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25/03/22 |   ILPF

Produtores e extensionsistas trocam experiências sobre os sistemas ILPF no Pará

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O encerramento da capacitação sobre Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta no âmbito do programa Territórios Sustentáveis, nessa quinta-feira (24), foi marcado pela troca de experiências entre produtores, técnicos e pesquisadores. Dividida em três módulos, a capacitação reuniu 27 técnicos extensionistas que atuam nas regiões Sul e Sudeste do Pará.

O curso abordou conceitos e modalidades dos sistemas; implantação e manejo dos componentes lavoura, pecuária e floresta; conforto e sanidade animal, boas práticas agropecuárias, além de clima, aspectos socioeconômicos e de financiamento dos sistemas. No último módulo, o produtor rural Murilo Zancaner, da fazenda Elizabeth, e o gestor em agronegócios Marcus Ubiratan, do grupo Mogiguaçu, ambos localizados no município de Paragominas, região Nordeste Paraense, contaram suas experiências com o uso dos sistemas ILPF.

Os participantes foram técnicos da Empresa de Assistência e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater-PA), Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio), Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário (Sedap), Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme) e das prefeituras de São Felix do Xingu, Água Azul do Norte, Ourilândia e Tucumã.

Experiências exitosas

Os primeiros passos da integração entre lavoura e pecuária na Fazenda Elizabeth, localizada em Paragominas, foram dados em 2001 quando o produtor introduziu o capim na área de agricultura de grãos para a produção de matéria orgânica, visando o plantio direto. Os animais entraram posteriormente no sistema. Atualmente a fazenda tem 2.400 hectares de integração lavoura-pecuária (ILP).

Rede ILPF, uma parceria público-privada da Embrapa com empresas do segmento agropecuário e de fomento, estima que o Brasil tenha hoje em torno de 17 milhões de hectares de ILPF -em uso nas diferentes regiões do país. Na Região Norte, os sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta estão em cerca de 1 milhão e 600 mil hectares. E no estado do Pará são 650 mil hectares, o que corresponde a quase 5% das áreas sob uso agropecuário no estado.

“É uma tecnologia indispensável para o estado do Pará. Se você não integrar o cultivo de grãos com a palhada do capim, por exemplo, você não tem uma produtividade que dê um bom retorno”, afirma. Ele acrescenta ainda que com o sistema de integração o gado fica manso, é bem tratado e a qualidade da carne é melhor do que no confinamento.

Zancaner ressaltou a importância de mostrar aos agricultores os resultados obtidos com a integração, como a diversificação da produção, o aumento da renda e a sustentabilidade em torno da atividade. “A fazenda está de portas abertas para técnicos e produtores que queiram conhecer melhor o sistema implantado no local. Ver os resultados em áreas de sistemas integrados é a forma mais fácil de convencer qualquer produtor a adotar a tecnologia. É importante que o produtor saiba que não vai ter prejuízo, só benefícios com a adoção da integração”, ressaltou.

Para Marcus Ubiratan, que gerencia três fazendas do grupo Mogiguaçu, localizadas também no município de Paragominas, existe tecnologia disponível para aumentar a produtividade sem a necessidade de avançar sobre novas áreas. “É um caminho sem volta. Não tem como abrir novas áreas para produzir mais. O pecuarista que quer ampliar sua produção precisa ser antes um agricultor”, afirmou.

As fazendas têm sistemas agrossilvipastoris que integram o cultivo de grãos à pecuária para corte e leite e à silvicultura com o eucalipto. O componente florestal, como explica Ubiratan, atua na ciclagem de nutrientes, no conforto animal e promove um ganho de peso 15% maior quando comparado aos animais a pleno sol. Além disso, a sombra gerada pelas árvores dá mais conforto aos trabalhadores de campo.  

Para a pesquisadora Célia Azevedo, da Embrapa Amazônia Oriental, o módulo de ILPF trouxe aos técnicos informações para o planejamento dos sistemas, escolha e manejo dos componentes lavoura, pecuária e florestal, considerando as condições edafoclimáticas, de mercado e de oportunidades da região. “E o bate-papo realizado entre técnicos, pesquisadores e produtores foi um grande diferencial, pois possibilitou uma troca muito rica de experiências e ressaltou a importância de se estimular a adoção dessa tecnologia pelos agricultores familiares”, acrescenta.

Territórios Sustentáveis

A capacitação em ILPF envolveu três módulos de conteúdos ao longo dos meses de fevereiro e março. Trata-se da sexta capacitação promovida pela Embrapa Amazônia Oriental no âmbito do programa Territórios Sustentáveis, que é coordenado pelo governo do Pará.

O objetivo do programa é levar tecnologias sustentáveis à região dos municípios de São Félix do Xingu, Tucumã, Ourilândia do Norte e Água Azul do Norte por meio da capacitação de técnicos extensionistas, da instalação de vitrines tecnológicas e de dias de campo como foco na restauração florestal e melhoria da condição produtiva da agricultura familiar no estado.

A próxima capacitação, marcada para a primeira semana de abril, terá como tema a pecuária de leite e carne sustentáveis.

 

Ana Laura Lima (MTb 1268/PA)
Embrapa Amazônia Oriental

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