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Pesquisadores analisam a visão de consultores técnicos sobre o impacto ambiental e a adoção de tecnologias de manejo do HLB dos citros
O huanglongbing (HLB) dos citros, doença constatada no Brasil em 2004, vem provocando perdas expressivas nas principais regiões produtoras e pode colocar em xeque a sustentabilidade da cadeia citrícola. Até o momento restrita aos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, a enfermidade tem registrado até 2016 aproximadamente 17% de árvores com a doença apenas em São Paulo.
Preocupados com o problema, pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) Geraldo Stachetti Rodrigues e da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA) Eduardo Sanches Stuchi e Eduardo Augusto Girardi estudam os impactos causados pelas técnicas de controle do HLB dos citros, utilizando análise multicritério (método Ambitec-Agro), de acordo com verificação realizada com grupos de consultores técnicos que atuam na citricultura.
No projeto “Práticas intensivas de manejo fitotécnico para sistemas de produção de citros em áreas endêmicas de HLB” na atividade de “Elaboração e validação de critérios para avaliação de Boas Práticas de Manejo em sistemas de produção de citros direcionados ao manejo do HLB”, propõem a formulação de um módulo de critérios e indicadores (Ambitec-HLB) dedicado à avaliação de impactos ambientais causados pela incidência da enfermidade; verificação da adoção de Boas Práticas de Manejo; e implementação de tecnologias específicas de controle do HLB dos citros.
As informações constam no Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 68 “Impactos ambientais e tecnologias de controle do huanglongbing (HLB) dos citros: visão dos consultores técnicos”, editado pela Embrapa, que apresenta os resultados obtidos no alcance dessa atividade de pesquisa, dirigida a fomentar o diálogo com técnicos consultores da cadeia citrícola, sobre avaliação de impactos e Boas Práticas de Manejo (BPM) para controle do HLB dos citros, com o objetivo de verificar a aplicabilidade do módulo de indicadores Ambitec-HLB, enquanto ferramenta de gestão técnica e ambiental, e de transferência de tecnologias, com especial referência ao controle desta doença.
Pesquisa
Na análise constam vários indicadores, como os impactos ambientais do HLB (38 indicadores); a adesão às Normas Técnicas Específicas de Produção Integrada de Citros – NTEPIC (89 indicadores); e a adoção de tecnologias específicas de controle, segundo a literatura científica e os ‘dez mandamentos’ de controle do HLB (31 indicadores).
Segundo os pesquisadores, no estudo 37 consultores técnicos expressaram seu conhecimento sobre a incidência da doença, seus impactos e práticas de controle, para um universo produtivo representado por 250 mil ha, correspondendo a 115 milhões de plantas. A incidência média de HLB em várias regiões produtoras do país foi estimada de aparente ausência a uma média de 7%. O índice multicritério de impacto ambiental alcançou -0,11 (escala ± 1), com particular referência ao aumento do uso de produtos químicos e do consumo de energia. O índice de conformidade NTEPIC alcançou 0,72, enquanto que a adoção de práticas específicas de controle de HLB chegou a 0,52.
“É importante destacar que o uso deste instrumento de avaliação permite, a partir da análise crítica de seus resultados, fornecer subsídios norteadores para a pesquisa agronômica, no que tange à otimização do controle do HLB”, salienta Rodrigues.
Impacto da doença e medidas de controle
Os pesquisadores enfatizam que o HLB é considerado a doença mais destrutiva dos citros, provocando redução expressiva da produção e da longevidade das plantas em todas as regiões em que ocorre, incluindo importantes países produtores como EUA, China, Índia, México e África do Sul. É causada por bactérias limitadas ao floema (Candidatus Liberibacter spp.) transmitidas no Brasil pelo psilídeo dos citros (Diaphorina citri) de maneira persistente.
“Uma característica que torna a doença tão insidiosa é a elevada incidência de infecção críptica: plantas infectadas assintomáticas são fontes de inóculo. Em adição, ainda não são conhecidas fontes de resistência genética, não há medidas curativas efetivas em plantas infectadas e o controle do vetor é oneroso”, enfatiza Eduardo Stuchi. Ele explica que estratégias atuais de controle se baseiam no uso de mudas sadias, inspeção e erradicação sistemática de plantas sintomáticas, e controle químico do inseto vetor, cuja eficiência é ampliada quando assumidas em um contexto de manejo regional.
“Entre uma variedade de pesquisas que vêm sendo conduzidas pela Embrapa e outras instituições sobre esse problema, práticas horticulturais que resultem em sistemas mais intensivos de produção têm sido propostas para o enfrentamento dessa doença a curto e médio prazos”, diz o pesquisador Embrapa Mandioca e Fruticultura Eduardo Girardi.
Em síntese, “a pesquisa busca a antecipação e ampliação da produtividade, a prevenção da infecção e a redução da taxa de progresso da doença, de modo a reduzir os riscos associados ao cultivo dos citros e viabilizar a produção econômica na presença endêmica do HLB, contudo minimizando impactos negativos sobre o ambiente e a sociedade”.
A publicação pode ser baixada gratuitamente no endereço: http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/154834/1/2016BP04.pdf
Eliana Lima (MTb 22.047/SP)
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