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25/03/15 | Agricultura familiar
Compostagem 100% vegetal: sucesso no campo e na internet
O agricultor Severino Soares, de Japeri, nunca tinha feito qualquer tipo de compostagem. Depois de participar de curso sobre composto 100% vegetal, em 2012, na Embrapa Agrobiologia (Seropédica, RJ), ele aprendeu que há uma alternativa viável para substituir os adubos orgânicos nas lavouras. Logo fez uma pilha grande do material, que aplicou em suas mudas medicinais. "Como eu já trabalhava na roça, foi fácil aprender a fazer. Gostei muito", disse ele – apenas um dos 115 participantes das várias edições do curso oferecidas nos últimos três anos.
Ao longo desses anos a analista Nátia Auras, do setor de Transferência de Tecnologia, realizou uma pesquisa com 48 participantes para descobrir se eles aprenderam a técnica e se passaram a utilizá-la em seu cotidiano. Os resultados apontam que 75% dos entrevistados não faziam ou não conheciam a compostagem vegetal antes do curso. Além disso, 25 agricultores – ou 52% do total de entrevistados – passaram a utilizar o método.
Outro caso é o do agricultor e engenheiro florestal Markus Stephan Buszynkz, de Miguel Pereira/RJ, que utilizava a adubação tradicional com esterco. Depois de aprender a técnica da compostagem 100% vegetal, resolveu colocá-la em uso. "É mais prático, mais barato e mais rápido de obter, e o substrato é muito bom", diz ele, que produz mudas de hortaliças e frutíferas.
Só com o curso, o método já alcançou moradores de grande parte da região serrana do Rio de Janeiro e da baixada fluminense. Alguns agricultores, inclusive, também podem ser multiplicadores em suas regiões. O produtor rural George Albert Sodré do Nascimento, que participou da iniciativa em 2014, é um exemplo. Integrante da Associação de Produtores Rurais de Japeruba e Pedra Lisa, em Japeri, ele utiliza a técnica em sua propriedade e está encaminhando um projeto para divulgar a compostagem vegetal entre os associados. "Estamos elaborando um minicurso com o passo a passo para incentivar a produção aqui na região", explica.
De acordo com Nátia, ainda que nem todos repassem as informações adiante, é evidente o aproveitamento decorrente da realização do curso de compostagem. "A maioria dos entrevistados disse que é fácil fazer o composto. Mas muitos que apresentam inclinação para usá-lo ou fazê-lo ainda estão na espera de que algumas condições se tornem favoráveis, como a de conseguir cortar e triturar o capim-elefante, por exemplo", explica.
Internet - A compostagem 100% vegetal também pode ser conhecida em videoaula disponível no canal do Youtube da Embrapa. O vídeo já soma mais de 45 mil visualizações, se contadas também as do link divulgado originalmente no antigo canal da Videoteca Embrapa (hoje chamado de Dia de Campo na TV). O material já foi compartilhado quase 350 vezes pelos usuários do Facebook e ainda hoje gera dezenas de comentários positivos. Um exemplo é o comentário da técnica em agropecuária Verônica Lima, que afirma: "Excelente aula! São informações como estas que precisamos."
Sobre a técnica - O composto 100% vegetal, desenvolvido pelo pesquisador da Embrapa Agrobiologia Marco Antônio Leal, utiliza materiais como torta de mamona, bagaço de cana-de-açúcar e palhada de capim-elefante em sua composição, sem a necessidade de adição de inoculantes ou adubos minerais. Ele é uma alternativa aos adubos orgânicos, que, em sua maioria, utilizam esterco bovino e cama de aviário, materiais de difícil obtenção e custo elevado e que geralmente apresentam problemas de contaminação química ou biológica.
Segundo Marco, os fertilizantes orgânicos e substratos obtidos a partir desse processo apresentam qualidade superior aos similares encontrados no mercado e podem ser utilizados também na agricultura orgânica. "Esses produtos são isentos de contaminação biológica, não utilizam adubos minerais e seu custo pode ser muito inferior. Além disso, podem ser produzidos tanto em grande escala como na pequena propriedade rural, já que utiliza um processo industrial simples, que não necessita de grandes investimentos em infraestrutura", diz.
Liliane Bello (MTb 01766/GO)
Embrapa Agrobiologia
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Colaboração: Adrian Busch (estagiária)
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