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29/11/24 |

Câmara Setorial Milho e Sorgo debate Armazenagem e qualidade de grãos

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Foto: Paulo Kurtz

Paulo Kurtz - Estrutura para armazenagem de grãos

Estrutura para armazenagem de grãos

Os “Impactos da deficiência de armazenagem e de práticas de campo na qualidade de grãos brasileiros” foi um dos assuntos conversados na 50ª Reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Milho e Sorgo, promovida pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, em novembro. O convidado foi o pesquisador Marco Aurélio Guerra Pimentel, da Embrapa.

A deficiência estrutural de armazenagem afeta diretamente a qualidade dos grãos, pela falta de espaço adequado para acondicionar os grãos, mas também indiretamente pela deficiência nas operações básicas de pós-colheita. O milho, o sorgo e os demais cereais produzidos em segunda safra sofrem mais com esse cenário, pois, nos maiores estados produtores, esssas culturas são colhidas num momento em que muitas unidades ainda mantêm soja armazenada, que foi colhida na safra de verão.

Segundo Pimentel, na última safra de grãos, o País registrou um volume aproximado de 115 milhões de toneladas deficitárias em armazenagem. “A produção cresce em média de 12 a 13 milhões de toneladas por ano, enquanto o crescimento da capacidade de armazenagem cresce em média de 4 a 5 milhões de toneladas ao ano”, pontuou.

“Nas últimas semanas, o IBGE divulgou que houve um crescimento de 5,4% na capacidade de armazenamento no Brasil, no primeiro semestre deste ano, em comparação aos seis meses anteriores. Apesar desse crescimento médio ao longo dos últimos anos, a produção de grãos vem batendo recordes consecutivos. Dessa forma, mesmo considerando a rotatividade dos estoques, as estruturas de pós-colheita não acompanham os crescimentos de produção. Em algumas regiões, essa deficiência é mais acentuada, por exemplo, no Matopiba, que apresenta 21 milhões de toneladas deficitárias, e no Mato Grosso, que tem 52,6 milhões de toneladas deficitárias”, comentou o pesquisador.

 Somente nessas duas regiões juntas, há quase 60% do déficit do Brasil. E são, justamente, regiões de maior produção de milho, principalmente na segunda safra. Outros estados que apresentam produção agrícola relevante e também déficit são Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná e Minas Gerais.

“De forma geral, os dados apontam que grande parte da rede de armazenagem está na iniciativa privada. Na região Sul, destacam-se as cooperativas, que são bastante atuantes e fornecem o serviço de armazenagem aos produtores. O percentual de armazenagem nas fazendas fica em torno de 15% no Brasil. Em contato com produtores nas principais regiões produtoras, fica evidente que ampliar o percentual de armazenamento nas fazendas ajudará a resolver o problema no País, especialmente nos picos de safra e na comercialização dos produtos”, relatou Pimentel.

Recentemente, uma pesquisa da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) mostrou que, dos produtores avaliados, 61% relataram que não possuíam qualquer tipo de estrutura na fazenda. Esse dado é bastante significativo, e corrobora com levantamentos de outras instituições, como a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

“Dentro desse cenário de deficiência na armazenagem, aprofundamos os estudos e temos identificado que o problema não se reflete apenas na falta de espaço para armazenagem dos grãos, mas também no estrangulamento nas operações de colheita em pico de safra, quando caminhões ficam alguns dias nas filas para descarregar em uma unidade armazenadora, e nas demais operações de pré-processamento dos grãos, como recepção, classificação, limpeza, secagem e proteção de grãos”, menciona, Pimentel.

Ele acrescenta que “a ampliação da armazenagem na fazenda poderia amenizar esse problema. As limitações nessas operações devido à falta de estruturas que realizam esses processos fragilizam a qualidade dos grãos. Um exemplo é a operação de limpeza, que utiliza máquinas de ar e peneira".

“Quando pensamos na cadeia de proteína animal, os grãos defeituosos, como os mofados, fermentados, carunchados, entre outros, podem causar impactos significativos nos custos de produção de ração. A separação, também pelo processo de limpeza, ou por máquinas densimétricas, além da secagem adequada, pode reduzir muitos estes impactos negativos e custos adicionas na produção de ração”, menciona.

Os impeditivos à ampliação das unidades em fazenda, citados por Pimentel, têm sido a limitação e dificuldade de acesso a crédito pelos produtores e o custo ainda elevado das unidades armazenadoras. “Estão sendo desenvolvidas tecnologias construtivas que têm potencial para ser mais econômicas em relação às opções atualmente disponíveis no mercado”.

“Aumentar as unidades de armazenamento nas fazendas no Brasil será um ganho muito grande em todos os aspectos, para desafogar as unidades nas épocas de pico de colheita, para manter a qualidade dos produtos que podem ser estocados em volumes menores, e para vender a produção em períodos de preço melhor para o produtor. Para os pecuaristas e produtores independentes, a armazenagem na fazenda pode auxiliar a comprar grãos em épocas de maior oferta e menor preço, e ajustar o estoque para as épocas de maior demanda.

“Apesar dos desafios ainda presentes, já observamos ações concretas e grande preocupação com o tema, na busca de somar esforços nas ações de  pesquisa e desenvolvimento e transferência de tecnologias, o que tem sido feito em conjunto com a Associação Brasileira de Pós-Colheita (ABRAPÓS), com as universidades, empresas parceiras e com outras Unidades da Embrapa, por meio de eventos técnico-científicos e parcerias institucionais”, relata Marco Aurélio Pimentel.

Sandra Maria Brito (MTb 06230/MG)
Embrapa Milho e Sorgo

Contatos para a imprensa

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Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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