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Feromônios para controle de pragas agrícolas: solução sustentável é um dos destaques da Embrapa na Expointer 2016 - até 04/09, em Esteio, RS
Foto: Paulo Lanzetta
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, conheceu as armadilhas com feromônios para controle de pragas nas lavouras
Tecnologia baseada no estudo da comunicação entre os insetos na natureza é uma das aliadas da ciência no controle de percevejos-praga da soja e do arroz.
A soja e o arroz são culturas agrícolas de extrema importância para o agronegócio brasileiro. O país é o segundo maior produtor mundial de soja, atrás apenas dos Estados Unidos, e está entre os dez principais produtores mundiais de arroz, sendo o maior fora do continente Asiático. Entretanto, apesar do cenário favorável, os produtores brasileiros ainda sofrem com o ataque de pragas às lavouras nacionais, que os levam a desembolsar mais de 100 milhões de dólares com inseticidas químicos por safra para controlá-las. A boa notícia é que a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia desenvolveu uma tecnologia que pode auxiliar produtores de soja e de arroz no combate a um dos piores inimigos dessas culturas no país: os percevejos. Trata-se da utilização de semioquímicos (feromônios) para monitorar e controlar esses insetos nas lavouras, reduzindo o uso de defensivos químicos. Quem quiser conhecer melhor essa tecnologia, pode visitar a Casa da Embrapa durante a Expointer 2016 até o dia 04/09, em Esteio, RS.
No evento, serão anunciados dois resultados em benefício dos produtores de soja e de arroz no Brasil. No caso da soja, trata-se do licenciamento da tecnologia de feromônios para controle do percevejo marrom da soja (Euchistus heros) para a empresa ISCA Tecnologias Ltda., que vai disponibilizá-la para o setor produtivo. No caso do arroz, será o lançamento dessa tecnologia para controlar o percevejo-do-colmo (Tibraca limbativentris), uma das piores pragas dessa cultura no país porque suga a seiva nos colmos (caules) das plantas, diminuindo a produção de grãos e causando perdas na produção de até 80%. O inseto ocorre na maioria das regiões produtoras de arroz do Brasil e é nocivo aos diferentes sistemas de cultivo, tanto irrigados (terras baixas) como de sequeiro (terras altas).
Os dois resultados coroam uma pesquisa iniciada na década de 1990 na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, sob a coordenação do pesquisador Miguel Borges, que têm como base o estudo da comunicação entre os insetos. É parte de uma estratégia maior da Embrapa de desenvolver soluções sustentáveis capazes de reduzir os ataques de pragas às lavouras brasileiras, ajudando ao mesmo tempo, os produtores, a população e o meio ambiente.
A tecnologia: resposta para o controle dos percevejos está na própria natureza
A tecnologia se baseia na utilização de feromônios (substâncias que os insetos utilizam na sua comunicação com os outros insetos da mesma espécie) para monitorá-los e controlá-los nas diferentes lavouras. Trata-se de um método racional e seguro, com grande potencial de utilização em programas de manejo integrado de pragas porque pode reduzir significativamente e, até mesmo, eliminar a utilização de defensivos químicos nas lavouras. Os inseticidas além de ineficientes para controlar os percevejos, causam resistência nos insetos, são nocivos a quem os aplica, eliminam insetos benéficos, como as abelhas e inimigos naturais, e, no caso do arroz irrigado pode contaminar a água de rios e mananciais.
A "chave" para chegar até à tecnologia de semioquímicos está na própria natureza. Os cientistas observaram que os insetos utilizam substâncias químicas para "avisar" aos outros insetos sobre demarcação de território, alimentação, risco de predadores, reprodução, entre outros. Quando essa comunicação ocorre dentro da mesma espécie, o composto químico é chamado de feromônio. É como a linguagem humana, só que com feromônios no lugar das palavras.
De posse desse conhecimento, a equipe liderada pelo pesquisador Miguel Borges começou a extrair feromônios em laboratório para depois colocá-los em armadilhas a serem distribuídas nas lavouras. "No caso dos percevejos, trabalhamos principalmente, com os feromônios sexuais produzidos pelos machos", conta o cientista.
Após a identificação, o feromônio natural produzido pelo inseto é sintetizado em laboratório e formulado em liberadores (pequenos dispositivos (pastilhas), que são impregnados pelo feromônio. Por fim, são colocados em armadilhas no campo para a captura e monitoramento das fêmeas.
As armadilhas com os feromônios são distribuídas nas lavouras com o objetivo de enganar os insetos. Ao identificar o cheiro dos machos, as fêmeas são atraídas e capturadas na armadilha. O intuito final é monitorar e controlar as populações dos percevejos-praga e, consequentemente, reduzir os danos às plantações.
Patentes
A Embrapa recebeu duas patentes pelo desenvolvimento da tecnologia de utilização de feromônios para controle de percevejos-praga. A primeira, em 2013, foi voltada ao complexo de percevejos da soja, e em 2016, ao percevejo-do-colmo do arroz.
Parceria com empresa privada vai levar a tecnologia ao setor produtivo
A eficácia da tecnologia de utilização de feromônios no controle do complexo de percevejos da soja despertou o interesse da empresa privada ISCA Tecnologias Ltda., que a partir de um acordo de cooperação técnica assinado com a Embrapa, desenvolve desde 2011 protótipos de armadilhas para serem usadas em larga escala nas lavouras. Em 2016, essa tecnologia foi licenciada, o que significa que, em breve, armadilhas com os feromônios estarão no mercado à disposição dos produtores brasileiros.
"Encontramos na ISCA um parceiro capaz de transformar essas pesquisas em produtos comerciais", afirma Miguel
Com sede em Ijuí, RS, a empresa possui um grupo de pesquisa e desenvolvimento com capacidade de síntese, produção e formulação de feromônios, prototipação de armadilhas e desenvolvimento de metodologias de manejo integrado de pragas. O objetivo final da parceria é disponibilizar ao setor produtivo da soja metodologias de monitoramento dos percevejos da soja utilizando armadilhas iscadas com feromônios que auxiliem os produtores a adotarem técnicas de manejo que aumentem a eficiência do controle.
Segundo Miguel Borges, assa cooperação foi facilitada pela concessão da patente, em 2013. "Agora, esperamos repetir o mesmo sucesso com o percevejo-do-colmo do arroz", complementa.
Os semioquímicos ocupam hoje cerca de 30% do mercado de biopesticidas no mundo, perdendo apenas para os inseticidas bacterianos e botânicos. No Brasil, o mercado de semioquímicos está em franca expansão, com mais de 15 produtos registrados e outros em fase de registro.
Outras culturas
A tecnologia de utilização de feromônios em armadilhas já está sendo utilizada no manejo integrado de outras pragas agrícolas, como por exemplo, a broca do cupuaçu, em parceria com a Embrapa Amazônia Ocidental, cascudinho da cama de frango e mariposas, entre outras.
Serviço: Interessados em adquirir a tecnologia de feromônios para controle do percevejo marrom da soja (Euchistus heros) podem entrar em contato com Leandro Mafra, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa ISCA Tecnologias Ltda., pelo e-mail: leandro@isca.com.br e telefone: (55) 3332-2326.
Fernanda Diniz (MTB 4685/89)
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
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