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Equipe analisa compostos antibacterianos de bactérias marinhas
Bactérias marinhas podem produzir compostos capazes de substituir antibióticos existentes que, devido ao desenvolvimento da resistências nas bactérias, não são mais efetivos nos tratamentos terapêuticos. Essa é a conclusão de um estudo realizado pelos pesquisadores Claudia Schinke, Thamires Martins e Felix Reyes, da Universidade Estadual de Campinas; Sonia Queiroz e Itamar Melo, da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) e publicado em janeiro de 2017, no Journal of Natural Products.
Os cientistas revisaram pesquisas sobre compostos antibacterianos produzidos por bactérias de origem marinha, realizadas entre 2010 a 2015, e concluíram que elas têm habilidade de produzir metabólitos de estruturas químicas variadas com atividade antibacteriana.
Conforme Claudia Schinke, durante o período estudado, mais de 50 compostos ativos foram isolados, sendo cerca de 69% obtidos da classe de bactérias chamada Actinobacteria. Vários destes compostos já eram conhecidos, como etamicina e nosiheptida, porém novos experimentos mostraram que possuem atividades antibacterianas não detectadas anteriormente, explica a pesquisadora, destacando o fato de que compostos conhecidos são também uma importante fonte de antibacterianos.
Os compostos reportados no período pertencem a 28 classes químicas diferentes, das quais 10 representam novas classes de moléculas. Mais 30 desses novos compostos foram capazes de inibir uma variedade de linhagens de bactérias Gram-negativas e Gram-positivas. Algumas moléculas apresentaram atividades antibacterianas altamente seletivas contra bactérias Gram-positivas em modelos in vivo para septicemia, podendo se tornar um novo fármaco. Além disso, a eficácia destas moléculas mostrou ser comparável aos antibióticos de primeira linha.
Novos mecanismos de ação foram também detectados, embora não completamente elucidados. Anthracimycin, kocurin, gageotetrins A−C e gageomacrolactins 1−3 são exemplos de moléculas que apresentam propriedades promissoras.
Também foram relatadas moléculas pertencentes à nova classe de compostos antibacterianos - os bloqueadores de virulência, como piericidin A1 e seu derivado mer-A 2026B. Vários microrganismos produziram uma mistura de metabólitos que compartilham a mesma estrutura química básica, e relações estrutura-atividade são discutidas no texto do Journal of Natural Products.
Com o crescente desenvolvimento da ciência oceanográfica e das técnicas de varredura envolvendo metabolômica, levando à descoberta de novas espécies e perfis metabólicos, têm-se descoberto novas moléculas apresentando atividade inibitória potente contra os atuais patógenos multi-resistentes aos antibióticos. A pesquisadora ressalta que deve-se colocar esforços na contínua exploração do ambiente marinho à procura de novos compostos bioativos para o desenvolvimento de novas drogas.
Cristina Tordin (MTB 28499)
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