Manejo sustentável do açaí fortalece comunidades no Marajó
Foto: Ronaldo Rosa
Agroextrativistas de Breves (Marajó, PA) que participaram das capacitações sobre o Manejo de Mínimo Impacto de Açaizais Nativos
Mais açaí, mais alimento e mais biodiversidade nas florestas de várzea. Esses são alguns benefícios gerados a partir do Manejo de Mínimo Impacto de Açaizais Nativos, tecnologia desenvolvida pela Embrapa e adotada em comunidades da região do Marajó, no estado do Pará. Mais de 5 mil agroextrativistas já participaram de cursos sobre o manejo, que atualmente conta com o apoio do projeto Sustenta e Inova, coordenado pelo Sebrae em parceria com a Embrapa e financiado pela União Europeia.
“Antes tínhamos açaizais que estavam muito fracos, improdutivos e com difícil acesso. Após trabalhar o manejo de mínimo impacto, podemos ver com os próprios olhos que a área mudou totalmente. Aumentou a produtividade, a área ficou mais acessível e segura para quem colhe o açaí. Está dando muito certo, temos um açaí maravilhoso de total qualidade e rendimento”, afirma Maria Oneide Alves Mendes, agroextrativista (Portel, PA).
“Faço o manejo há três anos e a produtividade está começando a aumentar. Mas já sentimos uma grande diferença, principalmente na qualidade do açaí. Antes tínhamos um fruto mais ressecado e isso mudou totalmente”, detalha Telma Lacerda Gomes, agroextrativista (Portel, PA).
“O manejo fez toda a diferença no açaizal. A produtividade aumentou bastante, os cachos são grandes e as palmeiras ficaram mais baixas, facilitando a colheita. Melhorou muito para mim e para a comunidade”, ressalta Anízio Gomes Filho, agroextrativista (Portel, PA)
Manejar para produzir
O Manejo de Mínimo Impacto de Açaizais Nativos preconiza o equilíbrio entre os açaizeiros e outras espécies de palmeiras e árvores presentes nas áreas manejadas. A técnica proporciona o aumento da produtividade dos açaizais de 1 t/ha/ano para 3 a 6 t/ha/ano a partir do terceiro ano de manejo e mantém a biodiversidade nas florestas de várzea.
“O manejo contribui para uma mudança de paradigma na restauração da floresta. Busca-se o aumento da biodiversidade dentro das áreas para a promoção de ciclagem de nutrientes, e isso rebate na produtividade”, afirma o pesquisador Anderson Sevilha, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF), coordenador do projeto Sustenta e Inova na instituição.
Engenheiro florestal Antônio Leite (de capacete vermelho), da Embrapa Amazônia Oriental (PA), ministrando treinamento para agroextrativistas de Bagre (Marajó, PA). Foto: Ronaldo Rosa
O vídeo mostra o resultado das capacitações sobre o Manejo de Mínimo Impacto de Açaizais Nativos realizadas pela Embrapa Amazônia Oriental com agroextrativistas da comunidade do Rio Pracuúba Grande, município de São Sebastião da Boa Vista (Marajó, PA), que atuam junto à empresa Polpa Norte na comercialização de frutos do açaí.
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Benefícios que vão além da produção
O projeto Sustenta e Inova dá continuidade à trajetória do Bem Diverso, que atua na região desde 2019, e atualmente se configura como um programa, de acordo com Sevilha. Um dos grandes legados desse trabalho foi a criação do Manejaí, em Portel, centro de referência em manejo, conservação e restauração de agroecossistemas.
A iniciativa, fruto da articulação entre pesquisa, extensão rural e comunidades, está presente em quatro municípios no Marajó (Portel, Muaná, Salvaterra e Breves) e já formou 131 agentes facilitadores, entre técnicos e agroextrativistas, que levam o Manejo de Mínimo Impacto às populações ribeirinhas da região. “O Manejaí atua também no empoderamento de mulheres e jovens da comunidade, fortalece as relações tradicionais e promove o protagonismo e o desenvolvimento das capacidades locais”, destaca Cesar Augusto Andrade, coordenador do escritório da Embrapa no Marajó.
Os benefícios do manejo sustentável vão além do aumento da produtividade e manutenção da biodiversidade, envolvem questões sociais, como afirma Anderson Sevilha. “O movimento em torno do manejo cria um ambiente de discussão e debate sobre direitos humanos, condições de trabalho, segurança alimentar e melhoria nas condições de vida das populações”, finaliza.
Sobre o projeto Sustenta e Inova
O projeto busca desenvolver e implementar práticas agrícolas sustentáveis e inovadoras, além de promover o desenvolvimento das cadeias de valor na Amazônia brasileira. Com atuação na região do Marajó, a Embrapa participa do projeto a partir de capacitações em Manejo de Mínimo de Açaizais Nativos, manejo de produtos florestais não-madeireiros, meliponicultura, piscicultura, beneficiamento de produtos da sociobiodiversidade, produção de alimentos, sistemas agroflorestais, saneamento rural e uso de ferramentas digitais.
Financiado pela União Europeia, Sustenta e Inova é coordenado pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e conta com a parceria da Embrapa, do IPAM, e Cirad (Centro Francês de Pesquisa Agrícola para o Desenvolvimento Internacional).
Ana Laura Lima (MTb 1268/PA)
Embrapa Amazônia Oriental
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