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12/11/21 |   Segurança alimentar, nutrição e saúde

Óleos essenciais de alecrim-pimenta, tomilho e orégano são eficazes contra Salmonella e Staphylococcus

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Foto: Sonia Queiroz.

Sonia Queiroz. - Orégano.

Orégano.

Os óleos essenciais de tomilho, orégano e alecrim-pimenta apresentaram as melhores atividades inibitórias frente a dois patógenos de origem alimentar – Salmonella typhimurium e Staphylococcus aureus, dentre 41 óleos analisados.  A aplicação pode ser no uso desses óleos essenciais diretamente nos alimentos, em substituição aos sintéticos, para consumo por animais ou seres humanos, a fim de controlar ou inibir a proliferação destes microrganismos. O estudo foi realizado por cientistas da Embrapa Meio Ambiente e bolsista da Faculdade de Jaguariúna. 

De acordo com as cientistas, foram avaliadas combinações em pares dos óleos de alecrim-pimenta, capim-limão, tomilho, orégano e canela para observar efeitos adicionais ou não na inibição dos microrganismos. As combinações de cada par dos óleos não apresentaram uma melhora adicional no efeito para os patógenos estudados quando comparados com os seus óleos testados isoladamente, podendo ser utilizados individualmente.

Conforme a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente Ana Lúcia Penteado, “os óleos essenciais que apresentaram potencial para serem utilizados no controle de Salmonella e Staphylococcus estão disponíveis comercialmente e podem ser aplicados diretamente nos alimentos”.

Entretanto, explica Ana, há necessidade de se realizar  testes adicionais para cada tipo de aplicação. Dentre esses testes devem ser feita a determinação da concentração do óleo essencial no alimento, que deve estar em nível suficiente para controlar a presença das bactérias ao mesmo tempo em que, por meio de análise sensorial, seja aceito mercadologicamente. 

Como a composição dos óleos essenciais podem mudar, dependendo das condições de cultivo da planta e do método de extração, a sua caracterização é de extrema importância, enfatiza Ana Penteado. 

Importância

A grande vantagem do uso de óleos essenciais é que muitos deles são reconhecidos como seguros pela FDA (Food and Drug Administration), podendo ser utilizados como conservantes naturais em alimentos, substituindo os sintéticos. Com isso, obtêm-se uma melhor proteção contra microrganismos, reduz-se o processo de deterioração sensorial, mantêm o teor nutricional dos alimentos, bem como evita uma possível produção de substâncias tóxicas. Além disso, pelo fato de os óleos essenciais serem compostos por misturas complexas de substâncias, a possibilidade de formação  de cepas resistentes a essas substancias é bastante remota. 

Doenças transmitidas por alimentos (DTAs) são um grave problema de saúde pública em todo o mundo. Estima-se que 600 milhões de pessoas adoeçam depois de ingerirem alimentos contaminados em todo o mundo, e que 420 mil pessoas morram por essas doenças a cada ano. No Brasil, o patógeno mais prevalente encontrado em surtos de origem alimentar é a Salmonella, seguido pelo Staphylococcus. Estes microrganismos são geralmente transmitidos aos seres humanos por meio do consumo de alimentos contaminados como carnes, aves, ovos, leite, cremes, tortas recheadas com cremes, queijos, dentre outros e podem ser detectados por meio de análises microbiológicas.

Uma das formas de controle das doenças transmitidas por estes patógenos é o uso de antibióticos, mas em razão de seu uso difundido e frequente, tem ocorrido um aumento da resistência microbiana a estes compostos, o que leva à necessidade de encontrar novos produtos para substituírem os já existentes.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a resistência microbiana a antibióticos está entre as 10 principais ameaças para a saúde em 2019, além de diminuir a eficiência dos medicamentos, a presença de resíduos nos alimentos pode causar efeitos indesejáveis, como alergias nos seres humanos e animais, além de causar impactos negativos ao  meio ambiente.

Por isso, explica a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente Sonia Queiroz, substâncias bioativas derivadas de plantas, dentre estas as provenientes dos óleos essenciais, encontrados nas folhas, flores, frutos, cascas, caules, raízes e sementes, são cada vez mais estudados. 

A atividade biológica do óleo essencial é diretamente dependente da sua composição química, que é influenciada pelo clima, estação do ano, condições geográficas, período de colheita, da técnica de extração, características do solo, dentre outras. 

Utilização

A bolsista do Departamento de Engenharia Ambiental da Faculdade de Jaguariúna Raquel Andrade Eschionato explica que o potencial de aplicação desses óleos no controle dos patógenos estudados é enorme. "Um dos possíveis usos dos óleos e/ou componentes isolados, que apresentaram melhores atividades, é na confecção de embalagens bioativas de liberação controlada e na formulação durante o desenvolvimento de novos produtos alimentícios, a fim de controlar ou inibir a proliferação desses microrganismos".  

Para conhecer os compostos presentes nos óleos estudados, foram realizadas análises pela técnica de cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (GC-MS) para  caracterização dos óleos essenciais. Segundo a analista Débora Cassoli, foram obtidos resultados para o óleo essencial de orégano, onde os componentes majoritários foram carvacrol (69,1%) e p-cimeno (18,8%), para o óleo essencial de  tomilho os principais compostos foram timol (45,5%) e p-cimeno (35,6%) e para o  óleo essencial de  alecrim-pimenta foram detectadas as presenças em maior quantidade de timol (77,2%) e p-cimeno (14,2%). 

Em estudos futuros pode-se comprovar o efeito inibitório dos patógenos estudados por esses óleos essenciais selecionados em diversos tipos de alimentos, o que atenderá a grande demanda por alimentos mais seguros e saudáveis para seres humanos e animais.

Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)
Embrapa Meio Ambiente

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