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Doenças Doenças

Doenças de plantas são anormalidades provocadas geralmente por microrganismos, como bactérias, fungos, nematóides e vírus, mas podem ainda ser causadas por falta ou excesso de fatores essenciais para o crescimento das plantas, tais como nutrientes, água e luz. Neste caso, são também conhecidas como distúrbios fisiológicos.

Várias são as medidas que podem ser adotadas para evitar a ocorrência de doenças em plantas ou mesmo reduzir seu impacto no produto comercial. A observação harmoniosa de um conjunto de medidas de controle, também conhecido como controle integrado, tem como objetivo principal a redução da necessidade do uso de agrotóxicos.

Para que as doenças sejam bem controladas é necessário que a cultura seja bem conduzida, ou seja, que a planta não esteja sujeita a estresses provocados por fatores diversos, tais como época de plantio desfavorável, adubação desbalanceada, ferimentos nas plantas, competição com plantas daninhas e o uso de cultivares não adaptadas ao clima. Dentre estes fatores, deve ser dada atenção especial ao tipo de solo e modo de irrigação. Plantas de pimenta são muito sensíveis a solos encharcados e morrem prematuramente por esta causa. O controle de doenças de plantas é, mais que tudo, ‘medicina preventiva’, ou seja, a estrita observação de medidas que devem ser adotadas antes mesmo do plantio.

A seguir, são mencionadas algumas medidas para evitar o aparecimento de doenças ou reduzir seu efeito:

  1. Plantar sementes de boa qualidade, adquiridas de firmas idôneas. Em caso de produção própria, devem ser escolhidas as plantas saudáveis para se retirar sementes. Muitas doenças das pimentas são transmitidas pela semente;
  2. Preferir variedades bem adaptadas ao clima local e à época de plantio, e que tenham resistência às principais doenças que ocorrem na região. Estas informações podem ser obtidas em catálogos de empresas de sementes;
  3. Escolher para instalação da cultura uma área bem ventilada, que não tenha histórico de plantio recente com solanáceas (pimentão, tomate, berinjela, jiló), com solo bem drenado, não sujeita a empoçamento de água;
  4. Fazer uma adubação balanceada, baseada em análise do solo. Falta ou excesso de nutrientes são causas freqüentes de distúrbios fisiológicos graves;
  5. Produzir ou adquirir mudas sadias. Infecções precoces, provocadas por semente contaminada ou substrato infestado, dificultam sobremaneira a manutenção da sanidade nas plantas adultas. Sementeiras devem ser feitas preferencialmente em telados instalados em locais separados do campo de cultivo, onde as mudas ficam protegidas de vetores de viroses;
  6. Evitar o excesso de água na irrigação, pois este é o fator que mais afeta o desenvolvimento de doenças, em especial aquelas associadas ao solo;
  7. Usar água de irrigação de boa qualidade, que não tenha sofrido contaminação antes de chegar à propriedade;
  8. Controlar os insetos que são vetores de viroses e que provocam ferimentos nas plantas, principalmente nos frutos;
  9. Evitar ferimentos à planta durante as operações de amarrio, capinas, irrigação ou outros tratos culturais;
  10. Realizar as pulverizações de preferência de forma preventiva, quando as condições climáticas forem favoráveis a uma determinada doença. Após o seu estabelecimento, a maioria das doenças não pode mais ser controlada;
  11. Evitar ao máximo o trânsito de pessoas e de máquinas que podem levar estruturas de patógenos de uma área para outra. Em cultivos protegidos, recomenda-se colocar uma caixa com cal virgem na entrada para desinfestação de calçados;
  12. Destruir os restos culturais, que normalmente hospedam populações de patógenos e insetos. Esta destruição pode ser feita por enterrio profundo ou queima controlada;
  13. Realizar rotação de culturas, de preferência com gramíneas, tais como milho, trigo, arroz, sorgo ou capim. Esta medida é muito importante para o controle de doenças de solo, mais difíceis de serem controladas;
  14. Inspecionar a lavoura com freqüência para identificar possíveis focos de doença, ainda em seu início.

Principais doenças das pimentas Principais doenças das pimentas

As pimentas podem ser atacadas por muitas doenças, que assumem diferentes graus de importância dependendo principalmente da época de plantio. A seguir, são apresentadas as principais doenças das pimentas que ocorrem no Brasil, enfatizando algumas medidas específicas de controle.

Doenças causadas por fungos Doenças causadas por fungos

É uma doença que afeta plantas jovens e ocorre em sementeiras, em copinhos, em bandejas ou em mudas recém transplantadas. É provocada por fungos de solo, que podem também estar presentes na água de irrigação. Com a crescente utilização de bandejas contendo substratos produzidos comercialmente, este problema tem se tornado cada vez menor.

Mudas afetadas apresentam escurecimento ou apodrecimento na base do caule, provocando o tombamento da planta. Sob leve pressão, o topo da planta se desprende sem que a raiz seja arrancada. A doença evolui normalmente em reboleiras.

 

Controle

  • Não fazer a sementeira em solo anteriormente cultivado com solanáceas;
  • Usar substrato comercial e bandejas de isopor novas ou desinfestadas com água sanitária para a produção de mudas; no caso de se usar saquinhos para produzir as mudas, utilizar solo esterilizado;
  • Irrigar com moderação, pois os fungos envolvidos no tombamento são favorecidos por alta umidade;
  • Produzir as mudas em local ventilado, de preferência em casa de vegetação ou telado. A bancada deve ser ripada ou telada, para permitir o escorrimento do excesso da água de irrigação;
  • Usar água de boa qualidade para irrigação, que não tenha possibilidade de ter sido contaminada até chegar à propriedade.

É uma das principais doenças das pimentas no Brasil. Provoca maiores perdas no verão, pois é favorecida por alta temperatura e alta umidade do solo. As plantas afetadas apresentam murcha repentina observada inicialmente nas horas mais quentes do dia. É comum aparecerem várias plantas murchas ao mesmo tempo, em fileiras ou em reboleiras. Poucos dias após o murchamento inicial, a planta morre, ocasião em que pode ser observado um escurecimento na base do caule. Sob alta umidade do ar, pode ocorrer também a infecção de partes aéreas da planta, com manchas escuras e amolecidas nas folhas e no caule.

 

Controle

  • Usar solo ou substrato esterilizado para produzir mudas;
  • Evitar plantios em períodos quentes e úmidos do ano;
  • Plantar em local bem ventilado;
  • Plantar em solos bem drenados, não sujeitos a encharcamento;
  • Em época de chuvas, plantar em camalhões, que evitam o acúmulo de água no pé da planta;
  • Fazer um manejo adequado da irrigação, evitando fornecer excesso de água à planta;· Fazer rotação de culturas, de preferência com gramíneas. As cucurbitáceas (abóbora, moranga, melancia, melão) devem ser evitadas por serem também atacadas pelo patógeno.

É uma doença favorecida por temperatura acima de 25 °C e umidade do ar acima de 90%. Plantas com estresse nutricional são mais sensíveis à doença. Pode ser transmitida pelas sementes e pelo vento. Os sintomas ocorrem principalmente nas folhas, na forma de manchas circulares marrons, com o centro cinza claro, que às vezes pode rasgar ou se desprender da lesão, dando um aspecto de folha furada. As manchas podem alcançar um diâmetro superior a um centímetro. As folhas mais velhas podem amarelecer e cair em função do ataque da doença.

 

Controle

  • Plantar sementes de boa qualidade, adquirida de firma idônea, ou mudas comprovadamente sadias;
  • Evitar o plantio próximo a culturas velhas;
  • Pulverizar preventivamente com fungicidas registrados para a cultura;
  • Adubar corretamente a plantação, com base em análise de solo;
  • Fazer um bom manejo da irrigação, evitando aplicar excesso de água, adotando-se o sistema de gotejamento;
  • Evitar plantios em épocas com alta intensidade de chuva, especialmente quando a temperatura for alta;
  • Eliminar os restos de cultura logo após a última colheita;
  • Fazer rotação de culturas por, pelo menos, um ano.

Sua importância é reconhecida quase que exclusivamente pelas lesões que provoca em frutos, em campo ou após a colheita. É mais problemática em cultivos de verão, quando ocorrem temperatura e umidade altas. O patógeno é disseminado por sementes infectadas e por respingos de água de chuva ou irrigação. A doença se inicia como pequenas áreas redondas e deprimidas, que crescem rapidamente e podem atingir todo fruto. Sob alta umidade, o centro das lesões fica recoberto por uma camada cor-de-rosa, formada por esporos do fungo. Os frutos atacados não caem e as lesões permanecem firmes, a não ser que haja invasão de organismos secundários que aceleram a sua deterioração.

 

Controle

  • Fazer o plantio menos adensado em época favorável à doença, para permitir melhor ventilação entre as plantas;
  • Fazer um manejo adequado da irrigação, evitando excesso de água. A irrigação por gotejamento, por não provocar o molhamento da parte aérea, reduz drasticamente a chance de aparecimento da doença;
  • Pulverizar preventivamente a cultura no início de frutificação com fungicidas registrados;
  • Destruir os restos culturais imediatamente após a última colheita;
  • Fazer rotação de culturas, de preferência com gramíneas.

Ataca com maior intensidade os cultivos irrigados por gotejamento. Inicialmente, são observadas manchas cloróticas na superfície superior das folhas. Sob condições favoráveis à doença, estas manchas tornam-se necróticas ou com muitas pontuações negras, com formato pouco definido. A superfície inferior da folha fica recoberta com estruturas esbranquiçadas do fungo, podendo levar a uma clorose geral da folha. Entretanto, pode ocorrer clorose e necrose sem que se perceba claramente o ‘pó branco’, dificultando o diagnóstico da doença. Folhas muito atacadas podem cair, e os frutos não são atacados pela doença.

Controle

  • Evitar plantar nas proximidades de plantas velhas de pimentão ou tomate;
  • Adubar corretamente as plantas, de acordo com análise do solo;
  • Fazer irrigação por aspersão, levando-se em conta que esta técnica pode intensificar o ataque de outras doenças;
  • Pulverizar preventivamente com fungicidas registrados;
  • Destruir os restos culturais logo após a última colheita.

Ocorre esporadicamente em algumas regiões do Brasil. Pode causar algum dano à planta somente em condição de alta umidade e alta temperatura, principalmente em locais sombreados. Os sintomas consistem inicialmente de manchas cloróticas arredondadas na superfície superior da folha. Com o desenvolvimento da doença, na parte inferior da folha surgem lesões acinzentadas devido à presença de esporos do fungo. As folhas velhas são as mais atacadas e podem cair sob alta infestação. Os frutos não apresentam sintomas desta doença.

Controle

  • Fazer rotação de culturas, preferencialmente com gramíneas;
  • Evitar plantios em áreas pouco ventiladas;
  • Não plantar próximo a cultivos velhos de pimentão;
  • Adubar a planta com base em análise de solo;
  • Manejar a irrigação, evitando-se excesso de água.

Doenças causadas por bactérias Doenças causadas por bactérias

Causa perdas em pimentas somente quando a temperatura e a umidade são muito altas, situação que é freqüente em regiões Norte e Nordeste do Brasil e ainda em alguns pólos de produção de terras baixas na Região Sudeste. A bactéria não é transmitida pela semente, mas pode ser introduzida em um campo através de mudas infectadas, água contaminada e solo infestado aderido a máquinas agrícolas. Plantas afetadas podem não murchar, e apresentar apenas uma redução em crescimento. Quando murcham, os sintomas aparecem inicialmente nas horas mais quentes do dia. As folhas novas murcham primeiro, às vezes de um só lado da planta. O tecido exposto pelo descascamento da base do caule de planta murcha fica amarronzado. Na maioria das vezes, a doença só é percebida a partir do início da frutificação.

Controle

  • Escolher a área de plantio, que não deve ter histórico da doença em solanáceas ou em outras hospedeiras de R. solanacearum;
  • Evitar a contaminação do solo através de pessoal e máquinas que transitam por áreas contaminadas;
  • Plantar em solos com boa drenagem, não sujeitos a encharcamento;
  • Plantar nas épocas menos quentes do ano;
  • Não irrigar em excesso;
  • Evitar ferimentos nas raízes e na base da planta;
  • Arrancar, colocar em saco de plástico e retirar do campo as plantas com sintomas iniciais de murcha, espalhando aproximadamente 100 gramas de cal virgem na superfície da cova vazia;
  • Evitar o uso de plástico preto como cobertura do solo durante o verão, porque mantém a temperatura e a umidade do solo excessivamente elevadas.

Observação: O controle químico não é economicamente viável. As cultivares disponíveis não apresentam níveis satisfatórios de resistência.

É comum em locais onde prevalecem altas temperatura e umidade, como no período de verão. Chuvas de vento seguidas de nebulosidade prolongada favorecem a disseminação, a penetração e a multiplicação da bactéria, resultando em ataques severos da doença. Os sintomas mais visíveis aparecem em plantas adultas. As folhas mais velhas são as mais atacadas e apresentam lesões de formato irregular, de cor verde-escura e com aspecto encharcado. Sob condições favoráveis à doença, as lesões formam manchas grandes e com aspecto ‘melado’ nas folhas. As folhas atacadas amarelecem e caem, sendo esta uma das características mais marcantes da doença. A desfolha provocada pela doença ocorre de baixo para cima. Nos frutos, a bactéria causa manchas similares a verrugas, inicialmente esbranquiçadas e depois com os centros escurecidos.

Controle

  • Plantar sementes e mudas isentas do patógeno, produzidas por firmas idôneas;
  • Evitar plantios em épocas quentes e sujeitas a chuvas freqüentes;
  • Não usar sementes provenientes de lavouras em que houve ocorrência da doença;
  • Não irrigar em excesso, principalmente por aspersão;
  • Pulverizar preventivamente com fungicidas cúpricos, que também têm ação bactericida;
  • Destruir os restos culturais logo após a última colheita;
  • Fazer rotação de culturas, de preferência com gramíneas.

Causa prejuízos somente em cultivos conduzidos sob alta temperatura e alta umidade. Nesta condição, caules e frutos com injúrias mecânicas ou provocadas por insetos, apodrecem rapidamente. Os pontos da planta mais sensíveis ao ataque inicial da doença são aqueles onde há um acúmulo de água, como as bifurcações do caule e a região peduncular dos frutos. O caule afetado escurece e seca devido ao apodrecimento da medula. Nos frutos, o ataque ocorre principalmente a partir de ferimentos causados por insetos. Após a colheita, a bactéria pode iniciar o apodrecimento mole em frutos contaminados externamente por ferimentos resultantes do manuseio inadequado durante a colheita, transporte e comercialização.

Controle

  • Evitar plantio em locais muito úmidos, especialmente durante o verão;
  • Evitar o excesso de água na irrigação;
  • Evitar ferimentos na planta durante os tratos culturais e nos frutos na colheita, transporte e comercialização;
  • Adubar corretamente a cultura, de acordo com a análise do solo. O excesso de nitrogênio promove crescimento exagerado da folhagem, formando um ambiente favorável à doença;
  • Pulverizar com fungicidas cúpricos, principalmente quando houver ferimentos nas plantas, como após amarrio, desbrota ou a ocorrência de granizo;
  • Controlar insetos que provocam ferimentos nos frutos;
  • Após a colheita, manter os frutos secos e em local bem ventilado.

Doenças causadas por vírus Doenças causadas por vírus

Vários vírus podem atacar os pimentais, como os tospovirus (vírus do vira-cabeça), transmitidos por algumas espécies de tripes, e os potyvirus (mosaicos), transmitidos por pulgões. Os sintomas são muito variáveis, dependendo da espécie e da variedade de pimenta, da espécie do vírus, do grau de virulência da estirpe do vírus, da época em que a planta foi infectada e das condições ambientais, principalmente da temperatura. A planta infectada normalmente tem o seu desenvolvimento retardado. As folhas mais novas ficam pequenas, deformadas e apresentam diferentes tonalidades de verde e amarelo, com pontuações necróticas, algumas vezes com pequenos anéis concêntricos. Nos frutos, também ocorrem deformações, mosaico, necrose e anéis, estes normalmente de tamanho maior que nas folhas. Na maioria das vezes, não é possível diagnosticar as espécies de vírus envolvidas, através dos sintomas, sendo necessários testes em laboratório

Controle

  • As medidas de controle de vírus são preventivas e devem ser seguidas por todos os produtores de uma região;
  • Medidas de higienização têm um efeito considerável na redução da incidência da doença: eliminar campos abandonados, erradicar plantas com sintomas no plantio quando a incidência for baixa, manter o campo e arredores livres de plantas daninhas;
  • Produzir mudas em local protegido de insetos vetores, afastado dos campos de produção e pulverizando-as periodicamente para evitar que se infectem precocemente;
  • Plantar as mudas no maior estádio de desenvolvimento possível, de modo a retardar as infecções precoces em campo pelo vetor;
  • Pulverizar contra o vetor somente nos primeiros dias após o transplante;
  • Plantar cultivares resistentes. Embora na atualidade praticamente não existam cultivares resistentes disponíveis, deve-se consultar as companhias de semente para novas cultivares com esta característica.

Doenças causadas por nematoides Doenças causadas por nematoides

Ocorre com maior intensidade durante o período mais quente do ano. A doença é mais severa em solos arenosos. Pode se tornar limitante quando se planta pimenta sucessivamente na mesma área ou quando se faz rotação com outra cultura suscetível, como feijão de vagem, quiabo e tomate. A doença se manifesta normalmente em reboleiras. As plantas afetadas apresentam sintomas que sugerem a deficiência de água e de nutrientes, ou seja, desenvolvimento abaixo do normal, amarelecimento das folhas e murchamento. Estes sintomas se devem à formação de galhas (engrossamentos) e apodrecimento das raízes, que perdem a capacidade normal de absorver água e nutrientes do solo.

Controle

  • Evitar os plantios em períodos quentes do ano, principalmente em terrenos sabidamente infestados;
  • Plantar em terreno sem o histórico da doença, ou seja, que não tenha sido plantado anteriormente com espécies suscetíveis;
  • Plantar mudas de boa qualidade, que não estejam infectadas pelo patógeno;
  • Fazer rotação de culturas com gramíneas;
  • Utilizar matéria orgânica no plantio, que favorece microorganismos antagônicos aos nematóides.