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27/09/17 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação  Produção animal

Qualidade associada à conservação: garantia de diversidade genética à disposição da ciência e da sociedade

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Foto: Claudio Bezerra

Claudio Bezerra - Kleibe Silva, pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos.

Kleibe Silva, pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos.

Embrapa investe na adequação de seus núcleos e bancos de conservação animal às normas internacionais de qualidade.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) investe na conservação de raças de animais domésticos de interesse zootécnico desde a década de 1980. Essas raças, seculares no Brasil, guardam genes e características de adaptação ao meio ambiente adquiridas ao longo do tempo, com muito potencial de uso em programas de melhoramento genético animal. Parte desse tesouro genético está mantido em uma de suas unidades de pesquisa, a Embrapa Caprinos e Ovinos, em Sobral, CE, onde cerca de 400 animais representando cinco raças são pesquisadas e conservadas em núcleos de conservação e em bancos de DNA e tecidos. O objetivo é assegurar diversidade genética à pecuária brasileira.

Em parceria com a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, unidade da Embrapa localizada em Brasília, DF, começaram a ser implantados em junho de 2016 requisitos com o objetivo de adequar os cinco núcleos de conservação – abrangendo duas raças de caprinos: Canindé (58 animais) e Moxotó (68); e três de ovinos: Morada Nova (72); Santa Inês (85) e Somalis Brasileira (81) - e o Banco de DNA e tecidos da Embrapa Caprinos e Ovinos às normas internacionais de qualidade. O objetivo é assegurar que a conservação desses animais seja feita de forma adequada, com o mínimo de repetitividade e o máximo de variabilidade genética possível.

“Até o momento, os resultados têm sido muito positivos e já impactaram na qualidade dos rebanhos conservados, especialmente no que se refere à rastreabilidade do material genético e veracidade das informações associadas”, como afirma o pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos Kleibe Silva. Os requisitos de qualidade envolvem todos os processos relacionados aos acervos genéticos, incluindo documentação, registros, pessoal, instalações e condições ambientais, equipamentos e rastreabilidade de medição e insumos.

Antes do início do Projeto QUALIANI - Implementação e Monitoramento de Sistemas da Qualidade na Vertente Animal, a identificação dos animais era feita de forma precária, manualmente em formulários de papel, o que comprometia a veracidade das informações. Hoje, a identificação dos animais está sendo feito de forma eletrônica e o objetivo, segundo o pesquisador, é abolir o uso do papel na rotina da Unidade. Além disso, o processo é feito com base em requisitos de qualidade que garantem um padrão unívoco dentro e entre os rebanhos.

Esses resultados têm impactado positivamente a identificação dos animais tanto nos núcleos de conservação, onde são mantidos in vivo no campo, como principalmente no banco de DNA e tecidos (pele, pelos e sangue, entre outros), que hoje conta com cerca de 1.100 amostras dos cinco rebanhos de caprinos e ovinos. Nesse banco, o material genético é conservado em um freezer a 20ºC abaixo de zero em cinco gavetas, sendo cada uma delas dedicada a uma raça.

Conservação eficiente: intuito é eliminar o uso de papel na rotina dos núcleos de conservação

“A implantação da qualidade nas coleções genéticas elimina erros na coleta da informação, o que determina a qualidade do produto final”, enfatiza Kleibe. Quem ganha com isso é a ciência brasileira, que vai poder contar com material genético diverso e de qualidade para uso em programas de melhoramento. O imediatismo do setor produtivo na busca de resultados rápidos resulta no afunilamento da base genética, o que é péssimo para a ciência e para a sociedade, visto que as respostas para muitos problemas como doenças e estresses climáticos podem estar na estrutura genética dessas raças, como resultado de séculos de adaptação ao meio ambiente.

“Mas de nada adianta conservar sem saber o que está sendo guardado”, ressalta o pesquisador. O conhecimento apurado sobre o material genético mantido nos bancos é fundamental. Ele lembra que cópias do DNA e dos tecidos que compõem o acervo da Unidade cearense são enviadas para o Banco Genético mantido pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia na capital federal, que funciona como um backup de todos os bancos genéticos da Embrapa no Brasil, com capacidade para armazenar mais de 700 mil amostras de plantas, animais e microrganismos.

A qualidade na coleta de informações auxilia também na seleção do material enviado e na inserção de dados no Sistema Alelo, que é o portal de documentação de recursos genéticos da Embrapa e instituições parceiras no Brasil e exterior.

O que ainda precisa ser aprimorado é o requisito relacionado a registros. “Essa questão já está sendo trabalhada com todos os empregados envolvidos no dia a dia dos rebanhos da Unidade, desde manejadores, técnicos e analistas até pesquisadores”, afirma.
    
Disseminação dos resultados para os outros núcleos de conservação de caprinos e ovinos

A Unidade de Sobral foi pioneira na implantação dos requisitos de qualidade que atendem às normas ABNT ISO/IEC 17025, ABNT ISO GUIA 34 e Versão Brasileira do Documento Diretrizes da OCDE de Boas Práticas para Centros de Recursos Biológicos. O objetivo agora é disseminá-los para os demais núcleos de conservação de caprinos e ovinos da Embrapa em Teresina, PI (Meio Norte); Aracaju, SE (Tabuleiros Costeiros); Bagé, RS (Pecuária Sul), Boa Vista, RR (Roraima) e Corumbá, MS (Pantanal). Essa parte será feita pelo analista Thiago Mesquita.

Segundo Kleibe, a implantação dos requisitos de qualidade nos bancos animais da Embrapa Caprinos e Ovinos foi um grande desafio. O primeiro diagnóstico feito pela equipe do Projeto QUALIANI liderada pela pesquisadora Clarissa Castro, em junho de 2016, apontou 74% de não atendimento aos padrões de qualidade. Hoje, Kleibe aposta num índice em torno de 70% de cumprimento dos requisitos e um índice ainda melhor até ao final do projeto, em 2020, quando será feito um novo diagnóstico. “A nossa Unidade realmente vestiu a camisa da qualidade. Estamos unindo forças e conhecimentos para disseminar a importância dessas práticas entre todos os que participam do processo de conservação”, comemora.

Fernanda Diniz (MTb 4685/DF)
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia

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