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RIW: Inovação transformativa na agricultura é necessária para redução das desigualdades sociais
Com uma programação extensa voltada à inovação aplicada a diversas vertentes, do agronegócio e da economia até o cinema e a literatura, o Rio Innovation Week atraiu um público tão diverso e múltiplo quanto seus números: 3 mil palestrantes, 2,5 mil startups, 28 palcos simultâneos, 350 expositores. E quem esteve no Pavilhão Agro no dia da abertura do evento pôde conferir a palestra da pesquisadora Cristhiane Amâncio, chefe-geral da Embrapa Agrobiologia, que falou sobre inovação transformativa para a superação das desigualdades sociais.
“Em tese, as inovações transformativas são soluções que criam valor social e são preocupadas com o desenvolvimento local. Esse desenvolvimento local ocorre a partir do compartilhamento da riqueza gerada por um determinado produto ou serviço inovador, favorecendo acesso a bens e serviços públicos, garantia de direitos, oportunidades e aumento das capacidades locais como estratégia das pessoas construírem a sua própria autonomia”, explica.
Pesquisadora em sociologia rural, Cristhiane avalia que uma inovação só pode ser caracterizada como tal se ela fizer sentido na vida das pessoas e for incorporada no dia a dia, permitindo a transformação de uma realidade. E isso só é possível a partir do atendimento a critérios que reflitam as necessidades dentro dos grupos sociais, a prioridade e a urgência, o conhecimento compartilhado e a legitimidade do problema identificado, na busca de soluções plausíveis. “A inovação social prescinde de ser transformadora”, sentencia, lembrando que a pesquisa agropecuária e sua aplicação nas comunidades passa por diferentes campos, desde pensar nos insumos que subsidiam a produção, no clima, no ambiente, no consumidor e no próprio trabalhador rural até nas máquinas e implementos.
Ela destaca também que, para transformar efetivamente uma realidade, é preciso repensar o desenho das iniciativas já existentes, buscando impactar positivamente na vida das pessoas, escutando as comunidades para entender o que precisa ser melhorado e avaliando a viabilidade de implantação da referida inovação. “Se a gente está falando de uma inovação para transformar a realidade de um determinado microgrupo social ou de um impacto na transformação dos sistemas agroalimentares, a gente precisa entender quais são as métricas que precisam ser estabelecidas, pensando sempre na geração de renda, na superação de desigualdades e na diminuição da penosidade do trabalho, entre outros fatores”, diz.
Desafios contemporâneos
Além disso, os desafios atuais relacionados sobretudo à insegurança alimentar, à fome e à geração de renda são grandes. “Quando a gente fala de superação de desafios contemporâneos, sabemos que a inovação transformativa vai além de solucionar o problema no sentido estrito, mas também vai no sentido de aumentar a produtividade, diminuir o estresse à seca, melhorar a qualidade da água, gerar uma nova máquina ou implemento, mas que contribuam para a superação das desigualdades.”
Dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO-ONU) apontam que cerca de 733 milhões de pessoas passaram fome no ano passado, o equivalente a uma em cada 11 pessoas no mundo. “Se a gente seguir nessa tendência, teremos, nos próximos cinco ou seis anos, 582 milhões de pessoas em situação de desnutrição – e isso significa impacto no Estado, pois implica no aumento do custo de sobrevivência dos grupos humanos enquanto sociedade. Essa conta chega para alguém – e esse alguém geralmente é o Estado, que, por sua vez, sobrevive a partir da arrecadação de impostos. Então é uma relação cíclica: trabalhar para o bem comum significa também minimizar os custos de sobrevivência do ser humano”, afirma Cristhiane.
Para além da insegurança alimentar, que implica não só na quantidade de calorias ingeridas mas também na sua qualidade e na possibilidade de acesso aos alimentos e tempo para processá-los, outro grande desafio contemporâneo citado pela pesquisadora refere-se às mudanças climáticas, envolvendo o uso consciente da água e o manejo do solo. Encarar esses desafios e buscar alternativas para ultrapassá-los, segundo ela, perpassa pela necessidade de pensar em estratégias diferentes de organizar as redes de pesquisa e extensão, e, ainda mais detalhadamente, estabelecer métricas para monitorar e avaliar os impactos dessas inovações tanto na comunidade quanto na diminuição da desigualdade social. “Os elementos para identificar o impacto do processo ou do resultado da inovação social estão diretamente ligados à percepção do próprio grupo sobre o que é essa inovação e o que ela transforma”, finaliza.
Sobre o Rio Innovation Week
O Rio Innovation Week foi realizado no Pier Mauá, no Rio de Janeiro, entre os dias 13 e 16 de agosto. A Embrapa esteve presente, levando uma série de soluções tecnológicas e informações em seu estande, dentre tecnologias, ativos, projetos ou programas das três unidades da Empresa no Estado – Embrapa Agrobiologia, Embrapa Agroindústria de Alimentos e Embrapa Solos – além da Embrapa Meio Ambiente (SP), da Embrapa Agricultura Digital (SP), da Embrapa Soja (PR) e da Embrapa Gado de Leite (MG). Veja aqui.
Além disso, outras palestras de representantes da Empresa marcaram os outros dias do evento, abordando como temas a agregação de valor da produção agropecuária no Estado, a iniciativa do Polo de Inovação Tecnológica do Agronegócio no Rio de Janeiro (PITEC Agro) e fontes alternativas na produção de fertilizantes.
Liliane Bello (MTb 01766/GO)
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