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Produtores de Nova Friburgo/RJ aprendem práticas agroecológicas
Desde janeiro de 2011, quando Nova Friburgo/RJ viu chuvas torrenciais provocar deslizamentos de terra e muita destruição, os produtores de hortaliças da região tentam recuperar os índices de produtividade dos cultivos. Para auxiliá-los nessa retomada, a Embrapa desenvolveu um projeto de transição agroecológica após o desastre ambiental para promover transformações produtivas e socioambientais na agricultura familiar da microbacia Barracão dos Mendes, localizada no município fluminense.
Para cumprir as atividades de capacitação e caracterização do manejo dos agroecossistemas, as pesquisadoras Mariane Vidal, da Embrapa Hortaliças, e Cynthia Torres, da Embrapa Cerrados, ministraram um curso para extensionistas, estudantes e agricultores sobre indicadores de sustentabilidade do solo e do cultivo. "A proposta é introduzir práticas de diversificação do ambiente como o cultivo de plantas que atraem inimigos naturais ou plantas aromáticas que repelem pragas, por exemplo. Essas práticas possibilitam o redesenho das propriedades visando a diversificação funcional do agroecossistema", explica Mariane.
A adubação verde é outro fator-chave para a recuperação da região, já que os solos sofreram alterações físicas e biológicas que dificultam o bom desenvolvimento das lavouras. Por isso, a pesquisadora enfatiza a necessidade de reconstruir a fertilidade desse solo com aporte de matéria orgânica, seja por meio da adubação verde, de plantas de cobertura ou do plantio direto. "Além das práticas agroecológicas, propostas conservacionistas como o plantio direto são recomendadas em virtude das condições de relevo e declividade da região", analisa.
Os agricultores, que sempre cultivaram no sistema convencional, estão dispostos a adotar mudanças. "Eles estão abertos a novas soluções, mesmo porque a tragédia deixou cicatrizes que estão exigindo alternativas para o sistema produtivo", pontua Mariane, ao ponderar que a transição agroecológica acontece em uma velocidade diferente do mercado. "Porém, para reverter um desastre ambiental, é necessário tempo e trabalho", assevera.
Nessa etapa, as pesquisadoras vão sistematizar os dados obtidos a partir dos indicadores de sustentabilidade para, então, caracterizar as áreas analisadas. De acordo com Mariane, a ideia é ter um monitoramento das transformações obtidas com a adoção das práticas agroecológicas ao longo do tempo. "Contamos com a apropriação das práticas pelos agricultores para que o projeto seja bem-sucedido e a região retome seu potencial para produção de hortaliças", conclui.
Paula Rodrigues (MTB 61.403/SP)
Embrapa Hortaliças
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