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Reviva o Rio Atibaia alertou para a necessidade de preservação da área de proteção de Campinas
A 27ª edição do Reviva o Rio Atibaia, que aconteceu no domingo, 10 de novembro, na praça Beira Rio, no distrito de Sousas (Campinas, SP), trouxe para a população da região um alerta baseado em levantamento da Agência das Bacias PCJ e dados preliminares de pesquisas desenvolvidas pela Associação de Proteção Ambiental Jaguatibaia, com a participação de pesquisadores da Unicamp e da Embrapa Meio Ambiente.
De acordo com o presidente da Jaguatibaia, Jose Carlos Perdigão, engenheiro agrônomo e especialista em gerenciamento ambiental pela Esalq/USP, a combinação de excesso de calor e baixa umidade – que favoreceu número recorde de focos de incêndio, muitos deles criminosos – evidenciou a real importância da Área de Proteção Ambiental de Campinas (APA), como único recurso com potencial, nesta região do Estado, para aumentar a disponibilidade hídrica para as Bacias PCJ, constituídas pelos rios Piracicaba (formado pela junção dos rios Atibaia e Jaguari), Capivari e Jundiaí, os quais abastecem 76 cidades e cerca de 6 milhões de pessoas. Entre empregos gerados e alimentos produzidos, esta região representa hoje a 5º maior economia do País.
O Reviva o Rio Atibaia, desde sua primeira edição em 1997, busca ampliar o conhecimento e o engajamento da população sobre temas relevantes e essenciais para o desenvolvimento e qualidade de vida na região de Campinas.
A partir da própria atuação e vivência de quase 30 anos na APA Campinas, a Jaguatibaia – com apoio de parceiros como a Organon Farmacêutica, que tem sua fábrica em Sousas, além de diversos outros, entre eles a Associação de Remo de Sousas – procura levar, de forma simples, direta e objetiva, informações práticas e propor soluções viáveis que possam contribuir com a preservação ambiental e a qualidade de vida da comunidade.
Participação da Embrapa Meio Ambiente
A pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente Katia Braga, juntamente com os bolsistas André Barbosa E Lorenna Brito, apresentaram resultados e pesquisas desenvolvidas pela equipe de agroecologia. Dentre eles, ela destacou a importância do conhecimento para a conservação da diversidade de abelhas existentes no Brasil, as práticas de manejo para a integração da meliponicultura aos sistemas agroflorestais agroecológicos e o repositório digital da Embrapa Ater+Digital sobre Sistemas Agroflorestais.
Para o atendimento ao público, que demonstrou grande interesse pelos materiais expostos e os conhecimentos a eles associados, contaram ainda com apoio do técnico Aníbal Santos do Setor de Implementação da Programação de Transferência de Tecnologia (SIPT). Segundo Katia, muitas pessoas foram atendidas, compondo um público bastante diverso com estudantes de diversas idades, representantes de organizações não governamentais e profissionais de diferentes áreas de atuação. Para ela, foi uma oportunidade importante para trazer a público os sistemas agroflorestais agroecológicos e sua integração com a meliponicultura como alternativa para a produção diversificada de alimentos saudáveis, a geração de renda, a melhoria da qualidade de vida e a recuperação de áreas degradadas.
Crise hídrica
De acordo com o relatório Estiagem 2024 da Fundação Agência das Bacias PCJ, tomando o mês de abril 2024 como referência, o índice de chuva nas Bacias PCJ esteve 43% abaixo da média histórica, significando menor recarga da água presente nos solos e, consequentemente, menor vazão no período de estiagem nos rios que compõem estas Bacias.
Da mesma forma, nas regiões de cabeceiras do Sistema Cantareira, os índices estiveram 94% abaixo do estimado. “O rio Jaguari teve vazões cerca de 65% abaixo da média. Já o rio Piracicaba apresentou 56% abaixo do esperado, enquanto o rio Atibaia 38% abaixo de seu habitual”, informa o relatório, publicado em junho.
Este cenário de escassez hídrica é agravado pela transposição realizada pelo Sistema Cantareira que desvia das Bacias PCJ cerca de 30 m3/segundo, todos os dias do ano, para o abastecimento de cerca de 7,5 milhões de pessoas que vivem na Região Metropolitana da Capital São Paulo.
Em resumo, a segurança hídrica é essencial para manter o crescimento populacional, a saúde e a qualidade de vida da região. Mas não é só: a quantidade de água a ser oferecida pelos rios será essencial para garantir o crescimento sustentável futuro e duradouro da região; além de um diferencial estratégico para atrair empresas e investimentos, que valorizam regiões com infraestrutura preparada para lidar com crises hídricas.
Potencial da APA para reduzir dependência
Estudos recentes desenvolvidos pela Jaguatibaia com especialistas da Unicamp e da Embrapa Meio Ambiente, apontam, em resultados preliminares, um potencial de contribuição hídrica para o rio Atibaia superior ao volume de água que poderia ser armazenado pelo projeto de construção de represa na região da APA. De acordo com José Carlos Perdigão, as pesquisas que estão em andamento indicam que os 22.270 hectares da APA Campinas, concentrados em território com topografia montanhosa, possuem cerca de 1.400 nascentes já mapeadas, distribuídas em dezenas de sub-bacias.
“Estas nascentes, se recuperadas, somadas às Reservas Legais devidamente restauradas e às terras com potencial produtivo – adequadas para permitirem o máximo de infiltração das águas pluviais no solo –, garantiriam se não a independência, a redução substancial da dependência forçada do Sistema Cantareira”, reforça.
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Cristina Tordin (MTB 29488/SP)
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