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Pesquisadores constatam que a síndrome da morte do capim-marandu é uma das causas de degradação das pastagens no Mato Grosso
Foto: Sandro Eduardo Marschhausen Pereira
Integração lavoura, pecuária, floresta com U. brizantha na URT de Paricá, URT Nova Canaã do Norte.
Uma importante causa de degradação de pastagens no estado do Mato Grosso é a SMB – síndrome da morte do capim-marandu (Urochloa brizantha cv. Marandu). De acordo com os autores de uma publicação lançada recentemente pela Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), a baixa tolerância ao excesso de umidade do solo, causando deficiência de oxigênio, e consequentes alterações morfofisiológicas no sistema radicular da espécie, a tornam suscetível a ataques de agentes bióticos, como fungos patogênicos, que provocam o amarelecimento da parte aérea e sua morte.
A pesquisa descrita na publicação “Zoneamento do risco de ocorrência da síndrome da morte do capim-marandu do estado do Mato Grosso”, de autoria de Celso Vainer Manzatto, Sandro Eduardo Marschhausen Pereira (Embrapa Meio Ambiente) e Bruno Carneiro e Pedreira (Embrapa Agrossilvipastoril, Sinop MT), testou a hipótese de que a síndrome está relacionada à presença de horizontes do solo com deficiência de drenagem ou com baixa permeabilidade em áreas com relevo plano a suave-ondulado, com elevadas precipitações anuais e chuvas intensas. Com base nos resultados, os autores elaboraram o zoneamento de risco edafoclimático da Síndrome.
Segundo eles, esta espécie adaptou-se a solos bem drenados, então, o risco de ocorrência da síndrome pode aumentar em solos com deficiência de drenagem e/ou encharcamento no período das chuvas. Esse risco foi calculado por meio de interpretações das características de solos relacionadas à baixa permeabilidade e ao excesso de água na escala 1:250.000, por meio da interpretação de mapas pedológicos, de declividade e de precipitação pluviométrica. A região de abrangência foi a área antropizada do estado do Mato Grosso até 2002. Os resultados indicam que quando a precipitação é superior a 2100 mm a SMB ocorre em regiões com solos bem drenados sem a presença de encharcamento temporário ou permanente. O estado do Mato Grosso apresenta áreas com riscos distintos de ocorrência da síndrome: 27,2% muito forte; 2,28% forte; 6,64% moderado, 0,43% baixo e 63,47% muito baixo.
Alternativas para controlar a Síndrome
De acordo com os autores, a constatação da ocorrência de SMB em solos com horizontes superficiais e subsuperficiais bem drenados, associados a um regime de precipitação acima de 2100 mm com chuvas intensas, destaca a importância dos sistemas de manejo das pastagens como uma alternativa para evitar a instalação da síndrome.
“Estas práticas favorecem a manutenção ou aumento da infiltração do solo, bem como uma atividade microbiana diversa e concorrente com os fungos patogênicos causadores da SMB. Ou seja, a biomassa e a atividade microbiana são consideradas como as características mais sensíveis às alterações da qualidade do solo promovidas pelos sistemas de produção agropecuários”, afirmam.
Os autores salientam que os sistemas mais homogêneos, como as pastagens tradicionais de braquiária, são menos resilientes que sistemas mais heterogêneos, como por exemplo, os sistemas integrados de produção, como a integração lavoura, pecuária; e lavoura, pecuária e florestas – ILP e ILPF, respectivamente.
Eles enfatizam que em decorrência da área expressiva atacada pela SMB, especialmente no norte do Estado, “há necessidade urgente de integração de esforços entre instituições governamentais, não governamentais e do setor privado ligadas à atividade pecuária, visando à definição e implementação de políticas e estratégias para evitar a degradação das pastagens decorrentes da ocorrência da SMB”.
Os esforços pretendidos são desenvolver estudos de verticalização para detalhar o mapa de solos nas áreas de maior pressão antrópica; promover programa de recuperação de pastagens degradadas no estado do Mato Grosso, especialmente na região norte, por meio de mecanismos fiscais e tributários que permitam a redução dos custos de transporte e aquisição de insumos (calcário e fertilizantes) e da expansão do programa de mecanização para pequenos produtores; promover ações de extensão rural para substituir gradualmente a gramínea U. brizantha cv. Marandu em áreas identificadas como risco forte e muito forte de ocorrência da SMB, utilizando espécies de gramíneas e leguminosas forrageiras adaptadas a estas condições ambientais; validar o zoneamento de risco edáfico de ocorrência da SMB nas áreas antropizadas em todos os estados da Amazônia Legal; priorizar financiamentos para recuperação de pastagens e adoção de ILPF do Plano Setorial de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas para Consolidação da Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC).
Eles destacam por fim, a importância de trabalhar com escalas temáticas – solos, declividade, pluviosidade mais detalhadas, no mínimo 1:100.000, para todos os temas. “Esta escala já permitiria discriminar com maior precisão a distribuição espacial do risco da SMB nos municípios e o uso de alternativas mais eficientes no seu combate e prevenção, bem como caracterizar as alterações e impactos nas propriedades físico-químicas dos solos após o desmatamento da vegetação nativa e sua incorporação ao processo produtivo”.
Baixe o Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 74 aqui.
Eliana Lima (MTb 22.047/SP)
Embrapa Meio Ambiente
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