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19/03/15 |   Agricultura familiar

Sistema integrado de produção de mudas de hortaliças beneficia agricultores familiares no RJ

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Foto: Nilton César

Nilton César - Técnicas simples, fáceis de serem colocadas em prática e de baixo custo

Técnicas simples, fáceis de serem colocadas em prática e de baixo custo

Produzir mudas de hortaliças orgânicas com qualidade é um grande desafio para o agricultor familiar fluminense, em razão principalmente do acesso restrito a tecnologias apropriadas a este segmento. Para ampliar a oferta de algumas dessas tecnologias e promover a sustentabilidade no campo, a Embrapa Agrobiologia vem desenvolvendo um projeto desde 2013 para implantação e disseminação do "Sistema integrado de produção de mudas de hortaliças" (SIPM) em quatro regiões do Estado do Rio de Janeiro. "O objetivo é estimular a própria produção de mudas visando a abastecer esse mercado, que ainda é pequeno. Os produtores de hortaliças orgânicas têm poucos fornecedores e, quando precisam, buscam fora do Estado", explica a pesquisadora Cristhiane Amâncio, da Embrapa.
 
O sistema é composto por uma estufa e uma peneira de baixo custo, disponibilizadas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio de Janeiro (Pesagro-Rio), um sistema de irrigação baseado no uso de energia solar, desenvolvido pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e um substrato orgânico formado à base de vermicomposto e fino de carvão, desenvolvido pela Embrapa Agrobiologia. A pesquisadora explica que a busca de materiais alternativos para a formulação de misturas que sirvam como substrato ou meio de crescimento vegetal tem sido uma preocupação crescente da pesquisa. "É preciso reduzir a participação de insumos industrializados na propriedade, porque isso traz benefícios econômicos e ecológicos capazes de fomentar sistemas agrícolas sustentáveis", argumenta Cristhiane.  
 
Por meio do projeto, que é financiado pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), essa estrutura foi instalada nas regiões Metropolitana, Serrana, Médio Paraíba e Noroeste do Estado. Em cada localidade foi selecionado pelo menos um agricultor multiplicador, que foi capacitado em todas as técnicas que compõe o SIPM. "A ideia foi promover a cooperação e solidariedade, fortalecendo os laços de confiança e ajuda mútua entre os agricultores, que precisam planejar e ocupar a estufa de acordo com as demandas da comunidade", explica o técnico em agroecologia e bolsista da Embrapa Nilton César dos Santos.
 
Segundo ele, os produtores se comprometem formalmente em abastecer os sistemas de produção locais com as mudas produzidas em suas propriedades. E o interessante é que essas mudas já estão adaptadas às condições de clima e solo da região. Em alguns casos, eles buscam até mesmo a ajuda de outros agricultores para a produção dos insumos necessários. Este é o caso de Izabel Michi, de Seropédica, na Baixada Fluminense. Ela produz as mudas com o vermicomposto feito pelo agricultor Sérgio Galvão Borges, da mesma região, e as distribui para 25 famílias do município.
 
Após dois anos de projeto, os pesquisadores afirmam que os agricultores das regiões beneficiadas tiveram ganhos significativos. "Temos visto um aumento na produção, nos ganhos econômicos e também na qualidade de vida dos agricultores", complementa Cristhiane.
 
Ganhos reais para as famílias
O agricultor orgânico João Galo, de Teresópolis, na Região Serrana, planta em seu sítio principalmente hortaliças e morango. O sistema foi implantado na localidade em 2013 e João garante que vem dando bons resultados. Ele distribui as mudas na Associação de Agricultores Orgânicos de Teresópolis e em feiras locais. O agricultor ressalta que as técnicas são simples e fáceis de serem colocadas em prática. "O substrato é até melhor do que muitos que estão no mercado", afirma. Com as mudas de boa qualidade ao seu alcance, o agricultor conseguiu um acréscimo de R$ 1 mil na sua renda mensal.
 
A agricultora Izabel Michi também mantém uma estufa em sua propriedade de cinco hectares. Ela conta que, além de propiciar uma maior diversificação na sua lavoura, a estufa possibilitou a redução nos gastos com mudas e insumos e, consequentemente, aumentou o seu lucro. "Hoje aumentamos os ganhos em cerca de 80%", afirma a agricultora.
 
O projeto termina no final de 2015, mas os pesquisadores já estão pensando em formas de prosseguir com a implantação das estufas em outras regiões do Estado.
 

Ana Lucia Ferreira (MTb 16913/RJ)
Embrapa Agrobiologia

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