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Possivelmente, em razão da grande variabilidade genética existente na própria espécie (Vigna unguiculata (L.) Walp.) e nas espécies silvestres geneticamente mais próximas, houve uma grande dificuldade para a classificação da espécie domesticada. Desse modo, o feijão-caupi inicialmente foi classificado nos gêneros Phaseolus e Dolichos, até ser classificado no gênero Vigna, o qual foi estabelecido 1894.

Também houve muitas classificações na espécie, até que se chegasse à atual. Desse modo, a classificação cientificamente aceita é que o feijão-caupi é uma planta Dicotyledonea, da ordem Fabales, família Fabaceae, subfamília Faboideae, tribo Phaseoleae, subtribo Phaseolineae, gênero Vigna, subgênero Vigna, secção Catyang, espécie Vigna unguiculata (L.) Walp. e subespécie unguiculata, subdividida em quatro cultigrupos Unguiculata, Sesquipedalis, Biflora e Textilis. No Brasil são cultivados os cultigrupos Unguiculata, para produção de grão seco e feijão-verde, e Sesquipedalis, comumente chamado de feijão-de-metro, para produção de vagem.

O feijão-caupi é uma cultura de origem africana, introduzida no Brasil na segunda metade do século XVI pelos colonizadores portugueses no Estado da Bahia. Existem relatos de que em 1568 já havia a indicação da existência de muitos feijões no Brasil e que em 1587 uma grande variedade de feijões e favas era cultivada na Bahia. Embora não se possa precisar quais feijões eram cultivados, as evidências de que o feijão-caupi era um deles são muito fortes, uma vez que, desde a fundação da Bahia como capital administrativa do Brasil, em 1549, o comércio com o Oeste da África, de Guiné a Angola, era muito intenso.

A partir da Bahia, o feijão-caupi foi disseminado por todo o País. No Piauí, um estado que foi colonizado do sertão para o litoral, certamente a comunicação e o comércio com o sertão eram mais difíceis, e encontra-se a citação do cultivo de feijão em 1697, fato que sugere que houve uma intensa disseminação da cultura, principalmente na região Nordeste e da região Nordeste para todo o País.

O feijão-caupi tem vários nomes populares. Alguns dos mais usados são: feijão-macassa e feijão-de-corda, na região Nordeste; feijão-de-praia, feijão-da-colônia e feijão-de-estrada, na região Norte; feijão-miúdo, na região Sul. Na região Norte, há ainda um tipo de feijão-caupi muito importante para a culinária local chamado de manteiguinha, tem grãos de cor creme, muito pequenos. O feijão-caupi é também chamado de feijão-gurutuba e feijão-catador em algumas regiões do Estado da Bahia e norte de Minas Gerais.

Além desses nomes, há um tipo de grão que tem o tegumento branco com um grande halo preto, que é chamado de feijão-fradinho nos estados de Sergipe, Bahia e Rio de Janeiro. O feijão-fradinho é o preferido para o preparo do acarajé, comida típica do Estado da Bahia, conhecido em todo o Brasil.

Texto adaptado do livro Feijão-caupi no Brasil: Produção, melhoramento genético, avanços e desafios - Editor técnico: Francisco Rodrigues Freire Filho