As discussões sobre mudanças climáticas globais e gases de efeito estufa (GEE) tomaram proporções significativas durante a década de 1990 e o início dos anos 2000 devido ao aumento das concentrações antrópicas de GEE, ou seja, dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) na atmosfera . A dinâmica de carbono (C) e, consequentemente, seu balanço, estão relacionados à mineralização de nitrogênio (N), incorporado no solo também pelas plantas de cobertura, principalmente as espécies com potencial de fixar N como as leguminosas e algumas gramíneas, a exemplo de Brachiaria spp. O efeito de plantas de cobertura em sistemas integrados sobre a mitigação de N2O ainda é pouco conhecido, já que a decomposição dos resíduos vegetais pode aumentar as emissões desse gás traço à medida que mais N é disponibilizado no solo. Assim, o objetivo geral deste projeto é estimar o balanço de C e avaliar fluxos de N2O do solo, além da modelagem de C, em sistemas integrados com o uso de cultivo de safrinha e plantas de cobertura em plantio direto de longa duração no Cerrado. O cerrado com vegetação natural será a área de referência do estudo. O clima da região é tropical chuvoso, segundo classificação de Köppen. O período de chuvas estende-se de outubro a abril, com precipitação média anual de 1400 a 1600 mm, sendo que 80% das precipitações pluviométricas concentram-se no período de novembro a abril, com temperatura média de 21°C. O solo é classificado como latossolo vermelho distrófico, de textura argilosa. Serão analisados os seguintes atributos do solo: teores e estoques de C e de N total; teores de N na forma de nitrato (N-NO3-) e na forma de amônio (N-NH4+); fracionamento de C e N; eficiência de nitrogênio pela técnica de 15N e abundância natural de 13C e 15N; perdas de N na decomposição; C e N da biomassa microbiana (CBM e NBM); e atividade enzimática e fluxos de N2O do solo. Os resultados obtidos no projeto devem subsidiar o governo brasileiro para cumprir o acordo de Paris sobre o Clima (COP 21), visando atingir a meta de redução das emissões de GEE e contribuir para a formulação de políticas públicas sobre mitigação e adaptação às mudanças climáticas, tais como o programa Agricultura de Baixo Carbono (Programa ABC).