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Zoneamento de risco começa a valer para milho com braquiária em SE, AL e BA
Produtores do cinturão do milho sergipano, conglomerado de municípios do Agreste com destaque regional e nacional em produção e produtividade, bem como dos Tabuleiros Costeiros e Agreste de Alagoas e Bahia, já podem realizar o plantio do milho consorciado com braquiária, permitindo acesso aos programas de seguro agrícola.
Isso é possível graças à publicação pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) das portarias de números 385, 386 e 393, de 23 de dezembro de 2019, que aprovam o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) para a cultura de milho consorciado com braquiária nos três estados, no ano-safra 2019/2020.
O zoneamento para a combinação dessas duas culturas era um anseio antigo dos produtores em diversas regiões do país. Sem esse instrumento, os bancos públicos e os programas federais de seguro agrícola ficavam impedidos de oferecer linhas de financiamento e contratos de seguro para o plantio consorciado do grão com a forrageira, tradicionalmente considerada uma competidora prejudicial no campo.
Desenvolvido pela Embrapa e parceiros, o ZARC é um método aplicado no Brasil por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que proporciona a indicação de datas ou períodos de plantio/semeadura por cultura e por município, considerando as características do clima, o tipo de solo e ciclo de cultivares, de forma a evitar que adversidades climáticas coincidam com as fases mais sensíveis das culturas, minimizando as perdas agrícolas.
Além de Sergipe, Alagoas e Bahia, o ZARC para milho com braquiária foi aprovado para diversos estados do Nordeste e outras regiões, em áreas que apresentavam aptidão para cultivo de grãos. A aprovação foi fruto de uma grande força-tarefa de apresentação e validação do ZARC para esse consórcio em diversos estados coordenada pelo pesquisador Fernando Macena, da Embrapa Cerrados (Planaltina, DF), que se reuniu localmente e por videoconferências com agentes públicos e produtores.
No Agreste de Sergipe, o período mais favorável para o plantio e com menor risco de perda vai do início de abril até meados de junho, com preferência tradicional dos produtores por variedades de ciclo precoce – cerca de 100 a 110 dias da germinação até o ponto de colheita. Destacam-se municípios como Carira, Poço Verde, Simão Dias, Pinhão e Nossa Senhora Aparecida.
Benefícios da braquiária
A gramínea braquiária tem sido cada vez mais vista como um verdadeiro “capim-santo” para as culturas de grãos na região dos Tabuleiros Costeiros e Agreste da nova região do SEALBA – que compreende áreas de alto potencial em Sergipe, Alagoas e Bahia.
Pesquisas desenvolvidas pela Embrapa na região têm apontado resultados surpreendentes, tanto na conservação e melhoria de solos em áreas nativas e cultivadas como na produtividade das culturas de grãos, que a cada ano ganham mais força em diversas áreas.
Pesquisadores da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE) observaram que a braquiária exerce um importante papel na suavização tanto dos efeitos do excesso de chuvas quanto da estiagem.
Os experimentos mostraram que, comparativamente a áreas cultivadas com milho sob preparos de solo convencional, cultivo mínimo e plantio direto, áreas com cobertura de braquiária apresentaram, em média, 68% de aumento na taxa de infiltração de água no solo, após sete anos da introdução da gramínea.
Estudos realizados pelos pesquisadores em anos anteriores têm demonstrado as propriedades da braquiária na melhoria do solo. “Numa região de chuvas irregulares como os Tabuleiros Costeiros do Nordeste, o uso da braquiária nesses sistemas de grãos pode auxiliar atuando como cobertura morta na retenção de umidade no solo em um ano seco, bem como na prevenção de encharcamentos em anos chuvosos pelo fato de sua raiz atuar descompactando o solo” explica Edson Patto.
O gênero Brachiaria é bastante amplo, com mais de 80 espécies, em sua maioria de origem africana. Estudos indicam que a primeira introdução oficial no Brasil foi da Brachiaria decumbens na década de 1950. A partir dos anos 60, a gramínea passa a ser mais amplamente reconhecida, a partir das importações de grandes quantidades de sementes das espécies ruziziensis e brizantha e introdução em áreas da Amazônia, Centro-oeste e Sudeste do país.
Desde então, as diversas espécies de braquiária têm sido bastante usadas em todo o mundo tropical, pois são adaptadas a solos ácidos e de baixa fertilidade, apresentado boa tolerância a alto teor de alumínio e a baixos teores de fósforo e cálcio no solo.
Acesso a programas governamentais
Para ter acesso ao Proagro, ao Proagro Mais e à subvenção federal ao prêmio do seguro rural, o produtor deve observar as recomendações desse pacote tecnológico. Além disso, alguns agentes financeiros já estão condicionando a concessão do crédito rural ao uso do zoneamento.
No Brasil, mais de 40 culturas já foram contempladas com o ZARC. A ferramenta é utilizada em apoio à tomada de decisão para o planejamento e a execução de atividades agrícolas, para políticas públicas e para a seguridade agrícola, as principais culturas agrícolas brasileiras já estão contempladas no zoneamento.
Saulo Coelho (MTb/SE 1065)
Embrapa Tabuleiros Costeiros
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