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Artigo: Coronavírus restringe colheita e limita processamento de raiz de mandioca

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Cepea, 30/04/2020 – Nesta quinta edição do especial temático de “Coronavírus e o Agronegócio”, pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, avaliam os impactos da pandemia sobre os mercados nacionais de mandioca, fécula e farinha. 

Este início do segundo trimestre de 2020 é um período marcado por intensificação da colheita de raiz de mandioca no Centro-Sul. Assim, em boa parte de abril, produtores que ainda dispõem de áreas de mandioca com idade entre um ciclo e meio e dois ciclos e os que têm interesse em liberar áreas arrendadas seguiram intensificando a colheita. Pesquisadores do Cepea ressaltam, contudo, que a colheita exige elevada quantidade de mão de obra e, com as indicações de isolamento social, a oferta de trabalhadores tem restringido o ritmo das atividades.
Entretanto, muitos produtores já se deparam com o menor interesse por parte da indústria. Como as vendas de derivados estão em queda, parte das unidades limita a moagem, por meio de redução nos turnos de trabalho, ou já está com as atividades suspensas.
Nesse contexto, pesquisadores do Cepea indicam que produtores se atentam aos possíveis cenários futuros. Desde 2019, a margem de lucro dos produtores já estava em queda. Ao mesmo tempo, os preços de outras culturas se mostram mais atrativos, como é o caso de grãos e boi gordo. Assim, de acordo com mandiocultores consultados pelo Cepea, considerando-se os impactos do coronavírus, deve haver forte diminuição no plantio de mandioca para a temporada 2020/2021 – no Paraná, por exemplo, há registros de quebras de contratos de arrendamentos.

Fécula – As indicações de isolamento têm prejudicado fortemente a maioria dos mercados que consome fécula de mandioca e outros ingredientes como insumo. Agentes da indústria de fécula apontam que as vendas cederam em intensidade maior que a produção, resultando em aumento de estoques nas fecularias. Desde o período de intensificação do isolamento social em vários estados até a semana entre 20 e 24 de abril, houve aumento de 42% nos estoques de fecularias e de modificadoras de amido, os quais já superam, inclusive, os de igual período de 2019. 
Dados levantados pelo Cepea mostram que, na parcial deste ano, os preços de fécula, em termos reais, cederam 28,3%, sendo que 12,9% ocorreram desde meados de março. Como comparação, no mesmo período do ano passado (entre final de 2018 e 26 de abril de 2019), as cotações da fécula de mandioca cederam 10,4% em termos reais.

Farinha – A farinha de mandioca é um dos alimentos mais consumidos no Brasil. Entretanto, o dispêndio para sua aquisição e consumo domiciliar representou apenas 0,4% do total, segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares em 2017-2018, do IBGE. Ainda assim, como em um contexto agregado é considerado um bem inferior do ponto de vista econômico, tendo em vista que a demanda pelo produto tende a decrescer conforme aumenta a renda da população e, considerando-se que há expectativa de redução da renda da população nos meses seguintes, pode ser um dos produtos que venham a ganhar mercado. Vale lembrar que o comportamento dos consumidores se altera na medida em que se verificam mudanças no padrão de renda. 

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Confira também:
“Coronavírus e o Agronegócio” – Volume 1: Setores do agro mais dependentes da demanda doméstica devem ser os mais prejudicados pelos efeitos do coronavírus
“Coronavírus e o Agronegócio” – Volume 2: Impactos no PIB e no mercado de trabalho do agronegócio
“Coronavírus e o Agronegócio” – Volume 3: Da indústria ao campo, coronavírus prejudica toda a cadeia algodoeira
“Coronavírus e o Agronegócio” – Volume 4: Em busca de abastecimento diante de coronavírus, varejo intensifica compras de arroz e preço atinge recorde nominal

 

Outras informações: http://www.cepea.esalq.usp.br/, por meio da Comunicação Cepea e com o professor Lucilio Alves: cepea@usp.br

 

 

Léa Cunha (DRT-BA 1633)
Embrapa Mandioca e Frutcultura

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