Terras Pretas de Índio (TPI) é a denominação regional na Amazônia para os solos que apresentam horizontes superficiais escuros. Estudos demonstraram que a origem destes horizontes é antrópica (resultante de ação humana), ocasionada principalmente pelo acúmulo de resíduos orgânicos e uso do fogo na sua carbonização. As TPIs apresentam também elevada fertilidade, contrastando com os solos adjacentes, destacando-se os altos teores de fósforo, cálcio, zinco e manganês, além dos elevados estoques de carbono orgânico nestes solos, com estimativa de até cem vezes superiores aos solos adjacentes. As TPIs também se caracterizam por apresentarem artefatos cerâmicos pré-colombianos, corroborando sua origem antrópica. Este tema tem sido estudado por diversos grupos de pesquisa, com destaque em publicações em importantes revistas científicas internacionais, como Nature e Science, por exemplo; com a publicação de quatro livros específicos sobre este tema; e um grande número de citações em jornais e revistas de todo o mundo. No último Congresso Mundial de Solos e na última Reunião Brasileira de Fertilidade do Solo foram realizados simpósios específicos sobre as TPIs. Apesar do intenso debate sobre o tema, a maioria dos estudos abordaram unicamente aspectos de caracterização do solo, nas diferentes especialidades da ciência. Estes estudos foram feitos com metodologias não padronizadas e em áreas distintas, dificultando a criação de modelos da sua formação e evolução. Nesse contexto, o objetivo deste projeto foi caracterizar de forma detalhada, numa mesma área de TPI, os diferentes aspectos envolvidos na sua formação e evolução, indo da caracterização arqueológica, geoquímica, pedológica, química, física e biológica, incluindo a diversidade botânica (herbáceas) e micro e macrofauna (oligoquetas).