão das raízes | Os sintomas nas raízes são depressões de aspecto encharcado, causando decomposição dos tecidos. É a chamada podridão-mole, apresentando odor característico extremamente desagradável, não exatamente pelo ataque de Pectobacterium, mas pela ação de microorganismos decompositores associados ao seu ataque. Os sintomas em plantas no campo são amarelecimento e apodrecimento. | A bactéria pode ser transmitida pelo material propagativo ou pelo plantio sob condições satisfatórias ao desenvolvimento da bactéria, ou seja, altas temperaturas e umidade relativa (Figura 22), especialmente em solos mal drenados. Em épocas quentes e chuvosas, o plantio é dificultado, pois o próprio corte em bisel feito no plantio pode ser porta de entrada para o ataque da bactéria O pré-enraizamento pode viabilizar plantios nessas épocas. Nas raízes, a penetração ocorre pela ação de um agente primário, seja broca, nematoide, ferimentos por enxadas no campo, danos na pós-colheita, seguida então da infecção secundária pela bactéria. |
Doenças foliares | Pequenas manchas castanhas com lesões centrais onde se localizam os corpos de frutificação dos fungos. | A disseminação desses ocorre pela ação do vento ou, principalmente, pela ação da água da chuva ou da irrigação. |
Crestamento-bacteriano Xanthomonas campestris pv arracaciae | Manchas angulares de coloração escurecida, com aspecto encharcado, seguindo-se a formação de halo amarelado e secamento das folhas. Pode haver exsudação. | A doença é favorecida por alta umidade relativa do ar (< 85%) associada a temperaturas altas (acima dos 24°C), sendo mais intensa quando sob adensamento excessivo da lavoura. |
Nematoides-das-galhas
| Formação de galhas nas raízes (Figura 23), depreciando-as em quantidade e qualidade, com até 100% de perdas na produção comercial. Plantas amarelecidas e subdesenvolvidas que podem apodrecer pela ação de bactérias. | Altas temperaturas (acima dos 24°C) e solos arenosos favorecem a multiplicação de nematoides-das-galhas. |
Nematoide-das-lesões
| Lesões necróticas escurecidas nas raízes, com rachaduras superficiais (Figura 24). | É transmitido por material propagativo contaminado. Restos culturais de touceiras incorporadas ao solo contaminam este para plantios em anos posteriores. |
Deve-se conhecer a ecologia, épocas de ocorrência e diagnose das doenças. Como medidas de controle geral, além da escolha de local bem drenado e com histórico favorável, sem a ocorrência de patógenos em cultivos antecedentes, uma nutrição equilibrada e irrigação adequada, tem-se o uso de material propagativo sadio e desinfetado previamente ao plantio, a pré-brotação ou o pré-enraizamento de mudas e as vistorias de campo. Nas vistorias, as plantas atacadas devem ser arrancadas, postas em sacos, e retiradas da área, tratando-se o local em seguida com cal virgem.
Figuras 21 e 22. Murcha-de-esclerotínia (Sclerotinia sclerotiorum) e podridão por Pectobacterium spp. (antiga Erwina spp.) em mandioquinha-salsa. (Fotos: Nuno R. Madeira).
Figuras 23 e 24. Ataque de nematoides-das-galhas (Meloidogyne spp.) e de nematoides-das-lesões (Pratylenchus spp.) em mandioquinha-salsa. (Fotos: Jadir. B. Pinheiro).
É importante recolher os restos culturais de touceiras. A melhor forma de eliminá-las é pelo seu aproveitamento para alimentação animal, comum em regiões como Angelina, principal polo de produção de Santa Catarina, e algumas localidades de Minas Gerais.
A rotação de culturas é fundamental para o controle da doença, devendo ser feita com espécies que não sejam hospedeiras dos principais patógenos, como milho, arroz, pastagens, entre outras. Além disso, o alqueive por 60 a 90 dias, com gradagens periódicas e o revolvimento do solo, pode ser uma prática interessante para baixar a população de nematoides, eliminando os juvenis por ressecamento.
As doenças podem ocorrer, também, no transporte e no armazenamento das raízes. Na colheita e na pós-colheita, deve-se efetuar manuseio cuidadoso de modo a minimizar a ocorrência de microferimentos, com o mínimo de impacto e atrito. Na lavagem, água limpa e preferencialmente fria. Antes de acondicionar as raízes nas caixas para o transporte, estas devem secar em bancadas ou girais, sendo recomendado o uso de ventiladores, pois quanto mais rápida é a secagem, menor é a evolução da doença. O transporte noturno, em horas mais frescas, também reduz a evolução da doença.