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Introdução Introdução

É originária da Cordilheira dos Andes Setentrionais, do Peru à Colômbia, incluindo o  Equador, de regiões com altitude entre 1.700 e 2.500 m e temperaturas médias anuais entre 15 e 18oC e temperaturas extremas de 10 a 28ºC. 

Há documentos que registram a introdução da mandioquinha-salsa no Brasil em 1907, presente de uma missão colombiana em uma reunião no Rio de Janeiro. Pela exigência em clima ameno, as plantas foram levadas para Nova Friburgo, colônia suíça na região serrana do Estado do Rio de Janeiro. Provavelmente, os primeiros cultivos foram realizados em terras que pertenceram ao Barão de Friburgo e deduz-se que é daí que vem seu nome popular no Rio de Janeiro, por derivação de “batata-do-barão” a “batata-baroa” ou simplesmente “baroa”. Parece ter sido introduzido três tipos, dentre eles a Amarela Comum e a Branca e, possivelmente também a de folhas roxas. 

O cultivo disseminou-se, então, por Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Espírito Santo, em regiões de clima ameno, com altitudes superiores a 800 m. Foi recebendo diferentes denominações, conforme a região. Os nomes comuns mais frequentes são: baroa ou batata-baroa (Rio de Janeiro, Espírito Santo, Zona da Mata de Minas Gerais e Distrito Federal), mandioquinha (São Paulo e Sul de Minas) e batata-salsa (Paraná e Santa Catarina). Outros nomes regionais são batata-aipo (região de Diamantina e Santa Catarina), batata-fiúza (região de Lavras), cenoura-amarela (região de Barbacena), batata-jujuba (região de Patrocínio) e batata-do-padre (Nordeste do Rio Grande do Sul). No meio científico, porém, têm-se uniformizado a denominação para mandioquinha-salsa desde o I Encontro Técnico de Mandioquinha-salsa realizado em 1984 em Barbacena, Minas Gerais.

Os dados de produção são escassos. Na tabela 1 apresenta-se um levantamento realizado no 9º Seminário Nacional de Mandioquinha-salsa, realizado em maio de 2018 em Minas Gerais. Pode-se observar que após ser cultivada em mais de 20 mil hectares por volta do ano 2000, houve retração no plantio por questões de mercado e de adversidades climáticas.

Tabela 1: Área, produtividade e produção nos principais Estados produtores.

Estado

Área (ha)

Produtividade (t/ha-1)

Produção (t)

Minas Gerais

4.000

17,00

68.000

Paraná

2.557

11,88

30.396

Santa Catarina

1.245

12,85

16.000

São Paulo

499

15,00

7.485

Espírito Santo

295

10,00

300

Outros: DF, RS, RJ, GO, MS e BA

8.626

13,37

126.504

Fonte: Embrapa, 2018.

Mundialmente, a produção concentra-se na América do Sul. O Brasil é hoje o maior produtor mundial, seguido pela Colômbia, com 92 mil toneladas em 8.870 hectares (Embrapa, 2018). Também são produtores importantes a Venezuela e o Peru, seguidos por Equador e Bolívia. Ocorre a produção localizada ainda no Noroeste da Argentina e na América Central (Porto Rico, Cuba, Haiti e Costa Rica) e há citações de sua introdução em Sri Lanka. Recentemente, foi introduzida em Moçambique, na África (Ecole et al., 2015).

Constitui-se em ótima alternativa para pequenos e médios produtores, especialmente para a agricultura familiar, em função da grande demanda por mão-de-obra nas fases de preparo de mudas, plantio e colheita, operações que exigem critério e capricho, além do relativamente baixo custo de produção. Por sua elevada valorização no mercado, assume grande importância socioeconômica nas regiões onde o cultivo é intenso.

Por sua rusticidade e baixa utilização de insumos, sendo cultura com média exigência em fertilidade, é relativamente simples sua adequação ao cultivo orgânico, desde que adotando-se boas práticas agrícolas, o que vai de encontro à crescente demanda por produtos sem resíduos de agrotóxicos. Entretanto, com o aumento das áreas e a adoção de tecnologias para a produção em larga escala como a mecanização e a irrigação via pivô central, observa-se o crescente surgimento de problemas fitossanitários. 

Com relação a aspectos nutricionais, caracteriza-se como alimento essencialmente energético, sendo alimento saudável e de fácil digestão. Dos carboidratos totais, cerca de 80% corresponde a amido e 6% a açúcares totais. Seu amido contém baixos teores de amilopectina e ausência de fatores antinutricionais, o que lhe confere alta digestibilidade.

Tabela 2: Composição nutricional de raízes, sem casca.

Componente

Teor

Componente

Teor

Fibras (%)

0,6

Cobre (mg)

0,59

Calorias

125,5

Manganês (mg)

2,80

Água (%)

76,7

Zinco (mg)

1,80

Vit. A - retinol (μg)

20,0

Potássio (mg)

586,6

Vit. B - tiamina (μg)

60,0

Sódio (mg)

61,5

Vit. B2 - Riboflavina (μg)

40,0

Cálcio (mg)

45,0

Vit. B5 - niacina (μg)

3,4

Ferro (mg)

0,67

Vit. C - ác. ascórbico(mg)

28,0

Fósforo (mg)

101,0

fonte: Luengo, 2000.