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02/08/17 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação  Manejo Integrado de Pragas

Embrapa investe em pesquisas com feromônios para monitorar a dispersão do gorgulho da semente de manga no Brasil

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Foto: Carolina Blassioli

Carolina Blassioli - O pesquisador Miguel Borges e as equipes das duas unidades testam feromônios em plantações de manga no campo.

O pesquisador Miguel Borges e as equipes das duas unidades testam feromônios em plantações de manga no campo.

Praga que não existia no Brasil foi identificada em Campo Grande, RJ.

Cientistas de duas unidades de pesquisa da Embrapa – Agrobiologia (Seropédica, RJ) e Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília, DF) - estão unindo esforços de pesquisa para monitorar, avaliar e controlar a dispersão da praga popularmente conhecida como gorgulho da semente de manga (Sternochetus mangiferae) no Brasil. O inseto, que até 2016, era tratado como praga quarentenária, ou seja, não existia no País, foi identificado em uma residência particular no município de Campo Grande (RJ). O objetivo da Embrapa é estudar a população brasileira desta praga e identificar feromônios capazes de monitorar e controlar a sua dispersão no Brasil.

De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o Brasil ocupa a sétima posição na produção mundial de manga, com um rendimento de 1,5 milhões de toneladas em uma área 90 mil hectares. Vale destacar que a produtividade brasileira é bem superior aos demais países grandes produtores.

O gorgulho da semente da manga é uma praga largamente distribuída em todas as áreas de produção dessa fruta. É bastante nociva porque causa queda prematura de mangas, diminui o poder germinativo da semente e danifica a polpa de frutos maduros, reduzindo o potencial de comercialização. A dispersão desta praga no Brasil poderia representar sérios prejuízos à fruticultura e à economia nacional.

Por isso, desenvolver formas para monitorar e controlar a dispersão deste inseto antes que se alastre no País é fundamental. Segundo a pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Carolina Blassioli, estudos científicos têm comprovado a eficiência da utilização de feromônios para monitorar e avaliar a dispersão de pragas. No caso em questão, a meta da Embrapa é identificar o feromônio de Sternochetus mangiferae e avaliar o seu potencial para o monitoramento da praga no Brasil.

Prevenção: palavra de ordem contra pragas quarentenárias

Os feromônios fazem parte de um grupo maior denominado semioquímicos.  Tratam-se de substâncias químicas utilizadas na comunicação entre seres vivos na natureza. Quando ocorrem dentro da mesma espécie são chamados de feromônios. Os insetos utilizam esses sinais químicos para demarcar território, alertar sobre a presença de predadores e se reproduzir, entre outras funções importantes para a sua sobrevivência. Os cientistas reproduzem as condições observadas na natureza, isolam os feromônios em laboratório e os utilizam no monitoramento e controle de insetos-praga a partir de armadilhas colocadas nas lavouras.

Os estudos de feromônios sexuais têm aberto novas possibilidades para o manejo e controle de pragas com a diminuição, ou mesmo, eliminação das aplicações de inseticidas químicos. O grupo de pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia – Carolina Blassioli, Miguel Borges e Raul Laumann – já está bastante avançada no uso dessa tecnologia para o controle do complexo de percevejos que atua como praga da cultura da soja no Brasil. Neste caso, os feromônios sexuais isolados das fêmeas são colocados em armadilhas nas lavouras para enganar e atrair os machos, impedindo a reprodução.

Essa expertise foi a base para uma cooperação técnica entre a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, o Conselho de Pesquisa Científica e Industrial de Gana (CSIR, sigla em inglês) e o Instituto de Pesquisa de Rothamsted, do Reino Unido, financiado pela Plataforma África-Brasil de Inovação Agropecuária (Programa MKTPlace), para desenvolver ferramentas à base de feromônios em prol do manejo de Sternochetus mangiferae nas plantações de manga em Gana. Como esta praga era considerada quarentenária não presente no Brasil, todos os estudos com os insetos provenientes de Gana estavam sendo conduzidos no CSIR e no Instituto Rothamsted. Diante do relato de ocorrência da praga no Rio de Janeiro no final de 2016, a equipe da Unidade de Brasília entrou em contanto com a pesquisadora Alessandra Silva, da Embrapa Agrobiologia, para iniciar estudos em colaboração.

O primeiro passo, que está sendo realizado esta semana (31 de julho a 04 de agosto) é estudar a população brasileira do inseto. Para isso, as duas equipes estão reunidas na Unidade da Embrapa em Seropédica.
    
Cientistas estudam a combinação dos feromônios do inseto e da mangueira

Paralelamente aos estudos com feromônios do inseto, os cientistas buscam também semioquímicos da mangueira atrativos aos insetos. Os semioquímicos da planta (flor e fruto), quando combinados com o feromônio do inseto, podem auxiliar no desenvolvimento de métodos de captura dos insetos em armadilhas para controle no campo.

Os pesquisadores explicam que é muito importante que essas ferramentas sejam incluídas num plano de contenção e erradicação da praga.

Durante a permanência em Seropédica, os pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia desenvolvem também ações de capacitação dos estudantes, pesquisadores e analistas da Embrapa Agrobiologia nos estudos de Ecologia química.

Fernanda Diniz (MTb 4685/DF)
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia

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