Memória Embrapa
História das Unidades
Embrapa Clima Temperado
A origem da Embrapa Clima Temperado remonta ao ano de 1938, com a criação da Estação Experimental de Viticultura, Enologia e Frutas de Clima Temperado, localizada no Distrito da Cascata, em Pelotas, RS. Em 1943, é criado pelo Ministério da Agricultura o Instituto Agronômico do Sul, com jurisdição sobre os três estados do Sul do País e com sede em Pelotas, onde passou a existir uma Estação Experimental. Em 1962, o IAS foi transformado em Instituto de Pesquisa e Experimentação Agropecuárias do Sul (Ipeas). A essa altura, já havia programas de melhoramento genético nas culturas do arroz irrigado e pessegueiro. Com a criação da Embrapa, em 1973, foram geradas duas Unidades Experimentais de Pesquisa de Âmbito Estadual (UEPAE) na região, denominadas Cascata e Pelotas.
Essas Unidades foram, posteriormente, transformadas e tiveram o âmbito de suas missões ampliado: a Uepae Cascata transformou-se em 1983 em Centro Nacional de Pesquisa de Fruteiras de Clima Temperado (CNPFT), tendo nova sede e campos experimentais inaugurados em 1984, no Distrito de Monte Bonito, em Pelotas, enquanto a UEPAE Pelotas deu origem, em 1985, ao Centro de Pesquisa Agropecuária de Terras Baixas de Clima Temperado (CPATB). Em 1993, é criada a Embrapa Clima Temperado, resultado da fusão do CNPFT com o CPATB, unidades que tinham suas sedes situadas há apenas 20 km uma da outra. O mandato passou a abranger os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e parte do Paraná. Em 2004, a Unidade constrói pela primeira vez, de forma coletiva, seu Plano Diretor, válido até 2007. São ampliados os esforços de pesquisa e desenvolvimento voltados para grupos historicamente excluídos, incluindo os contingentes da agricultura familiar, assentados da reforma agrária, populações indígenas e quilombolas.
Embrapa Florestas
A pesquisa florestal na Embrapa teve início, oficialmente, com o estabelecimento do Programa Nacional de Pesquisa Florestal (PNPF) resultante de convênio firmado com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF). Nesse convênio, delegava-se à Embrapa a coordenação, execução e apoio da pesquisa florestal brasileira, no âmbito do Ministério da Agricultura. Com o apoio da Sociedade Brasileira de Silvicultura (SBS), o PNPF foi apresentado à comunidade florestal em reunião ocorrida em 1978, ocasião em que foi aprovado e implantado o Sistema Cooperativo de Pesquisa Agropecuária da Embrapa. Até meados de 1984, a coordenação desse Programa localizava-se na sede da Empresa, em Brasília, DF, quando foi transferida para a Unidade Regional de Pesquisa Florestal Centro-Sul, em Colombo, PR.
Em dezembro de 1978 a Unidade foi transformada em Centro Nacional de Pesquisa de Florestas (CNPF), cujo nome síntese é Embrapa Florestas e passou a coordenar, além de executar, toda a pesquisa florestal, no âmbito do Ministério da Agricultura e Abastecimento.
O PNPF representava, aproximadamente, um terço de todo o esforço nacional, em termos da rede experimental instalada, no período de 1977 a 1992. De um modo geral, durante a vigência do PNPF, a Embrapa contribuiu significativamente para a solução dos principais problemas florestais nacionais.
As empresas privadas apoiaram incondicionalmente o Programa, principalmente nas linhas de pesquisa relacionadas com o melhoramento e conservação genética, silvicultura, manejo e agrossilvicultura. Iniciava-se, nessa época, uma crescente preocupação ambiental, que considerava o importante papel que as florestas plantadas e naturais desempenham no equilíbrio ecológico e na manutenção da biodiversidade.
Embrapa Pecuária Sul
Em 30 anos de existência, a Embrapa Pecuária Sul tem se dedicado a viabilizar soluções para o desenvolvimento sustentável do espaço rural dos campos sul-brasileiros com foco no agronegócio e no uso dos recursos naturais e socioeconômicos da Região Sul do País, por meio da geração, adaptação e transferência de conhecimentos e tecnologias em parceria com diversas instituições da fronteira brasileira – em especial Uruguai e Argentina. Atua no desenvolvimento e na modernização de sistemas produtivos agropecuários integrados do Sul do Brasil, priorizando bovinos e ovinos.
Realiza pesquisas em saúde animal, forrageiras e melhoramento genético animal e vegetal, buscando aumento na qualidade, produtividade e economia na pecuária, considerando a preservação ambiental. A Unidade tem um campo experimental de 2.800 hectares, em torno de 400km de distância da capital Porto Alegre, onde estão instalados os pesquisadores, a biblioteca e os laboratórios de parasitologia, genética animal, nutrição, carnes e reprodução animal com banco de sêmen de bovinos e ovinos.
A Unidade foi criada em 13 de junho de 1975 e carrega em sua história um passado marcante pela atuação que teve como "Fazenda Cinco Cruzes", onde foram realizadas estações de monta provisórias, instalações de plantéis, produção de cordeiros de corte, inseminação artificial em ovinos e fomento à produção de gramíneas e leguminosas.
Entre as principais pesquisas destacam-se a criação de bovino de corte – raça Brangus-Ibagé-; desenvolvimento de cultivares; preservação de ovinos da raça Crioula Lanada; sistemas de banhos estratégicos para bovinos e ovinos; sistema de gramíneas forrageiras anuais de inverno; manejo de terneiras em estacas; diferimento de campo nativo; obtenção de cordeiros por cruzamento visando à produtividade e qualidade; tingidura da lã com corantes naturais; curtimento artesanal de pele ovina; marcadores genéticos.
Embrapa Soja
Em 1975, a Embrapa Soja instalou-se junto à Empresa Paranaense de Classificação de Produtos (Claspar), órgão do governo do Estado do Paraná, tendo mudado-se para junto do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) no mesmo ano. Somente em 1989, a Instituição ganhou sede própria, uma fazenda experimental de 350 hectares, localizada no Distrito de Warta, em Londrina, PR, no Paraná, onde permanece até hoje.
Sua fundação em 1975 tinha o propósito de desenvolver tecnologias para produção de soja no Brasil, tornando-se referência mundial em pesquisa para a cultura da soja em regiões tropicais. Até 1970, os plantios comerciais de soja no mundo restringiam-se a regiões de climas temperados e sub-tropicais, cujas latitudes estavam próximas ou superiores aos 30º. Os pesquisadores da Embrapa Soja romperam essa barreira, desenvolvendo variedades adaptadas às condições tropicais com baixas latitudes, permitindo o cultivo da oleaginosa em todo o território brasileiro.
Quando a Embrapa Soja foi criada, a produção nacional de soja era de, aproximadamente, 10 milhões de toneladas. Na safra 2004/05, o Brasil cultivou cerca de 20 milhões de hectares com a oleaginosa, produziu aproximadamente 50 milhões de toneladas do grão, ocupando a segunda posição entre os grandes produtores mundiais, atrás, apenas, dos Estados Unidos.
Outras tecnologias foram desenvolvidas e adotadas simultaneamente com as novas cultivares, como o manejo dos solos e da sua fertilidade; o manejo adequado da cultura para os diferentes ecossistemas brasileiros; o manejo integrado das pragas e das plantas daninhas; o controle biológico da lagarta-da-soja e do percevejo-verde, as mais importantes pragas da cultura; entre outras.
Embrapa Suínos e Aves
A expansão da suinocultura e da avicultura no Paraná, Rio Grande do Sul e em Santa Catarina nos anos 1960 e 1970 justificou a criação, em 13 de junho de 1975, do Centro Nacional de Pesquisa de Suínos, destinado à pesquisa em suinocultura.
Três anos depois, em 1978, o Centro recebeu também a incumbência da pesquisa em aves, passando a se chamar Centro Nacional de Pesquisa de Suínos e Aves, ou Embrapa Suínos e Aves.
O crescimento da Embrapa Suínos e Aves, localizada em Concórdia, SC, foi gradual e consistente. A partir de 1982, a Unidade passou a ocupar a área de 175 hectares no Distrito de Tamanduá, SC, oferecendo laboratórios de sanidade e nutrição, sistemas de produção, unidades experimentais, estação meteorológica, fábrica de ração, prédio para administração e pesquisa e biblioteca especializada em suínos e aves. Ao mesmo tempo em que a estrutura física melhorou, os recursos humanos também se aperfeiçoaram.
A Embrapa Suínos e Aves tem se esforçado para localizar e atender rapidamente as principais carências do setor em que atua, buscando o trabalho em parceria com empresas, instituições de pesquisa privadas e públicas e órgãos oficiais e não governamentais.
Desde que foi criada, a Embrapa Suínos e Aves disponibilizou mais de 400 tecnologias, que melhoraram a renda dos produtores, o desempenho das agroindústrias e a satisfação dos consumidores. O impacto dessas tecnologias, de acordo com um estudo realizado entre 1999 e 2000 e que ouviu representantes de vários segmentos da cadeia produtiva e do poder público, mostrou que o trabalho da Embrapa Suínos e Aves foi responsável por 40,3% do progresso tecnológico total da suinocultura brasileira. Na avicultura, a contribuição no progresso técnico foi de 20,8%.
Embrapa Trigo
O trigo chegou ao Brasil por intermédio dos portugueses ainda no período colonial, migrando depois para o Sul, onde encontrou ambiente, clima e solo - mais adequados às suas exigências. Com a vinda de imigrantes alemães e italianos, que formavam as primeiras colônias no Rio Grande do Sul, a cultura passou por períodos de entusiasmos, êxitos e fracassos – como a importação de sementes não adaptadas e o surgimento de doenças – até que o Ministério da Agricultura procurou incentivar o plantio do cereal com a criação, em 1919, de duas Estações Experimentais específicas para trigo no Sul do País. Estímulos por um lado, com a criação das estações, e, por outro, as fraudes do trigo-papel e o acordo de compra do trigo americano. Mais uma vez a triticultura brasileira relegada a um segundo plano.
O estímulo do governo passou a ser mais efetivo depois da Segunda Guerra Mundial, em 1945, quando surgiram as primeiras lavouras mecanizadas, mas a consolidação da cultura aconteceu apenas por volta de 1960, com a política de amparo à triticultura e à moagem de trigo. A pesquisa da Embrapa Trigo, implantada em Passo Fundo, RS, em outubro de 1974, teve papel fundamental no desenvolvimento da lavoura.
No início, a Embrapa Trigo procurou criar variedades adaptadas ao clima e solo da Região Sul do Brasil. Mais tarde, concentrou esforços para aumentar a produtividade. Os avanços, baseados no uso de tecnologias, permitiram que a produtividade aumentasse de 700 Kg/ha para mais de 1.700 kg/ha. Esse crescimento, em um período de tempo considerado por especialistas bastante curto, é um dos mais significativos do mundo. O potencial de rendimento ultrapassou os 5 mil kg/ha e em campos experimentais já chegou a 8 mil kg/ha. Com as tecnologias da Embrapa Trigo, foi possível aumentar a produtividade da lavoura, baixar os custos de produção e preservar o ambiente e a saúde do agricultor. Essas inovações permitiram uma agricultura mais competitiva, o que tem gerado incremento na renda do produtor, e mais qualidade do produto final, beneficiando também o consumidor.
Embrapa Uva e Vinho
A Lei n° 549, de 20 de outubro de 1937, modificada pelo Decreto-Lei n° 826 de 28 de outubro de 1938, criou 1 Laboratório Central de Enologia, com sede no Rio de Janeiro, 3 Estações de Enologia, sendo 1 no Rio Grande do Sul, 1 em São Paulo e outra em Minas Gerais, além de 13 Sub-estações e 12 Postos de Análise e Controle.
Em 21 de julho de 1941, foi instalada a Estação de Enologia de Bento Gonçalves, RS, com o lançamento da pedra fundamental e início de suas atividades em 30 de maio de 1942.
Pela Portaria n° 58, de 12 de março de 1969, do Ministério da Agricultura, que aprovou o Regimento do Escritório de Pesquisa e Experimentação (EPE) como órgão central de programação, coordenação, controle e avaliação de pesquisas e experimentações agropecuárias, a Estação de Enologia de Bento Gonçalves foi transformada em Estação Experimental de Bento Gonçalves, passando a integrar a rede do Instituto de Pesquisa e Experimentação Agropecuária do Sul (IPEAS) localizado em Pelotas, RS.
A Diretoria-Executiva da Embrapa, em reunião realizada em 26 de agosto de 1975, definiu, por intermédio da Deliberação n° 037/75, a criação da Unidade de Execução de Pesquisa de Âmbito Estadual (UEPAE) de Bento Gonçalves. Em 4 de março de 1985, segundo Deliberação 008/85, um ato atribui-lhe a denominação de Centro Nacional de Pesquisa de Uva e Vinho (CNPUV), cujo nome síntese é Embrapa Uva e Vinho.