07/11/16 |   Agroecologia e produção orgânica

Hortas em transição agroecológica garantem o sustento de produtores rurais

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

Foto: Nicoli Dichoff

Nicoli Dichoff - Agricultores de assentamento em MS aprimoram plantios livres de produtos químicos

Agricultores de assentamento em MS aprimoram plantios livres de produtos químicos

As vendas começaram cedo, assim que os primeiros produtos foram expostos. Na edição da Feira de Produtos em Transição Agroecológica realizada na Embrapa Pantanal em Corumbá (MS), quase tudo foi vendido logo no início da manhã. "A gente está atendendo a uma reivindicação antiga dos funcionários da unidade, que é trazer para cá os alimentos agroecológicos que estimulamos os agricultores a produzir nos assentamentos", diz o pesquisador Alberto Feiden, da Embrapa Pantanal. Ele e Edgar da Costa, professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, orientam atualmente o trabalho do coletivo conhecido como "Grupo Bem Estar" – formado por famílias do Assentamento 72, em Ladário (MS), que relatam com orgulho sua jornada na agroecologia.

Felipe Cristaldo, um dos produtores do grupo, conta que não foi fácil começar o trabalho, já que havia pouca estrutura nos sítios (principalmente no que diz respeito ao preparo das terras e irrigação). Além de encontrar maneiras de prover água para as culturas e protegê-las do sol forte da região, por exemplo, os agricultores adquiriram conhecimento para produzir sem agrotóxicos, adubos químicos ou sementes transgênicas. "Na época, não produzíamos nada. Faltava água. Quando começamos a trabalhar em grupo, vimos que a nossa vida foi melhorando. Antes, a gente vivia da venda do leite. Chegava o tempo da seca e a gente passava até necessidade porque não tinha outra fonte de renda. Hoje, não. Hoje, a nossa vida mudou bastante".

Seu Luiz do Espírito Santo também ajudou a iniciar o processo de transição para a horta agroecológica no assentamento. Hoje, a realização de plantios estratégicos, que consideram a realidade do consumidor, rendeu a ele e a outros produtores a tão desejada estabilidade financeira. "Eu trabalho com variedade. Tem mês em que eu planto quiabo, milho verde... depende do que não tem no mercado", diz. A agricultora Jolvania de Souza também tem suas preferências de plantio: "hortaliças folhosas. Cheiro verde, alface, rúcula... tudo o que a gente leva na feira, a gente vende", conta, sorrindo. Ramon Pires, que lidera o grupo atualmente, ressalta: "Nós temos verduras, ervas medicinais, temos de tudo. Nosso trabalho lá é difícil, mas a gente vai vencendo. O negócio é continuar".

No Assentamento 72, Alberto e Edgar aplicaram uma metodologia conhecida como ´pesquisa em meio real´. "Trabalhamos nas condições dos agricultores, em um sistema de pesquisa participativa. A gente quebra um pouco essa ideia de que a informação precisa de um projeto de extensão para chegar até o campo. Passamos por essas etapas juntos e, com a feira, estamos indo para um outro estágio – o de levar os produtos para o consumidor final", diz. As parcerias com outras instituições também foram fundamentais, completa o pesquisador. "Principalmente com a UFMS, mas também temos uma parceria forte com a Agência Estadual de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) e com a Prefeitura Municipal de Ladário através da Fundação de Meio Ambiente. Contamos, ainda, com o apoio do Sebrae, do Senar e outros parceiros".

Os produtos em transição agroecológica do Grupo Bem Estar são expostos semanalmente na feira livre realizada em Ladário, às quartas e sábados, e todas as terças na UFMS desde maio deste ano. O professor Edgar fala com carinho da trajetória dos agricultores do Assentamento 72, que encontraram na agroecologia uma forma de gerar renda e fortalecer a autoestima dos trabalhadores rurais da região. "Eles não conseguiam falar em público. Hoje, a gente observa que o grupo participa, pede a palavra e fala com muito orgulho das suas conquistas. Eles saíram de uma condição de parca produção para uma situação de evidência na cidade por produzir saúde – e ganhar dinheiro com isso", afirma. "Esses canais são bastante importantes para que a cidade possa comprar alimentos seguros e para que os agricultores possam vendê-los".

Na Embrapa Pantanal, a Feira de Produtos em Transição Agroecológica será realizada durante o período da manhã na primeira sexta-feira de cada mês. A ação é aberta ao público.

 

Nicoli Dichoff (MTb 3252/SC)
Embrapa Pantanal

Contatos para a imprensa

Telefone: +55 (67) 3234-5957

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

Galeria de imagens

Notícias