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Dia de Campo mostra tecnologias para cadeia produtiva da mandioca
Agricultores familiares, estudantes, lideranças indígenas e extensionistas participaram de Dia de Campo sobre "Tecnologias para cadeia produtiva da mandioca", no município de Mâncio Lima (AC). Realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/AC) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), contou a parceria do Instituto de Defesa Agropecuária (Idaf), Universidade Federal do Acre (Ufac), Central Juruá Cooperativa e Governo do Estado do Acre.
O evento aconteceu em duas edições: quarta-feira (23), na propriedade do agricultor familiar Sebastião Oliveira, localizada no ramal Alto Pentecostes; e quinta-feira (24), na Terra Indígena Puyanawa.
Segundo o analista do Setor de Transferência de Tecnologias do Juruá da Embrapa Acre, Daniel Lambertucci, o Dia de Campo foi uma oportunidade para mostrar na prática as vantagens do uso de tecnologias para o manejo conservacionista do solo para o cultivo da mandioca e de outros produtos agrícolas, como também passar orientações sobre formas de controle das principais pragas e doenças da cultura, processo de Indicação Geográfica (IG) e importância das Boas Práticas de Fabricação (BPF) de farinha de mandioca.
A atividade faz parte do projeto "Cadeia de Valor da Mandiocultura", executado pelo Sebrae/AC em parceria com a Embrapa. Segundo a gestora do projeto, Murielly Nóbrega, investir na Indicação Geográfica e melhoria de gestão dos processos produtivos da cultura da mandioca estão entre as ações prioritárias. "É uma oportunidade para o produtor conhecer novas tecnologias e criar condições de planejamento das safras utilizando alternativas mais sustentáveis com aumento da renda e produtividade", comenta.
O gerente da Unidade de Atendimento Coletivo em Agronegócios do Sebrae/AC, Nilton Mota, participou da programação com palestra sobre o processo de aquisição do selo de Indicação Geográfica de Procedência da farinha de Cruzeiro do Sul. "É preciso que os agricultores envolvidos com a cadeia da mandioca da região compreendam a importância de um selo de IG e do compromisso de todos nesta conquista, além da colaboração de diversas instituições para superar os novos desafios", diz.
De acordo com dados do IBGE sobre a produção agrícola na região do Vale do Juruá, em 2015, o valor da produção de mandioca chegou a 86 milhões de reais. A área plantada foi de 15 mil hectares, com uma produção de 453 mil toneladas de raiz, correspondendo a 40% da produção do Estado do Acre.
Uma das alternativas tecnológicas de destaque no evento para o fortalecimento da cadeia produtiva da mandioca foi o manejo conservacionista do solo. "Esse método inclui o plantio direto e a adoção de práticas agrícolas de produção com o mínimo de revolvimento do solo, cultivo de gramíneas e leguminosas para a proteção do solo e fixação biológica de nitrogênio, além de fazer uso de máquinas e equipamentos adequados à agricultura familiar", explica o pesquisador da Embrapa Acre, Falberni Costa. A prática também permite a rotação de culturas agrícolas como arroz, feijão, milho, mandioca e o cultivo integrado, modelo que tem despertado a atenção dos agricultores da região.
O produtor rural Sebastiao José, proprietário do Sítio São José, no ramal Taquara, ficou impressionado com o resultado da aplicação da técnica nas estações experimentais. "Não tenho dúvida de que o manejo conservacionista traz muitas vantagens para o produtor de mandioca. A forma tradicional de cultivo com a utilização do fogo torna as áreas improdutivas e traz prejuízos na produção. Aqui, basta olhar para a roça que a gente vê que a técnica funciona e isso anima muitos agricultores. A Indicação Geográfica vai agregar valor ao nosso produto, mas precisamos garantir qualidade e produção. Por isso, a importância de práticas que não causem danos ao ambiente", comenta.
Antônio Marcos, estudante do quinto ano do curso de Agronomia da Ufac, campus de Cruzeiro do Sul, considera importante a participação de alunos no Dia de Campo. "Precisamos sair da sala de aula e vivenciar a prática. Aprendemos mais e conhecemos a realidade do agricultor de nossa região", explica. "A IG da farinha de Cruzeiro do Sul é um tema que não discutimos na academia e percebi que os agrônomos podem dar uma grande contribuição para o fortalecimento da cadeia da mandioca no território da IG. Fiquei bastante satisfeito porque abre oportunidades para o mercado de trabalho de nossa profissão", acrescenta.
Na Terra Indígena (TI) Puyanawa, o evento contou com a participação de lideranças indígenas e agricultores da comunidade local. De acordo com Luís Puyanawa, umas das lideranças presentes, os temas e as técnicas abordadas durante a programação estão relacionados com as atividades produtivas da comunidade. Ele conta que, recentemente, ocorreu um surto do mandarová nos roçados da TI. "Tivemos sorte porque os nambus comeram a lagarta. Hoje, aprendemos como combater um surto com armadilhas luminosas ou utilizando o inseticida biológico "baculovirus", práticas que não causam dano à saúde e nem para a natureza, como mostrou a técnica do Idaf", comenta.
Outra discussão na TI foi a adoção das BPF. A possibilidade da aquisição do selo de IG poderá demandar ajustes nas instalações das casas de farinha e maior cuidado na higiene durante a fabricação do produto. "Para nós, isso não é um problema, somos um povo com tradição na produção de farinha. Sabemos que o selo de Indicação Geográfica vai agregar valor ao produto, por isso precisamos garantir qualidade e produção. O conhecimento e a contribuição de parceiros são sempre bem-vindos, salienta Luís.
Mauricilia Silva
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