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Embrapa aborda alternativas para agroquímicos na Assembleia Legislativa de Sergipe
Foto: Saulo Coelho
Pesquisadora Walane de Melo Ivo aborda trabalhos da Embrapa para controle biológico de pragas e doenças em substituição aos agroquímicoss
Manejo integrado de pragas, desenvolvimento de controle biológico de pragas que substituem o uso de pesticidas, controle biológico da lagarta do cartucho, armadilhas com feromônio, inseticida biológico, controle biológico na cana de açúcar, novas pragas e novos desafios. Esses foram os temas abordados pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) durante o seminário "Os impactos Socioeconômicos e na Saúde dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Decorrentes da Monocultura Praticada pelo Agronegócio e do Uso de Agrotóxicos" que aconteceu na sexta-feira do dia 27, no plenário da Assembleia Legislativa de Sergipe.
Após palestra do chefe-geral da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Manoel Moacir, que abordou o papel da Embrapa tanto em Sergipe como no Brasil, a pesquisadora Walane Maria Pereira de Mello Ivo ressaltou as principais conquistas da Embrapa que visam o uso mais racional de agroquímicos na lavoura.
A pesquisadora Walane citou o sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, projetos de transição ecológica, manejo integrado de pragas, desenvolvimento de controle biológico de pragas que substituem o uso de agroquímicos, controle biológico da lagarta do cartucho, uma das principais doenças da cultura do milho, soltando no campo uma vespa que parasita os ovos da lagarta.
Ela evidenciou também a pesquisa bem sucedida desenvolvida em Sergipe pela Embrapa Tabuleiros Costeiros sobre o controle do vetor da doença do Anel Vermelho nos coqueiros, o besouro Rhynchophorus palmarum que é extremamente agressivo. Com a utilização de feromônios, os besouros são atraídos em uma armadilha feita de garrafa pet, aprisionados e destruídos. Há também o fungo que os mata contaminando outros besouros evitando assim, em ambos os casos, o uso de inseticidas.
Outra conquista tecnológica é relativa ao baculovírus, um inseticida biológico contra a lagarta da soja que só mata esse inseto e dispensa o uso de controle químico. Além de ser mais econômico não afeta os animais, homens ou o meio ambiente.
Ela expos ainda as pesquisas da Embrapa para o controle de nematoides com uso da leguminosa crotalária em rotação de cultura com a cana. "Verificou-se que o processo é tão eficiente quanto o uso do agroquímico Furadan", disse ela. "A produtividade de cana-de-açúcar foi o mesma tanto com uso do nematicida quanto a da crotalária", complementou.
Wallane também destacou as novas variedades de cana-de-açúcar que são mais resistentes às doenças, evitando assim o uso de agroquímicos. Essas variedades são decorrentes da rede Ridesa (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenegético).
"Doenças não são um problema na cana-de-açúcar", disse. No entanto, a pesquisadora ressaltou que novas pragas vão surgindo como a broca gigante da cana cujo controle é muito difícil, pois a broca fica alojada no rizoma da cana, rente ao solo. "O tratamento é muito caro por ser manual. Tem que furar o rizoma da cana para retirá-la e eliminá-la", explicou. "É um desafio a busca de feromônio para atrair esse inseto e controlar essa praga", complementou. "Nem inseticida resolve, pois não tem contato com elas", disse ela.
Walane disse ainda que a busca de certificados para o mercado externo, com produtos que dispensam agrotóxicos, são cada vez maiores e que os consumidores internacionais estão cada vez mais exigentes.
Outra questão que precisa ser trabalhada, em relação à cana-de-açúcar, é o uso de herbicidas. "É uma demanda para a Embrapa", complementa. O principal problema é a permanência do herbicida no solo e a contaminação do lençol freático. Além disso, há a redução da matéria orgânica do solo.
Ela também falou sobre o uso de nematicidas e inseticidas que prejudicam a saúde dos trabalhadores aplicadores, principalmente com uso de aplicação costal.
O evento
Realizado pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, atendendo a requerimento apresentado pelo deputado federal João Daniel (PT/SE), as galerias e o plenário da Assembleia de Sergipe ficaram lotados de agricultores, técnicos, representantes dos movimentos sociais, entidades governamentais e estudantes interessados no controle dos agroquímicos.
O deputado João Daniel se comprometeu a viabilizar projetos para Sergipe e ajudar a construir um projeto novo de agricultura, comprometido com o meio-ambiente.
Além da pesquisadora Wallane Ivo e do chefe-geral da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Manoel Moacir, participaram no evento, o procurador regional do Trabalho e coordenador do Fórum Nacional de Combate aos agrotóxicos, Pedro Luiz Gonçalves Serafim, o procurador do Trabalho em Sergipe e coordenador do Fórum estadual, Manoel Adroaldo Bispo, o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) em Sergipe, Gileno Damascena, e o coordenador nacional da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, Jorge Montalván Rabanal.
Ivan Marinovic Brscan (1634/09/58/DF)
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