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Novas alternativas para controle de nematoides é desafio para a pesquisa
Encontrar novas opções de controle e manejo de nematoides é um dos principais desafios para os pesquisadores brasileiros nos próximos anos. Os caminhos para conseguir atender à demanda por soluções a esta praga foram discutidos entre os dias 19 e 22 de agosto, durante o 31º Congresso Brasileiro de Nematologia, realizado em Cuiabá/MT.
Os sistemas de produção baseados em monocultura ou na sucessão contínua de culturas hospedeiras têm contribuído para o aumento considerável das populações de espécies de fitonematoides que causam queda de rendimento da planta e perdas de produção, como os nematoides de galha (Meloidogyne sp.), de cisto (Heterodera sp.), reniformes (Rotylenchulus sp.) e das lesões radiculares (Pratylenchus sp.).
Com o aumento constante destas populações nas lavouras, os problemas ocasionados por eles são agravados. Na cultura da soja, por exemplo, pesquisas indicam prejuízos de até 40%, dependendo do tamanho da infestação, da espécie da praga e das condições naturais da região.
"Na medida em que a agricultura se expande, surgem novos problemas com os nematoides fitoparasitas. O desafio vai desde a taxonomia, com a identificação das espécies, até a busca por materiais resistentes. É preciso ainda fazer testes com produtos químicos e investir no controle biológico porque há uma demanda da sociedade por menor uso de pesticidas", afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN), Ricardo Moreira de Souza.
Para reduzir o problema já existem algumas alternativas, por meio de variedades resistentes e de rotação com culturas não hospedeiras de espécies nocivas, o que interrompe a chamada ponte verde, que garante o fornecimento constante de alimento. Assim, tem-se a redução da população de nematoides. Entretanto, ao fazer isso, o produtor precisa abrir mão da renda de uma safrinha de milho, o que dificulta a aceitação.
Segundo o pesquisador da Esalq/USP, Mário Inomoto, são poucos os produtores que entendem a necessidade de fazer esta rotação como maneira preventiva. "É um desafio desenvolver técnicas que sejam mais aceitáveis do ponto de vista econômico para o produtor", afirma.
Para o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Guilherme Asmus, parte da solução está no melhoramento genético, com o desenvolvimento de cultivares resistentes aos nematoides mais prejudiciais às culturas. "Outra linha de pesquisa é o manejo das culturas para redução de nematoides, via sistemas de rotação ou de sucessão de culturas mais adequados para áreas infestadas", explica.
A mesma solução é apontada também para outras culturas prejudicadas pelos nematoides, como as olerícolas. Segundo o pesquisador da Embrapa Hortaliças, Jadir Pinheiro, o desenvolvimento de cultivares resistentes ao Meloidogyne enterolobii é uma das principais demandas no momento.
"Esta espécie é uma ameaça potencial para as hortaliças. Em 2006, foi detectado em algumas solanáceas, como pimenta e pimentão, que tinham genes de resistência a Meloidogyne javanica e Meloidogyne incognita. Ele quebra esta resistência. O gene que funciona para estas espécies não funciona para Meloidogyne enterolobii. Então, um dos grandes desafios seria desenvolver um produto ou porta-enxerto que seja resistente à espécie", afirma.
Congresso
O 31º Congresso Brasileiro de Nematologia foi realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Centro Universitário de Várzea Grande (Univag) e Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT). Em 2014, a 32ª edição será em Londrina/PR, com realização do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar).
Gabriel Faria (15.624/MG JP)
Embrapa Agrossilvipastoril
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